terça-feira, 3 de julho de 2007

Jornalista seqüestrado em Gaza é solto após meses

O correspondente da rede televisão pública britânica BBC na Faixa de Gaza, Alan Johnston, foi libertado hoje depois de ficar mais de 100 dias refém. Ontem, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) prendeu um dos líderes do grupo que o detinha, auto-intitulado Exército do Islã.

Neste momento, o primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do Hamas, destituído pelo presidente Mahmoud Abbas, dá entrevista ao lado de Johnston, tentando faturar politicamente com a libertação.

Desde que o Hamas assumiu o controle de Gaza, depois de uma batalha contra as forças da Fatah (Luta), o partido de Abbas, os Estados Unidos, a União Européia e Israel passaram a apoiar o novo governo nomeado pelo presidente, na esperança de isolar o Hamas.

O Hamas tenta assim mostrar-se como um partido político e um interlocutor válido nas negociações de paz no Oriente Médio, apesar de suas posições linha-dura, como a pregação da luta armada e da destruição de Israel.

Agora Johnston começa a falar: "Foram as piores 16 semanas da minha vida. Sempre com medo. Preso por gente violenta e imprevisível. Depois de duas semanas, me deram um rádio. Pude ouvir a BBC e perceber como criou-se uma rede internacional de solidariedade, e como havia apoio do povo palestino, e especialmente dos jornalistas palestinos, para que eu fosse libertado. O primeiro-ministro Haniyeh, desde o início, disse que eu era um hóspede do povo palestino e que não poderia ser tratado daquela maneira".

"Depois que o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza, os seqüestradores ficaram mais nervosos. Tive uma esperança e acabou dando certo", contou o repórter da BBC.

Haniyeh disse que "isto prova que há cooperação entre todo o povo palestino, e esta cooperação vai nos levar a grandes conquistas e à libertação da nossa terra".

Várias vezes os seqüestradores foram duros e violentos com Johnston, ameaçando sua vida: "Em um momento, eles ficaram furiosos com o andamento das negociações, me amarraram".

Nas últimas semanas, Johnston diz que passou a ter menos medo de morrer. Um porta-voz do Hamas declara que seus homens estavam "acompanhando Johnston há semanas. Poderíamos atacar mas não atacamos. Nossa preocupação era libertar este homem".

A seguir, ele prometeu trabalhar pela união nacional dos palestinos sem impor condições.

O Hamas queria mostrar também que é capaz de controlar a segurança pública, apresentar-se perante o mundo como uma força política responsável. Desde janeiro de 2006, quando o movimento islamita venceu as eleições parlamentares palestinas, os Estados Unidos, Israel e a União Européia passaram a boicotar economicamente a Autoridade Nacional Palestina, alegando que o Hamas é um grupo terrorista.

Veja a cobertura da BBC sobre a libertação de Alan Johnston.

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