O presidente George Walker Bush provocou a ira da oposição democrata hoje, ao perdoar o ex-chefe de gabinete do vice-presidente Dick Cheney, Lewis Libby.
Libby foi condenado a dois anos e meio de prisão por falso testemunho e obstrução de Justiça, no processo sobre o vazamento para a imprensa do nome de uma agente da CIA (Agência Central de Inteligência), Valerie Plame, cujo marido, o embaixador Joseph Wilson, fizera um relatório negando que Saddam Hussein tivesse tentado comprar urânio no Níger.
Dois meses e meio depois da invasão do Iraque, em junho de 2003, quando ficou evidente que não havia armas de destruição em massa no Iraque, como alegara o governo Bush para justificar a guerra, Wilson escreveu artigo no jornal The New York Times dizendo que seu relatório havia sido manipulado.
Para fugir da responsabilidade, Bush citou a suposta compra de urânio no Níger na discurso sobre o Estado da União, em janeiro de 2003, atribuindo a informação ao serviço secreto do Reino Unido e seu leal aliado Tony Blair encampou a mentira.
Revoltados, os democratas denunciaram a manobra como abuso de poder. Para o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, foi uma "desgraça". Já o presidente da Comissão de Justiça do Senado, Patrick Leahy, considerou-a "emblemática de uma Casa Branca que se vê acima da lei".
Mas o perdão não foi total. Libby não vai para a cadeia mas ainda deve pagar multa de US$ 250 mil e ficará em liberdade condicional por dois anos.
A expectativa era que Bush esperava até o último recurso ou deixasse o indulto para depois das eleições presidenciais de novembro de 2008. Mas Libby deveria para a prisão nos próximos dias. Depois das eleições, teria cumprido metade da pena. Bush foi leal a um dos cães de guarda de Cheney, reforçando o manto de sigilo que protege as ações de guerra deste governo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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