A empresa de informática americana Microsoft tomou providências legais para bloquear 50 domínios de Internet que fazem parte da "infraestrutura de comando e controle" usada por um grupo da Coreia do Norte para invadir contas de usuários há quase dez anos, noticiou o jornal inglês Financial Times.
Desde 2018, a Microsoft adotou medidas semelhantes para se defender da pirataria cibernética da China, da Rússia e do Irã. Agora, está ampliando a luta para proteger seus usuários.
Há anos, a empresa Thallium ataca uma variada gama de empregados dos setores público e privado e de organizações não governamentais, entre eles, "indivíduos e organizações que trabalham com a não proliferação nuclear, centros de pesquisa e membros de organizações que lutam pela paz mundial", declarou a Microsoft.
Nos últimos anos, aumentou a preocupação com ataques cibernéticos de agentes estatais contra empresas privadas. A investigação da Microsoft revelou que os primeiros sinais da invasão da Thallium são de 2010, de acordo com a ação movida neste mês na Justiça Federal do estado da Virgínia.
Os hackers usam domínios falsos que simulam ser de empresas como Google, Microsoft e Yahoo para atrair usuários, roubar senhas e assumir o controle dos computadores invadidos. Os ciberpiratas chegam a dirigir usuários para sítios legítimos da Microsoft para roubar senhas sem que eles percebam.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 31 de dezembro de 2019
Bolívia expulsa embaixadora do México e diplomatas da Espanha
O governo interino da Bolívia, que tomou o poder depois da renúncia e fuga do presidente Evo Morales, declarou ontem personas non gratas a embaixadora da Espanha, María Teresa Mercado, os diplomatas espanhóis Cristina Borreguero e Álvaro Fernández, e um grupo de policiais. Todos têm de abandonar o país em 72 horas.
A presidente interina Jeanine Áñez acusou a embaixadora mexicana de "lesar gravemente a soberania do povo e do governo constitucional da Bolívia" ao tentar retirar do país vários políticos ligados ao governo anterior que se refugiaram na sede da representação diplomática. A embaixadora rejeita a alegação.
Em resposta, o governo da Espanha expulsou três funcionários da Embaixada da Bolívia em Madri, o encarregado de negócios, Luis Quispe Condori; o adido militar, Marcelo Vargas Barral; e o policial Orso Fernando Oblitas Siles.
Para proteger os 10 mil mexicanos residentes na Bolívia, o governo do México adotou uma posição cautelosa. O presidente Andrés Manuel López Obrador vai manter um encarregado de negócios, o mesmo status diplomático do representante mexicano na Venezuela.
A presidente interina Jeanine Áñez acusou a embaixadora mexicana de "lesar gravemente a soberania do povo e do governo constitucional da Bolívia" ao tentar retirar do país vários políticos ligados ao governo anterior que se refugiaram na sede da representação diplomática. A embaixadora rejeita a alegação.
Em resposta, o governo da Espanha expulsou três funcionários da Embaixada da Bolívia em Madri, o encarregado de negócios, Luis Quispe Condori; o adido militar, Marcelo Vargas Barral; e o policial Orso Fernando Oblitas Siles.
Para proteger os 10 mil mexicanos residentes na Bolívia, o governo do México adotou uma posição cautelosa. O presidente Andrés Manuel López Obrador vai manter um encarregado de negócios, o mesmo status diplomático do representante mexicano na Venezuela.
Milícia aliada ao Irã tenta invadir embaixada dos EUA no Iraque
Militantes das Brigadas do Partido de Deus (Kataib Hesbolá), aliadas do Irã, tentaram invadir hoje a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, em protesto contra um bombardeio aéreo americano no domingo passado contra cinco bases da milícia que matou 25 milicianos e feriu outros 55.
Os manifestantes jogaram pedras e bombas incendiárias contra o muro alto que cerca a representação americana no Iraque e pediram a retirada total das forças dos EUA do país. Postos policiais que guarnecem a embaixada parecem ter sido incendiados. O presidente Donald Trump responsabilizou o Irã pelos danos.
O bombardeio americano foi uma resposta a um ataque de 30 mísseis contra uma base onde há militares americanos perto da cidade de Kirkuk, no Norte do Iraque. Um funcionário de empresa contratada pelo Departamento da Defesa morreu e quatro soldados dos EUA foram feridos.
Os manifestantes jogaram pedras e bombas incendiárias contra o muro alto que cerca a representação americana no Iraque e pediram a retirada total das forças dos EUA do país. Postos policiais que guarnecem a embaixada parecem ter sido incendiados. O presidente Donald Trump responsabilizou o Irã pelos danos.
O bombardeio americano foi uma resposta a um ataque de 30 mísseis contra uma base onde há militares americanos perto da cidade de Kirkuk, no Norte do Iraque. Um funcionário de empresa contratada pelo Departamento da Defesa morreu e quatro soldados dos EUA foram feridos.
Trump anuncia assinatura de acordo com a China em 15 de janeiro
O presidente Donald Trump revelou hoje que o acordo preliminar na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China deve ser assinado na Casa Branca em 15 de janeiro, na presença de altos funcionários chineses.
Ontem, o jornal South China Morning Post, de Hong Kong, noticiara que o vice-primeiro-ministro Liu He vai a Washington no início de 2020 para firmar o acordo.
Trump acrescentou que deve ir a Beijim no futuro para assinar um segundo acordo que ainda está longe de ser concluído.
Em 13 de dezembro, as duas maiores economias do mundo anunciaram o acordo preliminar, uma trégua no conflito que aumentou as tarifas de importação sobre produtos no valor de meio trilhão de dólares em exportações anuais.
Como parte do acordo, os EUA suspenderam a aplicação de tarifas sobre US$ 156 bilhões em importações anuais da China e reduziram de 15% para 7,5% o imposto de importação sobre produtos chineses importados anualmente no valor de US$ 120 bilhões.
Por sua vez, a China se comprometeu a aumentar a compra de produtos agrícolas dos EUA e a proteção à propriedade intelectual, o que hoje interessa aos chineses, que registram cada vez mais patentes.
Os EUA queriam estabelecer uma meta de US$ 50 bilhões em exportações agrícolas para a China, que resistiu a fixar um valor. A China ficou de aumentar em US$ 200 bilhões em dois anos as importações dos EUA, que antes da guerra comercial estavam em US$ 130 bilhões por ano.
Com o acordo, o Centro Agro Global do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), em São Paulo, estima que o Brasil pode perder até US$ 10 bilhões.
O acordo preliminar, de 86 páginas, não foi publicado. As traduções e revisões finais ainda estão sendo concluídas. O assessor especial da Casa Branca para o comércio internacional, o linha-dura Peter Navarro, prometeu divulgar os detalhes "tão depressa quanto possível".
Para 2020, Navarro prevê o início de negociações com "o Reino Unido, a União Europeia, o Vietnã e quem quer estiver interessado num comércio justo com os EUA".
De qualquer maneira, o acordo preliminar com a China será apenas uma trégua na competição estratégia, econômica, científica, tecnologia e militar entre os dois países mais ricos do mundo pela supremacia mundial.
Ontem, o jornal South China Morning Post, de Hong Kong, noticiara que o vice-primeiro-ministro Liu He vai a Washington no início de 2020 para firmar o acordo.
Trump acrescentou que deve ir a Beijim no futuro para assinar um segundo acordo que ainda está longe de ser concluído.
Em 13 de dezembro, as duas maiores economias do mundo anunciaram o acordo preliminar, uma trégua no conflito que aumentou as tarifas de importação sobre produtos no valor de meio trilhão de dólares em exportações anuais.
Como parte do acordo, os EUA suspenderam a aplicação de tarifas sobre US$ 156 bilhões em importações anuais da China e reduziram de 15% para 7,5% o imposto de importação sobre produtos chineses importados anualmente no valor de US$ 120 bilhões.
Por sua vez, a China se comprometeu a aumentar a compra de produtos agrícolas dos EUA e a proteção à propriedade intelectual, o que hoje interessa aos chineses, que registram cada vez mais patentes.
Os EUA queriam estabelecer uma meta de US$ 50 bilhões em exportações agrícolas para a China, que resistiu a fixar um valor. A China ficou de aumentar em US$ 200 bilhões em dois anos as importações dos EUA, que antes da guerra comercial estavam em US$ 130 bilhões por ano.
Com o acordo, o Centro Agro Global do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), em São Paulo, estima que o Brasil pode perder até US$ 10 bilhões.
O acordo preliminar, de 86 páginas, não foi publicado. As traduções e revisões finais ainda estão sendo concluídas. O assessor especial da Casa Branca para o comércio internacional, o linha-dura Peter Navarro, prometeu divulgar os detalhes "tão depressa quanto possível".
Para 2020, Navarro prevê o início de negociações com "o Reino Unido, a União Europeia, o Vietnã e quem quer estiver interessado num comércio justo com os EUA".
De qualquer maneira, o acordo preliminar com a China será apenas uma trégua na competição estratégia, econômica, científica, tecnologia e militar entre os dois países mais ricos do mundo pela supremacia mundial.
Huawei bate recorde apesar do boicote dos EUA
A companhia chinesa Huawei, maior fabricante mundial de equipamentos de telecomunicações, teve um faturamento recorde de US$ 122 bilhões em 2019, apesar do boicote do governo Donald Trump.
Os Estados Unidos tentam convencer os aliados a não contratar a Huawei para implantar a tecnologia de telecomunicação móvel de quinta geração (5G) por risco de serem espionados pelo regime comunista da China.
O crescimento de 18% ficou um pouco abaixo do esperando, admitiu o presidente da Huawei, Eric Xu. Este foi o mais difícil dos 32 anos da empresa, que no ano passado crescera 19,5%. A diretora financeira, Meng Wanzhou, filha do fundador da companhia, está há um ano em prisão domiciliar em Vancouver, no Canadá. Luta contra um pedido de extradição dos EUA, que a acusam de violar as sanções ao Irã.
Além da prisão da diretora financeira e da lista negra do Departamento do Comércio, que impede a Huawei de vender equipamentos para operadoras americanas, há dois processos criminais contra a empresa na Justiça.
Eric Xu espera mais desafios em 2020. A Huawei não espera ser removida da lista negra de empresas que não podem ter acesso a determinadas tecnologias americanas. Mas vende 240 milhões de telefones inteligentes em 2019 e está investindo em tablets, computadores pessoais e objetos vestíveis.
Os telefones celulares são para o mercado doméstico. Na tecnologia 5G, a Huawei tem contratos com cerca de 40 países. Até agora, só os EUA, a Austrália e a Nova Zelândia vetaram totalmente a companhia chinesa de suas redes 5G.
A Alemanha indicou que não vai excluir a Huawei, enquanto Canadá e Reino Unido não chegaram a uma decisão final.
Os Estados Unidos tentam convencer os aliados a não contratar a Huawei para implantar a tecnologia de telecomunicação móvel de quinta geração (5G) por risco de serem espionados pelo regime comunista da China.
O crescimento de 18% ficou um pouco abaixo do esperando, admitiu o presidente da Huawei, Eric Xu. Este foi o mais difícil dos 32 anos da empresa, que no ano passado crescera 19,5%. A diretora financeira, Meng Wanzhou, filha do fundador da companhia, está há um ano em prisão domiciliar em Vancouver, no Canadá. Luta contra um pedido de extradição dos EUA, que a acusam de violar as sanções ao Irã.
Além da prisão da diretora financeira e da lista negra do Departamento do Comércio, que impede a Huawei de vender equipamentos para operadoras americanas, há dois processos criminais contra a empresa na Justiça.
Eric Xu espera mais desafios em 2020. A Huawei não espera ser removida da lista negra de empresas que não podem ter acesso a determinadas tecnologias americanas. Mas vende 240 milhões de telefones inteligentes em 2019 e está investindo em tablets, computadores pessoais e objetos vestíveis.
Os telefones celulares são para o mercado doméstico. Na tecnologia 5G, a Huawei tem contratos com cerca de 40 países. Até agora, só os EUA, a Austrália e a Nova Zelândia vetaram totalmente a companhia chinesa de suas redes 5G.
A Alemanha indicou que não vai excluir a Huawei, enquanto Canadá e Reino Unido não chegaram a uma decisão final.
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segunda-feira, 30 de dezembro de 2019
Milícias xiitas ameaçam responder a bombardeio americano no Iraque
A confrontação entre os Estados Unidos e o Irã esquenta no Iraque.
As milícias
xiitas Kataib Hesbolá, as Brigadas do Partido de Deus, armadas, financiadas e
treinadas pelo Irã, declararam que bombardeios aéreos realizados ontem pelos
Estados Unidos contra bases do grupo no Iraque e na Síria mataram 25 milicianos
e feriram outros 55.
Um comandante da milícia, Abu Mahdi al-Muhandis, prometeu uma resposta muito dura. O primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdel Mahdi, avisado meia hora antes, tentou impedir o ataque e condenou a ação do governo Donald Trump, alegando que cria o risco de uma escalada perigosa capaz de ameaçar a soberania e a integridade do Irã.
O poderoso partido xiita iraquiano Dawa declarou que o Iraque não é o lugar para um acerto de contas entre Estados Unidos e Irã. O ministro do Exterior do Irã, Mohamed Javad Zarif, chamou o ataque de terrorismo. Meu comentário:
Um comandante da milícia, Abu Mahdi al-Muhandis, prometeu uma resposta muito dura. O primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdel Mahdi, avisado meia hora antes, tentou impedir o ataque e condenou a ação do governo Donald Trump, alegando que cria o risco de uma escalada perigosa capaz de ameaçar a soberania e a integridade do Irã.
O poderoso partido xiita iraquiano Dawa declarou que o Iraque não é o lugar para um acerto de contas entre Estados Unidos e Irã. O ministro do Exterior do Irã, Mohamed Javad Zarif, chamou o ataque de terrorismo. Meu comentário:
Na sexta-feira, a China, o Irã e a Rússia iniciaram manobras militares conjuntas, num desafio à presença militar dos EUA no Oriente Médio.
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domingo, 29 de dezembro de 2019
EUA bombardeiam milícia xiita do Iraque aliada ao Irã
En resposta a um ataque com 30 mísseis contra um quartel do Iraque perto da cidade de Kirkuk onde havia soldados americanos, a Força Aérea dos Estados Unidos bombardeou hoje bases da milícia iraquiana Kataib Hesbolá (Brigadas do Hesbolá), apoiada pelo Irã.
No primeiro ataque, um funcionário de uma empreiteira americana a serviço do Departamento da Defesa morreu e quatro soldados dos EUA saíram feridos. Foi o 11º em dois meses contra bases onde havia pessoal americano no Iraque.
Eram cerca de sete da noite pela hora local (13h em Brasília) quando caças-bombardeiros F-15E cumpriram a missão aprovada sábado à noite pelo presidente Donald Trump. O Pentágono não revelou de onde partiram os aviões.
Foi a primeira vez que os EUA atacaram uma milícia xiita desde que voltaram ao Iraque em 2014 para combater a organização terrorista Estado Islâmico, que é sunita.
Pela avaliação inicial do comando militar americano, todos os cinco alvos escolhidos, três no Iraque e dois na Síria, foram atingidos. Eram arsenais e centros de comando e controle da milícia xiita.
"O Irã e milícias aliadas devem parar de atacar os EUA e as forças da coalizão, e respeitar a soberania do Iraque para evitar ações defensivas adicionais das forças dos EUA", declarou em Washington o porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman.
Há duas semanas, o secretário de Estado, Mike Pompeo, advertiu que os EUA responsabilizam o Irã por qualquer ataque contra alvos americanos por armar, financiar e treinar as milícias, e dariam "uma resposta firme".
Meia hora antes do bombardeio, o secretário da Defesa, Mark Esper, telefonou para o primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdul Mahdi, para avisar sobre o ataque.
O primeiro-ministro xiita tentou dissuadir o chefe do Pentágono alegando que seria "uma violação da soberania do Iraque capaz de levar a uma escalada perigosa que ameaçaria o Iraque e toda a região", de acordo com o porta-voz do governo iraquiano, general Abdul Karim Khalaf.
Abdul Mahdi chegou a alegar que o Iraque não tinha certeza sobre a autoria do ataque, sugerindo que poderia ser do grupo terrorista Estado Islâmico. Tanto o Estado Islâmico quando as milícias xiitas chamadas de Unidades de Mobilização Popular (UMPs) atuam na região de Kirkuk. A escala do ataque levou os EUA a concluir que seriam as milícias xiitas.
Depois da invasão do Iraque para derrubar o ditador Saddam Hussein, em 2003, as forças de ocupação dos EUA foram atacadas por milícias sunitas e xiitas. Nos últimos cinco anos de guerra contra o Estado Islâmico, as milícias xiitas e os EUA tinham um inimigo comum feroz. Esta trégua informal acabou.
A tensão entre EUA e Irã aumenta desde que o presidente Donald Trump abandonou, em 8 de maio de 2018, o acordo nuclear negociado pelo governo Barack Obama, as outras grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Alemanha para evitar que a República Islâmica fabrique armas atômicas.
Para pressionar o Irã a negociar um acordo mais amplo, que também inclua mísseis de médio e longo alcances, o governo Trump faz uma verdadeira guerra econômica contra o país. Com sanções diretas e cruzadas, os EUA tentam zerar as exportações de petróleo iranianas, que caíram de 3 milhões para 600 mil barris por dia.
Sob pressão, com inflação acima de 50% ao ano, recessão e desemprego em alta no Irã, em maio e junho, a Guarda Revolucionária Iraniana fez vários ataques a navios petroleiros no Golfo Pérsico e no Estreito de Ormuz e abateu um drone americano.
Em 14 de setembro, duas instalações petrolíferas importantes da Arábia Saudita foram bombardeadas. A milícia xiita huti, que luta na guerra civil do Iêmen com o apoio do Irã, reivindicou a responsabilidade pelo ataque. Ficou evidente a fragilidade da defesa do setor de petróleo saudita. Um ataque arrasador teria sérias consequências para a economia mundial.
Os EUA não responderam a esses ataques porque nenhum americano foi ferido.
Como há 5 mil soldados americanos e numerosas milícias xiitas ligadas ao Irã no Iraque, há um grande risco de incidentes capazes de provocar uma conflagração maior e até mesmo uma guerra. O regime dos aiatolás e da Guarda Revolucionária não vai atacar diretamente os EUA, mas pode investir contra aliados americanos como a Arábia Saudita e Israel.
Nem Trump, que só pensa na reeleição, nem a ditadura teocrática iraniana quer a guerra. Mas sempre há o risco de que as provocações e retaliações saiam de controle.
No primeiro ataque, um funcionário de uma empreiteira americana a serviço do Departamento da Defesa morreu e quatro soldados dos EUA saíram feridos. Foi o 11º em dois meses contra bases onde havia pessoal americano no Iraque.
Eram cerca de sete da noite pela hora local (13h em Brasília) quando caças-bombardeiros F-15E cumpriram a missão aprovada sábado à noite pelo presidente Donald Trump. O Pentágono não revelou de onde partiram os aviões.
Foi a primeira vez que os EUA atacaram uma milícia xiita desde que voltaram ao Iraque em 2014 para combater a organização terrorista Estado Islâmico, que é sunita.
Pela avaliação inicial do comando militar americano, todos os cinco alvos escolhidos, três no Iraque e dois na Síria, foram atingidos. Eram arsenais e centros de comando e controle da milícia xiita.
"O Irã e milícias aliadas devem parar de atacar os EUA e as forças da coalizão, e respeitar a soberania do Iraque para evitar ações defensivas adicionais das forças dos EUA", declarou em Washington o porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman.
Há duas semanas, o secretário de Estado, Mike Pompeo, advertiu que os EUA responsabilizam o Irã por qualquer ataque contra alvos americanos por armar, financiar e treinar as milícias, e dariam "uma resposta firme".
Meia hora antes do bombardeio, o secretário da Defesa, Mark Esper, telefonou para o primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdul Mahdi, para avisar sobre o ataque.
O primeiro-ministro xiita tentou dissuadir o chefe do Pentágono alegando que seria "uma violação da soberania do Iraque capaz de levar a uma escalada perigosa que ameaçaria o Iraque e toda a região", de acordo com o porta-voz do governo iraquiano, general Abdul Karim Khalaf.
Abdul Mahdi chegou a alegar que o Iraque não tinha certeza sobre a autoria do ataque, sugerindo que poderia ser do grupo terrorista Estado Islâmico. Tanto o Estado Islâmico quando as milícias xiitas chamadas de Unidades de Mobilização Popular (UMPs) atuam na região de Kirkuk. A escala do ataque levou os EUA a concluir que seriam as milícias xiitas.
Depois da invasão do Iraque para derrubar o ditador Saddam Hussein, em 2003, as forças de ocupação dos EUA foram atacadas por milícias sunitas e xiitas. Nos últimos cinco anos de guerra contra o Estado Islâmico, as milícias xiitas e os EUA tinham um inimigo comum feroz. Esta trégua informal acabou.
A tensão entre EUA e Irã aumenta desde que o presidente Donald Trump abandonou, em 8 de maio de 2018, o acordo nuclear negociado pelo governo Barack Obama, as outras grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Alemanha para evitar que a República Islâmica fabrique armas atômicas.
Para pressionar o Irã a negociar um acordo mais amplo, que também inclua mísseis de médio e longo alcances, o governo Trump faz uma verdadeira guerra econômica contra o país. Com sanções diretas e cruzadas, os EUA tentam zerar as exportações de petróleo iranianas, que caíram de 3 milhões para 600 mil barris por dia.
Sob pressão, com inflação acima de 50% ao ano, recessão e desemprego em alta no Irã, em maio e junho, a Guarda Revolucionária Iraniana fez vários ataques a navios petroleiros no Golfo Pérsico e no Estreito de Ormuz e abateu um drone americano.
Em 14 de setembro, duas instalações petrolíferas importantes da Arábia Saudita foram bombardeadas. A milícia xiita huti, que luta na guerra civil do Iêmen com o apoio do Irã, reivindicou a responsabilidade pelo ataque. Ficou evidente a fragilidade da defesa do setor de petróleo saudita. Um ataque arrasador teria sérias consequências para a economia mundial.
Os EUA não responderam a esses ataques porque nenhum americano foi ferido.
Como há 5 mil soldados americanos e numerosas milícias xiitas ligadas ao Irã no Iraque, há um grande risco de incidentes capazes de provocar uma conflagração maior e até mesmo uma guerra. O regime dos aiatolás e da Guarda Revolucionária não vai atacar diretamente os EUA, mas pode investir contra aliados americanos como a Arábia Saudita e Israel.
Nem Trump, que só pensa na reeleição, nem a ditadura teocrática iraniana quer a guerra. Mas sempre há o risco de que as provocações e retaliações saiam de controle.
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sábado, 28 de dezembro de 2019
Caminhão-bomba mata 81 pessoas na capital da Somália
A detonação de caminhão carregado de explosivos matou pelo menos 81 pessoas e feriu outras 149 em Mogadíscio. Foi o vigésimo atentado deste tipo em 2019 na Somália e o mais mortífero em dois anos.
Ao menos 16 mortos eram estudantes da Universidade Banadir. Eles passavam de ônibus pelo local do atentado, num entroncamento movimento do Sudoeste da capital somaliana. Dezenas de feridos foram removidos em macas.
Dois dias depois, a milícia extremista muçulmana Al Chababe (A Juventude) reivindicou a autoria do atentado. Este grupo ataca regularmente a capital da Somália e o governo provisório, que não controla todo o território do país.
Desde a queda do ditador Mohamed Siad Barre, no fim da Guerra Fria, a Somália vive em estado de anarquia, sem um governo central que funcione. A Somalilândia, no Norte do país, praticamente se separou.
Ao menos 16 mortos eram estudantes da Universidade Banadir. Eles passavam de ônibus pelo local do atentado, num entroncamento movimento do Sudoeste da capital somaliana. Dezenas de feridos foram removidos em macas.
Dois dias depois, a milícia extremista muçulmana Al Chababe (A Juventude) reivindicou a autoria do atentado. Este grupo ataca regularmente a capital da Somália e o governo provisório, que não controla todo o território do país.
Desde a queda do ditador Mohamed Siad Barre, no fim da Guerra Fria, a Somália vive em estado de anarquia, sem um governo central que funcione. A Somalilândia, no Norte do país, praticamente se separou.
sexta-feira, 27 de dezembro de 2019
Turquia vai enviar tropas à Líbia
O ditador Recep Tayyip Erdogan anunciou ontem que a Turquia aceitou um pedido de ajuda militar do Governo do Acordo Nacional, o governo da Líbia reconhecido internacionalmente, e vai pedir a autorização para enviar forças ao exterior quando o Parlamento voltar a se reunir, em 2020.
Mesmo que o número de soldados e o tipo de armamento a ser enviados não tenha sido divulgado, a Turquia deve enviar tropas de combate à Líbia. Seria um grande reforço para o Governo do Acordo Nacional, que enfrenta o Exército Nacional da Líbia (ELN), comandado pelo marechal Khalifa Hifter, com o apoio de mercenários russos.
A Turquia apoia há muito tempo o Governo do Acordo Nacional, mas sua entrada na guerra civil da Líbia, assim como o envolvimento da Rússia, tornam o conflito ainda mais complexo e difícil de resolver.
Em abril, o ELN, que domina a região de Bengázi, a segunda maior cidade líbia, no Leste do país, lançou uma ofensiva para tentar capturar a capital, Trípoli. A Líbia vive em guerra civil desde a queda e a morte do ditador Muamar Kadafi, em 2011.
Mesmo que o número de soldados e o tipo de armamento a ser enviados não tenha sido divulgado, a Turquia deve enviar tropas de combate à Líbia. Seria um grande reforço para o Governo do Acordo Nacional, que enfrenta o Exército Nacional da Líbia (ELN), comandado pelo marechal Khalifa Hifter, com o apoio de mercenários russos.
A Turquia apoia há muito tempo o Governo do Acordo Nacional, mas sua entrada na guerra civil da Líbia, assim como o envolvimento da Rússia, tornam o conflito ainda mais complexo e difícil de resolver.
Em abril, o ELN, que domina a região de Bengázi, a segunda maior cidade líbia, no Leste do país, lançou uma ofensiva para tentar capturar a capital, Trípoli. A Líbia vive em guerra civil desde a queda e a morte do ditador Muamar Kadafi, em 2011.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
Rússia e Ucrânia anunciam acordo sobre trânsito do gás
Representantes da companhia russa de gás natural Gazprom e da empresa ucraniana de petróleo e gás natural Naftogaz se reuniram hoje em Viena, na Áustria, para discutir detalhes depois de um acordo preliminar sobre tarifas do trânsito de gás da Rússia pela Ucrânia, anunciado na semana passada.
Falta agora definir os detalhes operacionais para a assinatura de um contrato de trânsito entre as duas ex-repúblicas da União Soviética, envolvidas em conflito desde a anexação da Crimeia e do início de uma guerra fomentada pelo Kremlin no Leste da Ucrânia, em 2014.
O acordo preliminar não será implementado antes que todos os contratos sejam assinados, o que pode ocorrer nesta sexta-feira. Com base nesse acordo, a Rússia deve reduzir o uso dos gasodutos que passam pela Ucrânia nos próximos cinco anos. A Rússia quer fazer seu próprio gasoduto, mas vai depender da Ucrânia por mais alguns anos.
A União Europeia, destino final do gás, a Rússia e a Ucrânia têm interesse em evitar que a falta de um acordo paralise o negócio quando o atual acordo expirar, em 31 de dezembro.
Falta agora definir os detalhes operacionais para a assinatura de um contrato de trânsito entre as duas ex-repúblicas da União Soviética, envolvidas em conflito desde a anexação da Crimeia e do início de uma guerra fomentada pelo Kremlin no Leste da Ucrânia, em 2014.
O acordo preliminar não será implementado antes que todos os contratos sejam assinados, o que pode ocorrer nesta sexta-feira. Com base nesse acordo, a Rússia deve reduzir o uso dos gasodutos que passam pela Ucrânia nos próximos cinco anos. A Rússia quer fazer seu próprio gasoduto, mas vai depender da Ucrânia por mais alguns anos.
A União Europeia, destino final do gás, a Rússia e a Ucrânia têm interesse em evitar que a falta de um acordo paralise o negócio quando o atual acordo expirar, em 31 de dezembro.
EUA consideram retirar forças que combatem terrorismo na África Ocidental
Em mais um
recuo estratégico de sérias consequências para o combate ao terrorismo dos
extremistas muçulmanos e à liderança dos Estados Unidos, o Departamento da
Defesa, o Pentágono, está cogitando reduzir significativamente as forças americanas
estacionadas na África Ocidental e considera até mesmo a possibilidade de uma
retirada total, noticiou na véspera do Natal o jornal The
New York Times.
Uma redução drástica ou uma retirada total das tropas
americanas e sobrecarregar ainda mais as forças da França e dos países
africanos miseráveis que combatem o jihadismo na região do Sahel, ao sul do
Deserto do Saara.
A medida faz parte revisão estratégica e da doutrina de
segurança nacional dos EUA feita pelo governo Trump. Há cerca de 200
mil soldados americanos no exterior. O objetivo é abandonar o combate a grupos
terroristas geograficamente distantes, que em tese não representam uma ameaça
direta aos EUA, e se concentrar na competição estratégica com
grandes potências, no caso, a China e a Rússia.
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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019
China investe bilhões em infraestrutura e treinamento para Olimpíada de Inverno
A República Popular da China está investindo US$ 3,9 bilhões em obras de infraestrutura e treinamento para preparar atletas para a Olimpíada de Inverno de 2022, a ser realizada de 4 a 20 de fevereiro em Beijim e Yanqing.
Em 1996, a China tinha apenas 11 estações de esqui. Vinte anos depois, eram 646. As cidades de Beijim e Zhangjiakou assistiram a uma verdadeira explosão de esportes de inverno. No fim do ano passado, Zhangjiakou tinha 169 pistas de esqui, com um total de 162 quilômetros.
O número de visitantes de estações de esqui chinesas passou de 5,5 milhões em 2009 para 15,1 milhões em 2016. A expectativa para 2022 é que 300 milhões de pessoas pratiquem esportes de inverno.
Em novembro, as autoridades fiscais chinesas anunciaram que a renda obtida durante os Jogos de Inverno de 2022 será isenta de impostos. Se necessário, o regime chinês vai usar canhões de neve para garantir a quantidade suficiente para a prática de esportes de inverno.
Em 1996, a China tinha apenas 11 estações de esqui. Vinte anos depois, eram 646. As cidades de Beijim e Zhangjiakou assistiram a uma verdadeira explosão de esportes de inverno. No fim do ano passado, Zhangjiakou tinha 169 pistas de esqui, com um total de 162 quilômetros.
O número de visitantes de estações de esqui chinesas passou de 5,5 milhões em 2009 para 15,1 milhões em 2016. A expectativa para 2022 é que 300 milhões de pessoas pratiquem esportes de inverno.
Em novembro, as autoridades fiscais chinesas anunciaram que a renda obtida durante os Jogos de Inverno de 2022 será isenta de impostos. Se necessário, o regime chinês vai usar canhões de neve para garantir a quantidade suficiente para a prática de esportes de inverno.
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
Etiópia foi o país que mais cresceu nos anos 2010
Segundo país mais populoso da África, com 112 milhões de habitantes, atingido por uma fome em massa nos anos 1980, a Etiópia foi o país que mais cresceu na década. Desde 2009, o produto interno bruto etíope aumentou 146,7%, enquanto a renda por pessoa subiu 149%, noticiou o jornal inglês Financial Times.
A Etiópia é um dos países que dobrou sua produção e renda nesses dez anos, ao lado de gigantes como a China e a Índia e pequenos países. Em segundo lugar no ranking do crescimento ficou o Turcomenistão, seguido de Nauru, Mongólia, China, Laos, Índia, Ruanda, Gana e Camboja.
Sob guerras civis, a produção da Líbia caiu 71% e a do Iêmen 36%. Na Síria e na Venezuela, a situação é tão dramática que o Fundo Monetário Internacional (FMI) parou de coletar dados. A queda no PIB da Venezuela é estimada em pelo menos 50%.
A renda média também caiu na Grécia, na Guiné Equatorial, na República Centro-Africana, no Sudão, no Timor Leste e em Trinidad-Tobago.
Todos os países vencedores "têm ligações com a China ou adotaram o modelo de desenvolvimento chinês", observa Charles Robertson, economista do banco de investimentos Renaissance Capital, um fundo de investimento especializado em mercados emergentes.
É um modelo de desenvolvimento baseado em governos autoritários e grandes investimentos estatais em infraestrutura como estradas, aeroportos, geração e transmissão de energia, e na indústria manufatureira.
Com investimentos públicos de 40% do PIB, a Etiópia explorou o potencial hidrelétrico dos rios Nilo Azul e Omo. Também usa as barragens para irrigação e aumento da produção agrícola.
O primeiro-ministro Abiy Ahmed, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2019, está fazendo reformas liberais e privatizações para atrair capital estrangeiros que enfrentam forte resistência interna.
Também na África, Gana, a antiga Costa do Ouro, descobriu o ouro negro em 2007, com o campo de petróleo Jubileu, mas o excesso de gastos públicos elevou a dívida interna para 60% do PIB, o que já começa a travar a economia.
Ruanda, onde um genocídio matou 800 mil pessoas em 1994, adotou um modelo de crescimento autoritário favorável ao capital estrangeiro comparável ao de Cingapura.
"Eles usaram cada dólar para construir um centro de conferências, hotéis, um bom aeroporto e boas estradas", comentou Robertson. Também melhoram o ambiente de negócios, cortando as taxas de juros e a burocracia.
Há suspeitas sobre as estatísticas de países como Ruanda e o Turcomenistão. Esta antiga república soviética teve um salto de 130% no PIB. Só ficou atrás da Etiópia, o que se atribui à exploração de jazidas de gás natural importado pela China com sua demanda crescente por energia.
O Camboja e o Laos ampliaram a produção industrial, seguindo o exemplo do vizinho Vietnã, e se beneficiam do aumento do turismo.
Bangladesh progrediu com o desenvolvimento da indústria têxtil com o mesmo modelo de crescimento com base num Estado autoritário e investimento público. O problema seria o excesso de endividamento, mas o país tem um bom nível de poupança.
Para Bangladesh, o desafio é ir além da indústria têxtil, que não tem o poder de mercado de setores de maior valor agregado, especialmente de alta tecnologia. Talvez possa avançar com o desenvolvimento da Índia no setor.
Apesar de ter duplicado o PIB, a Índia poderia ter crescido mais, adverte George Sterne, diretor de pesquisa macroeconômica global da Oxford Economics: "A Índia tem problemas bancários e institucionais, mas tem um nível de educação decente. O setor de centros de atendimento telefônico e os invisíveis vão bem, mas há um enorme potencial que só está meio-realizado."
A renda média também caiu na Grécia, na Guiné Equatorial, na República Centro-Africana, no Sudão, no Timor Leste e em Trinidad-Tobago.
Todos os países vencedores "têm ligações com a China ou adotaram o modelo de desenvolvimento chinês", observa Charles Robertson, economista do banco de investimentos Renaissance Capital, um fundo de investimento especializado em mercados emergentes.
É um modelo de desenvolvimento baseado em governos autoritários e grandes investimentos estatais em infraestrutura como estradas, aeroportos, geração e transmissão de energia, e na indústria manufatureira.
Com investimentos públicos de 40% do PIB, a Etiópia explorou o potencial hidrelétrico dos rios Nilo Azul e Omo. Também usa as barragens para irrigação e aumento da produção agrícola.
O primeiro-ministro Abiy Ahmed, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2019, está fazendo reformas liberais e privatizações para atrair capital estrangeiros que enfrentam forte resistência interna.
Também na África, Gana, a antiga Costa do Ouro, descobriu o ouro negro em 2007, com o campo de petróleo Jubileu, mas o excesso de gastos públicos elevou a dívida interna para 60% do PIB, o que já começa a travar a economia.
Ruanda, onde um genocídio matou 800 mil pessoas em 1994, adotou um modelo de crescimento autoritário favorável ao capital estrangeiro comparável ao de Cingapura.
"Eles usaram cada dólar para construir um centro de conferências, hotéis, um bom aeroporto e boas estradas", comentou Robertson. Também melhoram o ambiente de negócios, cortando as taxas de juros e a burocracia.
Há suspeitas sobre as estatísticas de países como Ruanda e o Turcomenistão. Esta antiga república soviética teve um salto de 130% no PIB. Só ficou atrás da Etiópia, o que se atribui à exploração de jazidas de gás natural importado pela China com sua demanda crescente por energia.
O Camboja e o Laos ampliaram a produção industrial, seguindo o exemplo do vizinho Vietnã, e se beneficiam do aumento do turismo.
Bangladesh progrediu com o desenvolvimento da indústria têxtil com o mesmo modelo de crescimento com base num Estado autoritário e investimento público. O problema seria o excesso de endividamento, mas o país tem um bom nível de poupança.
Para Bangladesh, o desafio é ir além da indústria têxtil, que não tem o poder de mercado de setores de maior valor agregado, especialmente de alta tecnologia. Talvez possa avançar com o desenvolvimento da Índia no setor.
Apesar de ter duplicado o PIB, a Índia poderia ter crescido mais, adverte George Sterne, diretor de pesquisa macroeconômica global da Oxford Economics: "A Índia tem problemas bancários e institucionais, mas tem um nível de educação decente. O setor de centros de atendimento telefônico e os invisíveis vão bem, mas há um enorme potencial que só está meio-realizado."
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domingo, 22 de dezembro de 2019
Ashraf Ghani é reeleito presidente do Afeganistão sob protestos
O presidente do Afeganistão, Achraf Ghani Ahmadzai, foi reeleito com 50,64% dos votos contra 39,52% para o primeiro-ministro Abdullah Abdullah, de acordo com resultados preliminares das eleições de 28 de setembro divulgados hoje pela comissão eleitoral independente. O adversário não aceitou a derrota.
"Queremos dizer mais uma vez a nosso povo, a nossos partidários, à comissão eleitoral e aos nossos aliados internacionais que nossa equipe não aceitará os resultados desta votação fraudulenta se nossas demandas não foram levadas em conta", declarou um comunidade do comitê da campanha de Abdullah.
Em pronunciamento na televisão, o primeiro-ministro reiterou sua posição: "Infelizmente, a comissão eleitoral está próxima aos fraudadores. Não há nenhuma dúvida de que somos os vencedores desta eleição, com base nos verdadeiros votos do povo."
O anúncio oficial dos resultados estava previsto para 19 de outubro. Primeiro, foi adiado para 14 de novembro. Abdullah pediu a suspensão das apurações, mas não apresentou nenhum indício concreto de fraude. Sua campanha alega que cerca de 300 mil boletins de seções eleitorais validados pela comissão eleitoral apresentam problemas.
Ao defender o processo democrático, o embaixador dos Estados Unidos em Cabul, John Bass, argumentou que estes são resultados preliminares: "Faltam muitos passos ainda para o resultado final da eleição ser certificado para garantir que o povo afegão tenha confiança nos resultados.
O Afeganistão vive em guerra desde a invasão soviética de 1979, ferozmente combatida por uma guerrilha muçulmana apoiada pelos EUA, a Arábia Saudita, a China e o Paquistão. Dez anos mais tarde, depois das mortes de pelo menos 25 mil soldados, no Vietnã da União Soviética, o líder Mikhail Gorbachev ordenou a retirada.
Em 1992, os rebeldes muçulmanos derrubaram o governo fantoche de Mohamed, instalado no poder pela URSS. O país entrou num estado de anarquia, o que levou ao surgimento da milícia dos Talebã (Estudantes), formada por mulás e estudantes das escolas religiosas, as madrassas, em 1994.
Dois anos depois, os Talebã tomaram o poder em Cabul e deram refúgio à rede terrorista Al Caeda, liderada por Ossama ben Laden, que chegara ao país como um agente saudita para coordenar a resistência contra a invasão soviética.
Depois de atentados terroristas contra as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, em agosto de 1998, o presidente Bill Clinton ordenou um bombardeio às bases da Caeda no Afeganistão. A reação viria nos atentados de 11 de setembro de 2001, que foram os primeiros ataques ao centro do poder nos EUA desde as guerras da independência contra o Império Britânico e deixaram quase 3 mil mortos.
Em 7 de outubro de 2001, os EUA começaram a bombardear o Afeganistão para em seguida invadir o país junto com seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que invocaram o artigo 5 da Carta da OTAN, que diz que um ataque contra um é um ataque contra todos.
O governo fundamentalista islâmico dos Talebã caiu em menos de um mês. Com a fuga de Ben Laden e de parte da liderança da Caeda depois da Batalha de Tora Bora, em dezembro de 2001, o governo George Walker Bush desviou o foco para o Iraque.
Dezoito anos depois, a Guerra do Afeganistão é a mais longa da história dos EUA, que tentam assinar um acordo de paz com os Talebã para se retirar com alguma honra, já que o governo criado pela invasão americana não se sustenta sem as forças internacionais.
"Queremos dizer mais uma vez a nosso povo, a nossos partidários, à comissão eleitoral e aos nossos aliados internacionais que nossa equipe não aceitará os resultados desta votação fraudulenta se nossas demandas não foram levadas em conta", declarou um comunidade do comitê da campanha de Abdullah.
Em pronunciamento na televisão, o primeiro-ministro reiterou sua posição: "Infelizmente, a comissão eleitoral está próxima aos fraudadores. Não há nenhuma dúvida de que somos os vencedores desta eleição, com base nos verdadeiros votos do povo."
O anúncio oficial dos resultados estava previsto para 19 de outubro. Primeiro, foi adiado para 14 de novembro. Abdullah pediu a suspensão das apurações, mas não apresentou nenhum indício concreto de fraude. Sua campanha alega que cerca de 300 mil boletins de seções eleitorais validados pela comissão eleitoral apresentam problemas.
Ao defender o processo democrático, o embaixador dos Estados Unidos em Cabul, John Bass, argumentou que estes são resultados preliminares: "Faltam muitos passos ainda para o resultado final da eleição ser certificado para garantir que o povo afegão tenha confiança nos resultados.
O Afeganistão vive em guerra desde a invasão soviética de 1979, ferozmente combatida por uma guerrilha muçulmana apoiada pelos EUA, a Arábia Saudita, a China e o Paquistão. Dez anos mais tarde, depois das mortes de pelo menos 25 mil soldados, no Vietnã da União Soviética, o líder Mikhail Gorbachev ordenou a retirada.
Em 1992, os rebeldes muçulmanos derrubaram o governo fantoche de Mohamed, instalado no poder pela URSS. O país entrou num estado de anarquia, o que levou ao surgimento da milícia dos Talebã (Estudantes), formada por mulás e estudantes das escolas religiosas, as madrassas, em 1994.
Dois anos depois, os Talebã tomaram o poder em Cabul e deram refúgio à rede terrorista Al Caeda, liderada por Ossama ben Laden, que chegara ao país como um agente saudita para coordenar a resistência contra a invasão soviética.
Depois de atentados terroristas contra as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, em agosto de 1998, o presidente Bill Clinton ordenou um bombardeio às bases da Caeda no Afeganistão. A reação viria nos atentados de 11 de setembro de 2001, que foram os primeiros ataques ao centro do poder nos EUA desde as guerras da independência contra o Império Britânico e deixaram quase 3 mil mortos.
Em 7 de outubro de 2001, os EUA começaram a bombardear o Afeganistão para em seguida invadir o país junto com seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que invocaram o artigo 5 da Carta da OTAN, que diz que um ataque contra um é um ataque contra todos.
O governo fundamentalista islâmico dos Talebã caiu em menos de um mês. Com a fuga de Ben Laden e de parte da liderança da Caeda depois da Batalha de Tora Bora, em dezembro de 2001, o governo George Walker Bush desviou o foco para o Iraque.
Dezoito anos depois, a Guerra do Afeganistão é a mais longa da história dos EUA, que tentam assinar um acordo de paz com os Talebã para se retirar com alguma honra, já que o governo criado pela invasão americana não se sustenta sem as forças internacionais.
sábado, 21 de dezembro de 2019
Terrorismo islâmico ataca no Norte de Moçambique
Mais de 600 pessoas foram mortas desde o início do ano em Cabo Delgado, a província mais ao norte de Moçambique, distante da capital, Maputo. Só neste meses houve 17 ataques. Há suspeitas de que o grupo terrorista seja ligado ao Estado Islâmico.
A ofensiva terrorista dura dois anos e deixa um rastro de corpos mutilados, decapitados e esquartejados. O Estado Islâmico reivindicou 26 ataques. A origem e as fontes de financiamento do grupo são desconhecidos.
O Norte de Moçambique é povoado por pequenas vilas onde vivem agricultores de subsistência e pescadores, na região próxima ao Oceano Índico.
Jasmine Opperman, uma especialista africana em teologia islâmica e terrorismo, acreditam que existam entre sete e dez células terroristas operando em Cabo Delgado, mas até agora "não há provas de que haja uma ideologia ou uma liderança comum. Há indicações de extremismo muçulmano", mas a censura do governo moçambicano impede o acesso a informações mais detalhadas.
"É um problema séria e a Província do Estado Islâmico na África Central pode ter visto uma oportunidade", acrescenta a especialista. "O Estado Islâmico não precisa de uma grande organização. Precisa de representantes e algumas dessas células são o representante ideal."
Ela entende que o problema é regional e a maior potência da África Austral, a África do Sul, precisa apoiar o país vizinho, muito mais pobre.
A ofensiva terrorista dura dois anos e deixa um rastro de corpos mutilados, decapitados e esquartejados. O Estado Islâmico reivindicou 26 ataques. A origem e as fontes de financiamento do grupo são desconhecidos.
O Norte de Moçambique é povoado por pequenas vilas onde vivem agricultores de subsistência e pescadores, na região próxima ao Oceano Índico.
Jasmine Opperman, uma especialista africana em teologia islâmica e terrorismo, acreditam que existam entre sete e dez células terroristas operando em Cabo Delgado, mas até agora "não há provas de que haja uma ideologia ou uma liderança comum. Há indicações de extremismo muçulmano", mas a censura do governo moçambicano impede o acesso a informações mais detalhadas.
"É um problema séria e a Província do Estado Islâmico na África Central pode ter visto uma oportunidade", acrescenta a especialista. "O Estado Islâmico não precisa de uma grande organização. Precisa de representantes e algumas dessas células são o representante ideal."
Ela entende que o problema é regional e a maior potência da África Austral, a África do Sul, precisa apoiar o país vizinho, muito mais pobre.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2019
Analistas apontam maiores riscos de conflitos internacionais em 2020
Todos os anos o Centro para Ação Preventiva do Conselho de Relações Exteriores pede a especialistas em política externa, segurança e defesa para fazerem uma lista dos piores conflitos armados em andamento ou em potencial, as possibilidades de escalada no próximo ano e o impacto internacional.
Para 2020, foram citados 13 conflitos, com destaque para o risco de um grande atentado terrorista contra os Estados Unidos cometido ou inspirado por uma organização estrangeira como Al Caeda ou Estado Islâmico, um ataque cibernético à infraestrutura do país, inclusive ao sistema eleitoral, que pode partir da China, da Rússia, do Irã ou da Coreia do Norte, e um confronto entre os Estados Unidos e o Irã ou seus aliados. Meu comentário:
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