Centenas de milhares de pessoas marcharam pacificamente neste domingo pelas ruas do centro de Hong Kong. Foi o segundo maior protesto dos últimos seis meses e a a primeira manifestação autorizada pela polícia no centro da cidade desde meados de agosto.
A onda de protestos começou em 9 de junho contra um projeto de lei para autorizar a extradição de residentes no território para responder a processos criminais na República Popular da China, onde a Justiça não é independente, está subordinada ao regime comunista.
Apesar do recuo da governadora Carrie Lam, indicada por Beijim, as manifestações cresceram e passaram a exigir eleições diretas para governador e para o Conselho Legislativo de Hong Kong, o parlamento do território, que é uma região administrativa especial dentro da China.
Na maior manifestação, 2 milhões de pessoas saíram às ruas de Hong Kong. Houve uma série de confrontos violentos e pedidos da linha dura do Partido Comunista de uma repressão maior. A esmagadora vitória dos partidos que não apoiam a interferência de Beijim no território nas eleições locais confirmou o apoio popular ao movimento pela liberdade e a democracia.
Hoje os organizadores falaram em 800 mil pessoas. Seria a segunda maior de 900 manifestações realizadas desde junho. A estimativa da polícia ficou em menos de 200 mil. Pelo menos 11 pessoas foram presas. A polícia anunciou a apreensão de "grande quantidade de armas", inclusive uma pistola e 100 balas. Desde o início dos protestos, cerca de 6 mil pessoas foram presas.
O protesto de massa é um desafio ao ditador chinês, Xi Jinping, que "indicou decididamente que não haverá qualquer liberdade política, ao contrário", comentou o cientista político Willy Lam, professor da Universidade Chinesa de Hong Kong. "O cenário para a confrontação está armado."
Quando o Reino Unido devolveu Hong Kong à China, em 1º de julho de 1997, havia o compromisso de manter as liberdades democráticas no território por 50 anos, dentro da fórmula um país dois sistemas, formulada pelo líder Deng Xiaoping pensando também na reintegração de Taiwan.
Se o regime comunista chinês reprimir com violência o movimento pela democracia em Hong Kong, estará não só comprometendo a autonomia do território, um dos principais centros financeiros da Ásia. Será o fracasso da fórmula um país, dois sistemas. A reunificação com Taiwan fica ainda mais difícil.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
domingo, 8 de dezembro de 2019
Hong Kong faz maior manifestação em meses
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