O Partido dos Trabalhadores da Coreia, que chefia a ditadura comunista da Coreia do Norte, fará uma sessão plenária no fim de dezembro para definir seu programa político para 2020, inclusive a política externa. Deve fazer nova ameaça de abandonar as negociações de paz com os Estados Unidos, se não houver avanços significativos.
Será a primeira reunião do partido desde abril, quando o ditador Kim Jong Un estabeleceu o fim de 2019 como prazo-limite para obter avanços nas negociações.
A Coreia do Norte quer a suspensão pelo menos parcial das sanções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. O governo Trump exige a criação de um cronograma de desarmamento para entrega de 60% a 70% do arsenal nuclear norte-coreano dentro de seis a nove meses. Só admite levantar as sanções depois disso. Kim rejeita o "desarmamento unilateral".
Assim, a expectativa é de uma declaração oficial do regime stalinista de Pyongyang suspendendo os contatos com os EUA, se não houver progressos significativos até o fim do ano, o que é altamente improvável.
Depois de três encontros de cúpula com Trump que elevaram seu status internacional, Kim parece decidido a entrar numa fase de contestação e desafio, de enfrentamento.
Desde que perdeu o patrocínio com o fim da União Soviética, em 1991, o regime comunista da Coreia do Norte faz uma chantagem atômica, ameaçando fabricar armas nucleares. Usava isso para barganhar ajuda internacional em energia e alimentos para sua economia falida.
Kim Jong Un chegou ao poder em dezembro de 2011, com a morte do pai, meses depois da queda e morte do ditador Muamar Kadafi, que fizera um acordo com as potências ocidentais para entregar suas armas de destruição em massa e foi derrubado por uma intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), com a autorização do Conselho de Segurança da ONU.
De instrumento de barganha, as armas nucleares se tornaram na garantia de sobrevivência da ditadura norte-coreana. Ninguém acredita que o último regime stalinista do planeta, ao lado de Cuba, pretenda entregar todo o arsenal nuclear desenvolvido a um custo altíssimo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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