terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Fernández assume pedindo unidade e mais prazo para pagar dívida

Ao tomar posse hoje como presidente de uma Argentina profundamente abalada por mais uma crise econômica, o peronista Alberto Fernández fez um apelo à união nacional e pediu mais prazo aos credores para saldar as dívidas do país, alegando não ter condições de fazê-lo sem a retomada do crescimento.

"Venho convocar à unidade de toda a Argentina em prol da construção de um novo contrato social cidadão", declarou o novo presidente no início do discurso de posse, esclarecendo que este contrato social deve ser "fraterno e solidário": "Fraterno porque chegou a hora de abraçar o diferente. Solidário porque nessa emergência social é tempo de começar pelos últimos para depois chegar a todos. Este é o espírito do tempo que hoje inauguramos...para pôr a Argentina de pé."

Para isto, acrescentou, é preciso "recuperar uma série de equilíbrios sociais, econômicos e produtivos que hoje não temos."

Uma prioridade será um programa de combate à fome. "Sem pão, na vida só se padece. Sem pão, não há democracia nem liberdade." Outra será recuperar as economias familiares, as pequenas empresas e as fábricas endividadas.

A inflação de mais de 50% ao ano é a maior desde 1991. O índice de desemprego passa de 10%. É o maior desde 2006. Há mais de 1,2 milhão de jovens que não estudam nem trabalham. O desemprego entre os jovens é de 30%. O dólar passou de 9,60 a 63 pesos nos quatro anos do governo Mauricio Macri. E a economia não para de encolher e 40,8% dos moradores de cidades estão na pobreza.

"Vamos encarar o problema da dívida externa. Não há pagamentos de dívida sustentáveis se o país não cresce, é simples assim. Para poder pagar, é preciso crescer primeiro", discursou Fernández. Durante a campanha, o ministro da Economia, Daniel Martínez, acenou com a expectativa de pedir uma moratória de dois anos para pagar a dívida.

"Buscaremos uma relação construtiva e cooperativa com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e com nossos credores. Resolver o problema da dívida insustentável que a Argentina tem hoje não é uma questão de ganhar uma disputa. O país tem vontade de pagar, mas carece de capacidade para fazê-lo. O governo que sai tomou uma enorme dívida sem gerar mais produção para obter os dólares para pagá-la", criticou o novo líder argentino.

Fernández também prometeu uma ação de emergência na saúde pública.

O Índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, terminou o dia em queda de 4,81%.

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