domingo, 15 de dezembro de 2019

Conferência do Clima termina sem avanços por obstrução do Brasil

A 25ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CoP-25)terminou hoje em Madri, dois dias depois do previsto, sem avanços. Não houve acordo para criar um mercado de negociação de créditos de carbono. O secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou a oportunidade perdida.

O Brasil foi apontado como um dos maiores responsáveis pelo fracasso. O patético ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, aproveitou encontros bilaterais com os países ricos para pedir dinheiro para a preservação da Amazônia, no que foi definido por negociadores estrangeiros como uma "chantagem imatura".

Numa atitude sem precedentes, o Brasil tentou excluir do documento final as últimas conclusões científicas do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), que publicou dois novos relatórios neste ano, mas acabou cedendo. Saiu acusando os países ricos. Diplomatas brasileiros descreveram a situação como mais uma perda do capital político do Brasil em negociações ambientais.

O mercado de créditos de carbono serviria para os países com baixas emissões venderem parte de suas cotas de poluição para outros países. Salles e sua equipe foram acusados de atacar o Acordo de Paris ao tentar descontar duplamente a contagem das reduções de emissões, pelo comprador e pelo vendedor.

Assim, o Brasil sai da conferência como um dos vilões do meio ambiente, ao lado dos Estados Unidos, da Arábia Saudita e da Austrália. O governo Jair Bolsonaro abre mãe da liderança internacional do Brasil, que vinha desde a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, reafirmada pela Rio+20.

A CoP-25 deveria ter sido realizada no Brasil, mas Bolsonaro não quis organizar a conferência alegando que seria um custo para o país em meio à crise econômica. A meta do IPCC é manter o aumento da temperatura média do planeta em 1,5ºC, no máximo 2ºC, para evitar consequências catastróficas, como fenômenos climáticos mais violentos, com secas, enchentes, furacões, tornados, destruição de solos e queda na produção de alimentos.

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