quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Biden tomou decisão de atacar e milícia suspeita anuncia trégua

 O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, avisou ontem que está pronto para contra-atacar depois da morte de três soldados norte-americanos numa base militar na Jordânia na madrugada de domingo e incluiu entre os alvos o país que fabricou o drone: o Irã. Deve bombardear bases da Guarda Revolucionária Iraniana, provavelmente em outros países, sem alvejar o território do Irã, e a milícia iraquiana responsável pelo ataque. Um porta-voz da Casa Branca falou em "múltiplas ações".

Em uma tentativa de se esquivar, a milícia que o Departamento da Defesa dos EUA considera responsável, o grupo Kataib Hesbolá (Batalhões do Partido de Deus) anunciou uma trégua, mas não será poupado. O objetivo dos EUA é reduzir a capacidade ofensiva do grupo e matar seus líderes.

Um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a libertação dos reféns israelenses podem começar na próxima semana, noticiou o jornal árabe Al Araby al-Jadeed, editado em Londres. Mas pelo menos nas declarações oficiais, as diferenças ainda são grandes.

O líder máximo do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), Ismail Haniya, está examinando as propostas discutidas no fim de semana em Paris pelos EUA, Israel, o Egito e o Catar, mas insiste no fim da guerra, na retirada total de Israel e no fim do cerco a Gaza.

Por outro lado, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu rejeita o fim da guerra, a retirada de Israel e a libertação de milhares de prisioneiros palestinos, especialmente os mais perigosos, mas pode ser desautorizado pelos ex-comandantes militares Benny Gantz e Gadi Eisenkot, membros do gabinete de guerra.

Hoje na História do Mundo: 31 de Janeiro

TRUMAN INVESTE NA BOMBA H

    Em 1950, cinco meses depois da explosão da primeira bomba atômica da União Soviética, o presidente Harry Truman anuncia aos Estados Unidos a decisão de desenvolver a bomba de hidrogênio, mil vezes mais poderosa do que as bombas jogadas em Hiroxima e Nagasaki em 6 e 9 de agosto de 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45).

Os EUA testam sua primeira bomba de hidrogênio, chamada Mike, em 1º de novembro de 1952 no atol de Eniwetok, nas ilhas Marshall, no Oceano Pacífico.

As primeiras armas atômicas são de fissão nuclear de átomos pesados, o urânio-235 e o plutônio. Sua energia vem da divisão do núcleo de átomos pesados. 

A bomba de hidrogênio ou bomba termonuclear é resultado da fusão nuclear de átomos leves. Dois átomos de hidrogênio pesado e mais do que pesado se fundem a uma temperatura altíssima. É a reação que produz a energia do sol e das estrelas. O gatilho da bomba de hidrogênio é uma explosão nuclear de urânio para gerar a temperatura de 100 milhões de graus centígrados necessária à fusão nuclear.

No processo de fusão, as partículas subatômicas perdem 0,63% da massa, que se converte numa enorme quantidade de energia medida pela famosa fórmula de Albert Einstein: E = mc2, em que c é uma constante que representa a velocidade da luz no vácuo: 300 mil quilômetros por segundo.

Houve bombas de hidrogênio de mais de 50 megatons, com o poder de destruição de mais de 50 milhões de toneladas de dinamite. As instaladas em mísseis têm geralmente até 1,5 megaton.

A União Soviética testa sua primeira bomba de hidrogênio em 12 de agosto de 1953, elevando a corrida armamentista nuclear a outro patamar. O Reino Unido (1957), a China (1967) e a França (1968) também fazem a bomba H.

CENTRO POMPIDOU

    Em 1977, a França inaugura o Centro Nacional de Arte e Cultura Georges Pompidou, um complexo cultural batizado com o nome do presidente Pompidou (1696-74), que encomenda o projeto aos arquitetos italianos Renzo Piano e Gianfranco Franchini e os britânicos Richard Rogers e Su Rogers.

O Centro Pompidou fica na área do Beauborg, como também é conhecido. O largo na sua frente é um local de debates políticos. Fica no 4º distrito de Paris, no bairro do Marais, perto de Les Halles, um centro comercial subterrâneo.

No complexo, ficam o Museu Nacional de Arte Moderna, a Biblioteca Pública da Informação, um centro para música e pesquisas acústicas, um centro de desenho industrial, um museu do cinema e o Atelier Brancusi, com esculturas do artista romeno Constantin Brancusi.

BREXIT

    Em 2020, três anos e meio depois de um plebiscito, o Reino Unido deixa oficialmente a União Europeia.

O processo de integração europeia começa com o Plano Schuman, anunciado em 9 de maio de 1950 pelo ministro das Relações Exteriores da França, Robert Schuman, para acabar com as guerras na Europa e promover o desenvolvimento econômico e social do continente.

A Comunidade Econômica Europeia é criada pelo Tratado de Roma, assinado em 25 de março de 1957 pela Alemanha Ocidental, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo, e entra em vigor em 1º de janeiro de 1958.

Em 1963 e 1967, o então presidente da França, general Charles de Gaulle, veta a entrada do Reino Unido, que adere ao bloco europeu em 1º de janeiro de 1973. Na época, o Partido Conservador era a favor por representar as classes empresariais. O Partido Trabalhista era contra.

Por causa da insularidade e do passado imperial, o Reino Unido sempre mantém uma relação ambivalente. A primeira-ministra Margaret Thatcher (1979-90) luta pela criação do mercado único europeu, mas é contra a união política, uma das causas de sua queda, um regicídio que divide profundamente o Partido Conservador.

Quando o Tratado de Maastricht cria a União das Comunidades Europeias ou União Europeia, em 1991, o primeiro-ministro John Major (1990-97) deixa o Reino Unido fora da união monetária e econômica. No governo trabalhista de Tony Blair (1997-2007), um europeísta, o país não adere ao euro.

Na campanha de reeleição, o primeiro-ministro conservador David Cameron (2010-16) promete convocar um plebiscito para o eleitorado britânico decidir se quer ou não fazer parte da UE. Seu objetivo é acabar com a guerra civil interna do partido que vem desde a queda de Thatcher. A campanha é marcada por promessas e notícias falsas. 

O líder da campanha para sair, o deputado conservador Boris Johnson, faz um manifesto contra e outro a favor. Opta pela saída porque considera melhor para sua pretensão de governar o país. Entre suas mentiras, afirma que os 350 milhões de libras que o país economizaria por semana não tendo de contribuir para o orçamento comunitário seriam investidos no Serviço Nacional de Saúde (NHS), que dá assistência médica de graça a todos os habitantes do Reino Unido.

Em 23 de junho de 2016, por 52% a 48%, o Reino Unido decide sair da UE. Londres, a Escócia e a Irlanda da Norte votam para ficar.

É uma das decisões econômicas mais inconsequentes e estúpidas de qualquer economia moderna. Imaginar que é bom negócio abandonar parceiros comerciais vizinhos e ricos com que se tem um mercado comum há mais de 40 anos e substituí-los por ex-colônias não faz sentido. O Reino Unido acaba de abandonar negociações de livre comércio com o Canadá porque só conseguiu condições piores do que tinha como membro da UE. 

Cameron pede demissão e é substituído pela primeira-ministra Theresa May (2016-19), que votou a favor de ficar e nunca é aceita pelos eurocéticos. Suas propostas de acordo de divórcio com a UE são rejeitadas pela Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico.

Johnson consegue derrubar May e vence as eleições parlamentares de 12 de dezembro de 2019 com a promessa de concluir a saída da UE.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

EUA devem retaliar alvos da Guarda Revolucionária Iraniana

O presidente Joe Biden examina as possibilidades de retaliação contra a milícia apoiada pelo Irã responsável pelo bombardeio de domingo que matou três soldados norte-americanos numa base militar na Jordânia e provavelmente também contra a Guarda Revolucionária Iraniana, responsável por mais de 60 milícias no Oriente Médio. 

O contra-ataque deve ser suficientemente forte para dissuadir novos ataques, sem provocar a entrada do Irã na guerra. Apesar das pressões da oposição republicana, o território iraniano não deve ser alvejado para evitar uma conflagração geral no Oriente Médio que causaria uma forte alta nos preços do petróleo. 

Foram as primeiras mortes de militares dos Estados Unidos por fogo inimigo nesta guerra, as primeiras por drones e o primeiro ataque mortal contra militares do país desde 15 de abril de 1953, durante a Guerra da Coreia.

O último ataque dos EUA em território iraniano foi a tentativa frustrada de resgatar reféns sequestrados na embaixada norte-americana em Teerã, em 24 de abril de 1980, que, ao lado da inflação causada pela segunda crise do petróleo, ajudou a derrotar o presidente Jimmy Carter na eleição presidencial daquele ano.

Desde 17 de outubro, houve 180 ataques a bases militares onde há soldados norte-americanos no Iraque, na Síria e agora na Jordânia, de acordo com o pesquisador Charles Lister, do Instituto Oriente Médio, em Washington. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, declarou que os EUA não querem guerra com o Irã – o Irã também não quer –, mas a retaliação virá.

Se o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu rejeitar um acordo aceitável para libertar os reféns em poder dos terroristas, o governo de emergência cai, advertiu na manhã desta terça-feira o ministro Chili Tropper, do partido Unidade Nacional, que fazia oposição, mas aderiu ao gabinete de guerra. De qualquer jeito, Netanyahu pode continuar governando com seus aliados de extrema direita. 

Hoje na História do Mundo: 30 de Janeiro

CARLOS I EXECUTADO

    Em 1649neva em Whitehall, no centro de Londres, quando o rei Carlos I é decapitado por traição durante a Guerra Civil Inglesa (1642-51).

A execução é o ápice de uma crise entre os monarquistas católicos e o Parlamento de maioria protestante durante a Guerra Civil Inglesa.

Em 27 de janeiro de 1649, a Alta Corte ou Tribunal Superior de Justiça condena Carlos I, rei da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda, por "deter um poder tirânico e ilimitado para governar por sua vontade e por negar os direitos e liberdades do povo". A pena é a morte por degola.

Carlos I é decapitado numa estrutura armada diante da Banquet House, em Whitehall, diante de uma multidão que enfrenta o frio para ver o regicídio. O rei faz um discurso final declarando-se inocente e um "mártir do povo", mas só quem está perto dele ouve.

Com a execução do rei, começa o breve período da República na história da Inglaterra, sob a liderança tirânica de Oliver Cromwell. Com a morte de Cromwell, em 1658, seu filho o substitui, mas a monarquia é restaurada em 1660, com a ascensão ao trono de Carlos II, filho de Carlos I.

HITLER CHANCELER

    Em 1933, depois da vitória do Partido Nazista sem maioria absoluta, o presidente Paul von Hindenburg nomeia Adolf Hitler chanceler (primeiro-ministro) da Alemanha, cargo que ocupa até a morte, no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45).

Hitler nasce em 20 de abril de 1898 em Braunau, na Áustria. Pintor medíocre, luta na Primeira Guerra Mundial (1914-18) como cabo do Exército da Alemanha. Em 1919, entra para o Partido Trabalhista Alemão, que no ano seguinte muda de nome para Partido Nacional-Socialista Trabalhista Alemão.

Em 8 a 9 de novembro de 1923, os nazistas tentam o Golpe da Cervejaria de Munique para tomar o poder na Baviera. Hitler é preso, mas o julgamento o transforma em celebridade. Num ano de cadeia, ele escreve Mein Kampf (Minha Luta), o grande manual do nazismo.

Decidido a chegar ao poder pela via democrática, Hitler faz uma vigorosa campanha ultranacionalista, denunciando a injustiça do Tratado de Versalhes, antissemita e anticomunista.

O colapso da Bolsa de Nova York, em outubro de 1929, também atinge a economia alemã. Se o desemprego chega a 25% nos Estados Unidos em 1932, na Alemanha vai a quase 30% Enquanto os norte-americanos elegem Franklin Roosevelt e seu New Deal (Novo Pacto), nas eleições de 31 de julho de 1972, os nazistas conquistam o maior número de cadeiras no Reichstag, 230 de 585, com 37% dos votos.

Em 6 de novembro de 1932, há outra eleição antecipada. Com 33% dos votos, os nazistas elegem 196 deputados, mas continuaram sendo o maior partido no Parlamento. São as últimas eleições livres na Alemanha.

Um mês depois de Hitler ser nomeado primeiro-ministro, em 27 de fevereiro, os nazistas tocam fogo no Parlamento e acusam os comunistas. É o grande golpe de Hitler. Ele aproveita o episódio para obter poderes especiais, perseguir adversários políticos e conquistar maioria absoluta na Câmara.

Com a morte de Hindenburg, em 2 de agosto de 1934, Hitler acumula os dois cargos, de presidente e primeiro-ministro, chefe de Estado e de governo, e um referendo o transforma no Führer, um ditador com poderes absolutos.

GANDHI ASSASSINADO

    Em 1948, um fundamentalista hindu mata o herói da independência da Índia, Mohandas Karamchand Gandhi, o Mahatma (Grande Espírito), aos 78 anos.

Advogado nacionalista e anti-imperialista, Gandhi lidera a luta pela independência da Índia com uma campanha não violenta de resistência e desobediência civil contra o Império Britânico.

Gandhi nasce em Porbandar, na Índia, em 2 de outubro de 1869, estuda direito em Londres e vai para a África do Sul, onde a comunidade indiana luta por direitos civis e ele aplica pela primeira vez os princípios da resistência não violenta do norte-americano Henry David Thoreau, que conhece através do escritor russo Leon Tolstoy. De volta à Índia, em 1921, vira líder do Congresso Nacional Indiano.

Apesar de defender o pluralismo religioso, Gandhi não consegue evitar a divisão do subcontinente indiano entre Índia e Paquistão, em agosto de 1947, quando ambos se tornam independentes do Império Britânico.

Mahatma acaba de fazer suas orações quando é morto por Nathuram Vinayak Godse, um ultranacionalista hindu membro da organização paramilitar Rashtryia Swayamsevak Sangh (RSS) em que o atual primeiro-ministro Narendra Modi inicia sua atividade política.

Modi está acabando com o legado de Gandhi de uma Índia pluralista com 900 povos que falam línguas diferentes e professam uma enorme variedade de línguas.

DOMINGO SANGRENTO

    Em 1972, atiradores de elite do Exército do Reino Unido atiram contra uma manifestação pacífica, em Londonderry, de católicos nacionalistas e republicanos contra o domínio britânico da Irlanda do Norte e matam 13 pessoas desarmadas (outra morre meses depois), no Domingo Sangrento ou Massacre de Bogside, o pior em 30 anos de guerra civil.

Quando a República da Irlanda se torna independente, em 1922, seis dos nove condados da província do Úlster, de maioria protestante, formam a Irlanda do Norte, que permanece sendo parte do Reino Unido.

A minoria católica e republicana sente-se discriminada dentro do Reino Unido. Quer fazer parte da Irlanda. A revolta aumenta na onda dos movimentos de libertação nacional dos anos 1960 e leva à guerra civil na Irlanda do Norte e à intervenção militar britânica em 1969.

O Exército Republicano Irlandês (IRA) Provisório é a maior força do lado católico, republicano e nacionalista irlandês na guerra contra o Reino Unido. 

O serviço secreto militar britânico suspeita que o IRA vai se infiltrar na manifestação em Bogside e pode usar a multidão como escudo humano para atacar as forças de segurança. Atiradores de elite da força de paraquedistas do Exército Real vão para o alto dos prédios em missão especial que não é do conhecimento de agentes que estão policiando a manifestação no solo.

A marcha encontra vários bloqueios armados pelos soldados britânicos. Jovens manifestantes jogam pedras nos soldados, que respondem com balas de borracha, gás lacrimogênio e canhões d'água. Quando a multidão vê os paraquedistas no alto dos prédios, ataca com pedradas.

No meio da confusão, com tiros de balas de borracha disparados em terra, os atiradores disparam contra a multidão com munição letal. Os primeiros inquéritos acobertam o crime, alegando que os soldados atiraram em manifestantes armados que jogavam bombas.

Depois de 12 anos de investigação presidida por Lorde Mark Oliver Saville, o Relatório Saville conclui em 2010 que as mortes foram "injustas" e "injustificáveis". Nenhuma vítima estava armada nem representava qualquer perigo e nenhuma bomba foi jogada. 

O então primeiro-ministro britânico, David Cameron, pede desculpas. Ninguém nunca é punido pelo Domingo Sangrento. 

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Milícia ligada ao Irã mata três soldados dos EUA na Jordânia

 O presidente Joe Biden afirmou que os Estados Unidos vão retaliar como e quando quiserem a um bombardeio de drones que matou três soldados norte-americanos e feriu outros 34 numa base militar da Jordânia perto da fronteira com a Síria. A oposição republicana exigiu um contra-ataque direto ao Irã, que sustenta todas as milícias envolvidas na atual guerra no Oriente Médio.

A Resistência Islâmica no Iraque, uma aliança de milícias apoiadas pela ditadura teocrática iraniana, assumiu a autoria do ataque. O Irã negou qualquer ligação com o bombardeio, que atribuiu ao "conflito entre os EUA e grupos da resistência". Mas aumenta o risco de um confronto direto entre os EUA e a República Islâmica.

Desde 17 de outubro, houve 180 ataques de milíicias ligadas ao Irã a bases onde há soldados norte-americanos no Iraque, na Síria e agora na Jordânia. Os contra-ataques dos EUA mataram pelo menos 30 milicianos, inclusive um comandante do grupo Harakat Hesbolá al-Nujaba (Movimento dos Nobres do Partido de Deus

Quatro diferentes ataques de drones visaram no domingo três bases militares. A Torre 22 foi alvejada. Pela primeira vez desde o início da guerra entre Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), militares norte-americanos são mortos por fogo inimigo. Em 11 de janeiro, dois soldados da força de elite Seals, da Marinha dos EUA, morreram afogados durante a abordagem a um veleiro que levava mísseis iranianos para a milícia huti, do Iêmen.

Se não atacar diretamente o território do Irã para evitar um confronto direto em ano eleitoral, os EUA devem bombardear alvos da Guarda Revolucionária Iraniana na Síria, no Iraque, no Iêmen e talvez no Líbano.


NOTA: Depois da gravação, entrou a notícia de que Israel bombardeou o quartel-general da Guarda Revolucionária Iraniana na Síria.

Hoje na História do Mundo: 29 de Janeiro

O CORVO

    Em 1845, o escritor norte-americano Edgar Allan Poe publica no jornal New York Mirror o poema O Corvo, na descrição da Enciclopédia Britânica "uma evocação melancólica de um amor perdido", um dos poemas mais importante da literatura dos Estados Unidos, traduzido para o português por Fernando Pessoa e Machado de Assis.

PRIMEIRO AUTOMÓVEL

    Em 1886, o engenheiro mecânico alemão Karl Benz registra a patente do primeiro automóvel com motor de combustão interna.

Karl funda a Benz & Co. em 1883 para fabricar motores estacionários de combustão interna. O primeiro carro, o Motorwagen, é projetado e construído em 1885, com três rodas. Está hoje num museu em Munique, na Alemanha. A patente só é registrada em 1886.

A empresa fabrica o primeiro carro de quatro rodas em 1893 e o primeiro carro de corrida em 1899. Em 1923, a Benz se funde com a Daimler Motoren Gesellschaft para formar a Daimler-Benz, fabricante dos automóveis Mercedes Benz, uma marca que é sinônimo de lucro.

DR. FANTÁSTICO

    Em 1964, entra em cartaz o filme Dr. Fantástico (Dr. Strangelove), do diretor britânico Stanley Kubrick, uma farsa e um clássico sobre a corrida armamentista nuclear da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética.

O roteiro tem um general frustrado com sua impotência sexual que planeja lançar um ataque nuclear contra a URSS, enquanto um grupo eclético de políticos e militares tenta evitar o holocausto nuclear.

A ideia original é fazer um filme dramático sobre a Guerra Fria baseado no livro Alerta Vermelho, de Peter George, mas Kubrick prefere transformar numa farsa satírica. A cena de um major da Força Aérea cavalgando um míssil nuclear entra para a história do cinema.

O lançamento seria em 22 de novembro de 1963, dia do assassinato do presidente John Kennedy. É adiado para janeiro de 1964. Uma menção a Dallas, onde ocorreu o crime, é substituída por Vegas.

EIXO DO MAL

    Em 2002, no seu primeiro Discurso sobre o Estado da União, a prestação de contas anual do presidente ao Congresso dos Estados Unidos, George Walker Bush acusa o Irã, o Iraque e a Coreia do Norte de fazerem parte de um "eixo do mal", preparando a opinião pública norte-americana para a invasão do Iraque um ano depois.

A Coreia do Norte e o Irã aceleraram seus programas de armas nucleares. Para desafiar os EUA ou resistir aos EUA, é preciso ter armas de destruição em massa.

Meses depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 e do início da guerra contra Al Caeda e o regime dos Talebã, no Afeganistão, Bush, o filho, sugere que esses países estão desenvolvendo armas de destruição em massa que podem cair em poder de extremistas. 

domingo, 28 de janeiro de 2024

EUA esperam nova trégua entre Israel e Hamas em duas semanas

 As negociações para uma nova trégua de até 60 dias entre Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), com a libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos, estão mais perto de um acordo. 

Negociadores dos Estados Unidos, do Egito, de Israel e do Catar se reúnem hoje em Paris. A expectativa é que o acordo seja fechado dentro de duas semanas. Pode ser o início do fim da guerra.

Um anteprojeto prevê uma trégua de dois meses. Nos primeiros 30 dias, seriam libertados os idosos, as mulheres e os doentes. Numa segunda fase, de 30 mais dias, seriam soltos os soldados e os civis. Nas duas etapas, seria libertado num número não especificado de palestinos presos em Israel.

Nos últimos dias, o presidente Joe Biden falou com o primeiro-ministro do Catar, xeique Mohamed ben Abdulrahman al-Thani, e com o ditador do Egito, Abdel Fattah al-Sissi. Eles prometeram fazer todos os esforços para conseguir uma trégua longa, que também serviria para levar mais ajuda humanitária a toda a Faixa de Gaza.

Mais países suspenderam as contribuições à Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos depois que 12 funcionários foram acusados de participar do ataque terrorista de 7 de outubro a Israel. O secretário-geral da ONU, António Guterres, e o diretor da agência, Philippe Lazzarini, fizeram um apelo para que não cortem a ajuda porque a agência tem milhares de funcionários e é fundamental para diminuir a tragédia humanitária na Faixa de Gaza.

Hoje na História do Mundo: 28 de Janeiro

MORTE DE CARLOS MAGNO

    Em 814, o imperador Carlos Magno, fundador do Sacro Império Romano-Germânico, morre em Aachen, a capital imperial.

Carlos Magno nasce em 2 de abril de 742 antes do casamento dos pais, o rei Pepino, o Breve, e Berta de Laon. É neto de Carlos Martel, imperador do Império Merovíngio, fundado por Clóvis I, o primeiro a unir todas as tribos dos francos, considerado o primeiro rei da França. Ao vencer a Batalha de Poitiers em 732, Martel contém a invasão muçulmana que toma a Península Ibérica.

Com a morte do pai, em 768, Carlos Magno se torna rei dos francos, mas o reino é dividido com o irmão, Carlomano. Quando este morre, em 774, Carlos Magno se torna rei dos lombardos. No Natal de 800, é coroado "imperador dos romanos" pelo Papa Leão III na Basílica de São Pedro, em Roma. É o primeiro imperador do Sacro Império Romano-Germânico.

Ao unir a maior parte da Europa Ocidental e Central, torna-se o primeiro imperador a governar uma grande parte do continente desde a queda do Império Romano do Ocidente, em 476. Por isso, é chamado de Pai da Europa e precursor da União Europeia.

QUEDA DE PARIS

    Em 1871, depois de quatro meses de cerco, o recém-unificado Império da Alemanha toma a capital da França no fim da Guerra Franco-Prussiana.

A Guerra Franco-Prussiana (1870-71) tem origem nos conflitos em busca de um equilíbrio de poder na Europa depois das Guerras Revolucionárias e Napoleônicas (1792-1815). A França e a Prússia são inimigas nessas guerras.

A ascensão de Napoleão III, primeiro presidente da Segunda República Francesa (1848-52) e primeiro imperador do Segundo Império (1852-70), depois do golpe de 2 de dezembro de 1851, é uma das causas.

No fim da Guerra da Crimeia (1853-56), que opõe a França, o Reino Unido e o Império Otomano (turco) à Rússia, o Tratado de Paris desmilitariza o Mar Negro, criando condições para a unificação da Alemanha, conquistada depois de vitórias da Prússia na Guerra dos Ducados de Elba (1864) contra a Dinamarca, na Guerra Austro-Prussiana (1866) e na Guerra Franco-Prussiana.

Quando a Espanha fica sem monarca com a abdicação de Isabel II na Revolução de 1868, as Cortes, o parlamento espanhol, oferecem a coroa ao príncipe Leopoldo de Hohenzollern, primo do rei Guilherme I, da Prússia. 

Com medo de um cerco, o imperador francês Napoleão III pressiona o Reino da Prússia a impedir que Leopoldo se torne rei da Espanha. O rei da Prússia cede, mas Napoleão III exige mais garantias de que jamais Leopoldo seria monarca espanhol.

O chanceler (primeiro-ministro) prussiano, Otto von Bismarck, tem interesse numa guerra com a França para consolidar a unificação da Alemanha. Ele manipula o Telegrama Ems, uma descrição de Guilherme I sobre seu encontro com o embaixador francês. 

Revoltado, Napoleão III declara guerra à Alemanha em 19 de julho de 1870. Com novas armas, inclusive a primeira metralhadora, os generais franceses confiam na vitória.

Como a França é vista como agressora, Bismarck vê uma oportunidade de unir os estados germânicos do Sul (Baviera, Baden e Württemberg) à Confederação do Norte da Alemanha, liderada pela Prússia. Em 18 dias, as forças alemãs mobilizam 380 mil soldados sob o comando do general Helmuth von Moltke, um grande estrategista, chefe do Estado-Maior.

Logo, a Prússia toma a região da Alsácia e a cidade de Metz. Um exército francês sob o comando de Napoleão III e do general Patrice Mac-Mahon tenta resgatar o general François-Achille Bazaine, capturado em Metz. É cercado na Batalha de Sedan, em 31 de agosto de 1870. Em 2 de setembro, Napoleão III, Mac-Mahon e 83 mil franceses se rendem.

Napoleão III abdica e vai para o exílio na Inglaterra, onde morre em 9 de janeiro de 1873.

O Cerco de Paris começa em 19 de setembro de 1870. Com a cidade situada a ameaçada pela fome, os alemães iniciam um bombardeio de artilharia à capital francesa em janeiro de 1871. 

Em 18 de janeiro, é proclamada a fundação do Império Alemão. A partir de 25 de janeiro, os alemães passam a usar canhões de grande calibra. No dia 28, a França se rende.

A Guerra Franco-Prussiana acaba com o Segundo Império da França e unifica a Alemanha, que toma as províncias da Alsácia e da Lorena, que a França recupera na Primeira Guerra Mundial (1914-18). É assim uma das causas da Primeira Guerra Mundial, o conflito que moldou o século 20. 

A derrota da França causa a Comuna de Paris, uma das insurreições populares mais importantes do século 19, a primeira vez que o operariado tenta tomar o poder com um projeto socialista.

EXPLOSÃO DA CHALLENGER

    Em 1986, a nave ou ônibus espacial norte-americano Challenger explode no ar um minuto e 13 segundos depois do lançamento, matando os sete tripulantes, diante de um público atônito em Cabo Canaveral, na Flórida, e no mundo inteiro, que assistia pela televisão.

A espaçonave se desintegra a uma altitude de 14 km sobre o Oceano Atlântico às 11h39 pela hora local. É o primeiro acidente fatal em voo do programa espacial dos Estados Unidos.

É o décimo voo da nave Challenger e o 25º do programa de ônibus espaciais da NASA (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço), a agência espacial dos EUA. 

A causa do acidente é um problema com os anéis de vedação de uma junta dos foguetes propulsores de combustível sólido. O combustível vaza e causa a explosão.

A missão era lançar no espaço um satélite de comunicações e observar a passagem do Cometa de Halley. Entre os mortos, está a professora Christa McAuliffe, convidada numa homenagem aos professores, o que aumentou o interesse popular pelo voo trágico.

sábado, 27 de janeiro de 2024

Corte da ONU manda Israel fazer todo o possível para evitar genocídio

A Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas ordenou ontem Israel a tomar todas as medidas possíveis para impedir o cometimento contra os palestinos na Faixa de Gaza de crimes previstos na Convenção Internacional sobre Prevenção e Punição de Crimes de Genocídio, de 1948, mas exigiu um cessar-fogo imediato.

O mais alto tribunal da ONU, com sede em Haia, na Holanda, também exigiu a libertação imediata de todos os reféns sequestrados no ataque terrorista de 7 de outubro a Israel. Pelo menos 132 ainda estariam em poder de grupos armados palestinos.

Na decisão de 29 páginas, o tribunal de declara competente para examinar a queixa-crime apresentada pela África do Sul contra Israel em 29 de dezembro de 2023, que considerou plausível, e mandou Israel adotar seis das oito medidas preliminares pedidas pelo governo sul-africano.

Tanto a África do Sul quanto Israel e os palestinos apresentaram a decisão como vitória, embora alguns ministros de Israel tenham acusado o tribunal de antissemitismo por não rejeitar a petição.

O julgamento de mérito da reclamação sul-africana, apoiada pelo Brasil, deve levar anos.

As decisões do Tribunal Internacional de Justiça são obrigatórias, mas sua aplicação depende da autorização do Conselho de Segurança da ONU, onde os Estados Unidos costumam usar seu poder de veto para proteger Israel. Têm mais força simbólica do que impacto imediato no campo de batalha.

As Forças Armadas de Israel disseram que a Batalha de Khan Yunes, a mais violenta da guerra, continua em grande intensidade, enquanto a organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) denuncia que o atendimento de saúde em Gaza entrou em colapso.

Um navio de Cingapura foi atingido no Golfo de Áden por um míssil que provocou um incêndio a bordo. A China pressionou o Irã a mandar a milícia huti Ansar Alá (Partidários de Deus) a suspender os ataques a navios, sob pena de prejudicar as relações entre os dois países.

A polícia italiana mandou adiar manifestações a favor dos palestinos marcadas para este sábado em Roma e Milão para não coincidir com o Dia Internacional em Memória do Holocausto, celebrado hoje, data da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, em 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45).

Hoje na História do Mundo: 27 de Janeiro

  DANTE EXILADO

    Em 1302, o poeta Dante Alighieri é expulso de Florença depois de mandar várias pessoas para o exílio quando era um dos governantes da cidade-estado e escreve sua obra-prima, A Divina Comédia, considerado o maior livro da literatura italiana quando era praticamente um andarilho, indo de cidade em cidade em busca de proteção para sua família.

FIM DO CERCO DE LENINGRADO

    Em 1944, o Exército da União Soviética vence as últimas tropas da Alemanha Nazista e da Finlândia que cercam Leningrado, hoje São Petersburgo, por 872 dias durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Cerca de 1 milhão de pessoas morrem na antiga capital da Rússia, berço das revoluções de 1917.

O cerco começa em 8 de setembro de 1941, com a participação da Itália e da Finlândia, dois meses depois da invasão da União Soviética pela Alemanha Nazista. A conquista de Leningrado é um dos objetivos da Operação Barbarossa.

Ao invadir a URSS, as forças dos exércitos nazista e aliados atacam em três frentes. Uma marcha para o Norte, rumo a Leningrado, outra para o Centro em direção a Moscou e a terceira para o Sul rumo à Ucrânia.

Como há muita fome na cidade cercada, os pais não deixam os filhos menores e jovens sair de casa. Havia um mercado negro de carne humana em Leningrado.

No começo de 1944, os soviéticos mobilizam 1 milhão de soldados, o dobro do número de inimigos. As últimas unidades alemãs se rendem em 27 de janeiro de 1944.

A vitória em Leningrado, depois da ganhar as batalhas de Stalingrado e Kursk, em 1943, são decisivas para o avanço do Exército Vermelho rumo a Berlim até a vitória final, em 8 de maio de 1945.  

LIBERTAÇÃO DE AUSCHWITZ

    Em 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45) só restam 7,6 mil prisioneiros quando o Exército Vermelho chega a Auschwitz-Birkenau, na Polônia, o maior centro de extermínio e o maior campo de concentração do regime nazista da Alemanha de Adolf Hitler, onde se estima que 1,5 milhão de pessoas foram mortas, inclusive 1,1 milhão de judeus.

Os sobreviventes estão tão fracos, confusos e desorientados que, no primeiro momento, nem se dão conta de que estavam são libertados. A data é comemorada como Dia em Memória do Holocausto.

Auschwitz, Oswiecim em polonês, fica num importante entroncamento ferroviário da Europa Oriental. O campo de concentração começa a funcionar secretamente num antigo quartel do Exército da Polônia  em 20 de maio de 1940, antes mesmo da cúpula do regime nazista aprovar a "solução final para a questão judaica", o genocídio do povo judeu, na Conferência de Wannsee, em Berlim, em 20 de janeiro de 1942.

Em outubro de 1941, a SS, a organização paramilitar do Partido Nazista, cria um complexo centro de extermínio: 300 prédios para prisões, quatro câmaras de gás, chamadas de "casas da banho", e fornos crematórios. Milhares de prisioneiros são submetidos às experiências genétrica do Dr. Josef Mengele, o Anjo da Morte.

Ao todo, estima-se que 11 milhões de pessoas morrem no Holocausto, entre elas 6 milhões de judeus, 1,5 milhão de ciganos, socialistas, comunistas, negros, prisioneiros de guerra e dissidentes do regime nazista.

INCÊNDIO DA APOLO 1

    Em 1967, a nave Apolo 1 pega fogo durante um teste na plataforma de lançamento, em Cabo Canaveral, na Flórida, e os três astronautas a bordo – Edward White, Roger Chaffee e Virgil Grissom – morrem, no primeiro acidente fatal do programa espacial dos Estados Unidos.

O primeiro lançamento do programa Apolo da NASA (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço), que leva o homem à Lua, está marcado para 21 de fevereiro de 1967. O acidente acontece num treinamento. 

White foi o primeiro astronauta norte-americano a sair da nave e passear no espaço, em 3 de junho de 1965.


EUA SAEM DA GUERRA DO VIETNÃ

    Em 1973, os Estados Unidos assinam o Acordo de Paris com o Vietnã do Norte para trocar prisioneiros e sair da Guerra do Vietnã (1955-75).


Quando o Japão se rende na Segunda Guerra Mundial, o líder comunista Ho Chi Minh declara a independência. A França, que era a potência colonial na Indochina antes da ocupação japonesa, não aceita. A Primeira Guerra da Indochina (1946-54) começa no seguinte e termina com a vitória do Vietnã.

O país é dividido em Vietnã do Norte (comunista) e Vietnã do Sul (capitalista). Uma conferência de paz em Genebra estabelece que serão realizadas eleições para unificar o país. Em plena Guerra Fria, quando fica evidente que os comunistas de Ho Chi Minh vão vencer, os EUA cancelam as eleições.

A Segunda Guerra da Indochina ou Guerra do Vietnã começa em 1º de novembro de 1955, em reação à decisão norte-americana de acabar com as eleições. A União Soviética e a China apoiam o Vietnã do Norte e os EUA o Vietnã. 

No governo Dwight Eisenhower (1953-61), os EUA começam a mandar assessores militares. No fim do governo John Kennedy (1961-63), há mais de 2,8 mil militares norte-americanos no Vietnã do Sul. Alguns participam de combates.

Os EUA entram oficialmente na guerra no governo Lyndon Johnson (1963-69), que forja o Incidente do Golfo de Tonkin, em 2 de agosto de 1964, quando o contratorpedeiro USS Maddox é atacado por três lanchas da Marinha dos EUA, que acusam o Vietnã do Norte.

Ao todo, 2,594 milhões de soldados norte-americanos servem na Guerra do Vietnã. O pico é 543.482, em 30 de abril de 1969. 

As negociações de paz começam em 10 de maio de 1968 em Paris, o mês da Revolução dos Estudantes. Depois de um impasse inicial, no governo Richard Nixon (1969-74), EUA e Vietnã do Norte chegam a um acordo, depois de morte de 58.220 soldados dos EUA. 

A guerra só acaba em 30 abril de 1975, quando as forças do Vietnã do Norte tomam Saigon, a capital do Vietnã do Sul, hoje Cidade de Ho Chi Minh, com cenas espetaculares de fuga de helicópteres da Embaixada dos EUA. Mais de 3,3 milhões de vietnamitas morrem na guerra.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Tribunal da ONU manda Israel evitar genocídio mas não ordena fim da guerra

A Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas declarou hoje ser competente para examinar a queixa de genocídio feita África do Sul contra Israel, que considerou plausível, e ordenou Israel a tomar uma série de medidas de para prevenir atos de genocídio e punir a incitação ao genocídio, inclusive evitar mortes de civis e aumento da ajuda humanitária, mas não exigiu um cessar-fogo imediato.

A decisão aumenta a pressão sobre Israel para tomar medidas de proteção a civis inocentes, exige que Israel faça todo o possível para "impedir o cometimento de todos os atos previstos dentro do campo de aplicação" da Convenção sobre Genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza. 

Entre esses atos, a presidente do tribunal, a juíza norte-americana Joan Donoghue, citou "matar membros do grupo, causar sérios danos físicos e mentais a membros do grupo, infligir deliberadamente medidas que levem à destruição do grupo no todo ou em parte e impor medidas para evitar nascimentos dentro do grupo. O tribunal exigiu ainda que Israel tome "todas as medidas em seu poder para prevenir e punir a incitação direta e pública a cometer genocídio".

Israel tem de apresentar um relatório ao tribunal dentro de um mês. Os EUA e a Europa devem usar a decisão para pressionar o primeiro-ministro Netanyahu, mas o chefe de governo de Israel é refém de extremistas de direita que defendem o uso de uma força ainda maior.

O julgamento final sobre o mérito da reclamação sul-africana, apoiada pelo Brasil, pode levar anos. 

Israel e Hamas acertam princípios uma trégua, diz jornal israelense

 Em negociações no Cairo, Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), responsável pelo ataque terrorista de 7 de outubro, teriam chegado a um acordo sobre os "princípios básicos" de uma trégua de de 35 dias para libertar todos os reféns israelenses por prisioneiros palestinos, informou o jornal liberal israelense Haaretz. A notícia não foi confirmada.

Até agora, as posições de negociações pareciam inconciliáveis. O Hamas exigia o fim da guerra e Israel um cessar-fogo temporário. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chegou a atacar o Catar, que negocia pelo Hamas.

Com 110 dias de guerra completados ontem, apesar dos esforços para evitar sua expansão, o conflito no Oriente Médio envolve diretamente 10 países e o povo palestino. Qualquer acordo durável exige um compromisso envolvendo Israel, o Egito, a Jordânia, o Catar, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, sob a liderança dos Estados Unidos, o aliado mais confiável de Israel.

O maior risco de ampliação conflito vem do Líbano, onde Israel bombardeou ontem um aeroporto a 20 quilômetros da fronteira sob o pretexto de que era usado pela milícia extremista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus) e o Irã para atacar o território israelense. Israel deu um prazo até o fim do mês para a retirada do Hesbolá da fronteira. Quer estabelecer uma zona de segurança no Sul do Líbano.

Nesta sexta-feira, a Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas (CIJ) deve anunciar se aceita a denúncia de genocídio apresentada pela África do Sul contra Israel e se vai tentar impor medidas preliminares, inclusive ordenar o fim da guerra, antes do julgamento de mérito, que pode levar anos.

Hoje na História do Mundo: 26 de Janeiro

DESCOBRIMENTO DO BRASIL

    Em 1500, o espanhol Vicente Yáñez Pinzón, comandante da Niña, uma das três naves da frota de Cristóvão Colombo na Descoberta da América pelos europeus, em 1492, é provavelmente o primeiro navegante europeu a estar ao Brasil.

A frota de Yáñez Pinzón chega ao Cabo de Santo Agostinho, hoje parte do estado de Pernambuco, no Nordeste, e segue ao longo da atual costa brasileira até a Foz do Rio Amazonas.

Em 22 de abril daquele ano, Pedro Álvares Cabral chega a Porto Seguro e reivindica o território para a coroa portuguesa com base no Tratado de Tordesilhas.

COLÔNIA PENAL

    Em 1788, o capitão Arthur Phillip chega com 11 navios de condenados para fundar a colônia penal de Nova Gales do Sul, dando início à colonização britânica da Austrália.

A data, comemorada como Dia da Austrália, é polêmica porque marca o início da invasão europeia e da opressão dos aborígenes, que chamam Dia da Invasão e só tiveram seus direitos reconhecidos a partir dos anos 1960.

A frota chega a Baía Botany em 18 de janeiro, mas considera as condições inadequadas e vai para Porto Jackon, na região onde fica hoje o porto de Sídnei, a maior e mais rica cidade australiana.

O país tem duas colônias penais, em Nova Gales do Sul e na Tasmânia, chamada na época de Terra de Van Diemen. Mais tarde, o Império Britânico cria uma terceira no Rio Cisne, no Oeste da Austrália.

Essa combinação de colonização e punição, com invasão, exílio em massa, trabalhos forçados, exploração e genocídio dos nativos, é uma das tragédias promovidas pelo Império Britânico sob o pretexto de levar a "civilização" a povos tecnologicamente mais atrasados.

É um passado trágico e até pouco tempo ignorado pela história oficial, que dava como marco da colonização da Austrália a corrida do ouro, descoberto em Nova Gales do Sul em 12 de fevereiro de 1851. 

REPÚBLICA DA ÍNDIA

    Em 1950, a Índia se torna uma república, consolidando a independência do Império Britânico.

A própria ideia de índia vem do Império Britânico. A Companhia das Índias Orientais domin a região de Bengala por 100 anos, de 1757 e 1857, quando o país passa para a adminstração direta do império. Em 15 de agosto de 1947, torna-se independente. 

Com mais de 1,2 mil povos que falam 900 línguas, a Índia é é a maior democracia e tem a maior diversidade cultural do planeta. Quando se torna independente, o território administrado pelo Império Britânico é dividido entre Índia e Paquistão, que viram inimigos. Desde então, travaram quatro guerras e desenvolveram armas nucleares.

O Dia da República é a data em que entra em vigor a Constituição da Índia, substituindo a Lei de Governo da Índia, de 1935, ainda no período imperial. Aí o Domínio da Índia, o nome imperial, vira República da Índia.

A Constituição declara que é a Índia uma república soberana, socialista, secular e democrática. Assegura aos seus cidadãos justiça, igualdade e liberdade, e se esforça para promover a fraternidade. 

As principais características da Constituição são o sufrágio universal para todos os adultos, o sistema parlamentar de governo no modelo britânico a nível federal e estadual, e o Poder Judiciário independente.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Guerra entre Israel e Hamas é a mais mortal da história recente

A guerra de Israel contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) tem o maior índice de mortalidade de todos os conflitos armados recentes, de acordo com os cálculos da organização não governamental Oxfam, o Comitê de Oxford para o Alívio da Fome. 

Mais de 26 mil palestinos foram mortos desde o início da guerra na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. A média diária de mortes na invasão da Faixa de Gaza é de 250. Na guerra civil da Síria, a média era de 96,5 mortes por dia, na guerra civil do Sudão é de 51,6, na invasão do Iraque pelos EUA 50,8, na invasão da Ucrânia pela Rússia 43,9, na guerra do Afeganistão 23,8 e na guerra civil do Iêmen 15,8.

A Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas deve responder nesta sexta-feira ao pedido da África do Sul de ordenar um cessar-fogo imediato no processo em que denuncia Israel por cometer genocídio em Gaza.

A Agência da ONU para Refugiados Palestinos acusou Israel de atacar a causar um incêndio num de seus centros de treinamento onde centenas de civis tentavam se proteger dos bombardeios. Pelo menos 12 pessoas morreram. 

As negociações para uma nova trégua com troca de reféns israelenses por presos palestinos estão estagnadas.

Os Estados Unidos bombardearam no Iraque posições da milícia xiita Kataib Hesbolá (Batalhões do Partido de Deus), em resposta a um ataque que feriu dois militares norte-americanos e um iraquiano.

O ex-vice-primeiro-ministro e ex-comandante em chefe das Forças Armadas Benny Gantz, membro do gabinete de guerra, é o favorito para ser o próximo chefe de governo de Israel.

Hoje na História do Mundo: 25 de Janeiro

IMPERADOR CLÁUDIO

    Em 41 depois de Cristo, Cláudio se torna o quarto imperador romano, sucedendo a seu sobrinho Calígula. No seu reinado, o Império Romano estende seus domínios ao Norte da África e conquista o que hoje é a Inglaterra.

Tibério Cláudio Druso Nero Germânico nasce em Lugdnum, hoje Lyon, na Gália, agora parte da França, em 1º de agosto do ano 10 da era cristã, filho de Nero Cláudio Druso, um importante general do Império Romano. É sobrinho do imperador Tibério.

Manco e gago, ele fica longe da vida pública até o imperador Calígula, seu sobrinho, o nomear cônsul e senador. O historiador Tito Lívio, contratado como seu tutor, o incentiva a estudar história. Quando a guarda pretoriana mata Calígula, o encontra escondido atrás de uma cortina com medo de também ser morto.

Único homem adulto da família, debilitado fisicamente e sem experiência política, Cláudio é proclamado imperador talvez na expectativa de que será facilmente manipulado.

Apesar de estigmatizado pela própria mãe, Cláudio torna-se um aluno brilhante, um bom governante e estrategista militar amado pelo povo. Durante seu reinado o Império Romano tem uma expansão como não vê desde Augusto (27 AC-14 DC). Ele conquista a Trácia, a Nórica, a Panfília, a Lícia, a Judeia e a Britânia, que Júlio César não conseguira quase um século antes. 

Sua terceira mulher, Valéria Messalina, poderosa e influente passa à história com fama de promíscua. Acusada de conspirar contra o marido, é presa e executada em 48. De acordo com o historiador Tácito, organizou uma cerimônia pública de casamento com seu amante, Caio Sílio Talvez por um viés político, seu nome vira sinônimo de prostituta.

Cláudio casa então com a sobrinha Agripina, o que contraria a lei romana, alterada para permitir o casamento. Ele é assassinado por envenenamento, possivelmente por cogumelos e supostamente instigado pela mulher, em 13 de agosto de 54. É sucedido por Nero, último imperador da dinastia júlio-claudiana.

SEGUNDO CASAMENTO DE HENRIQUE VIII

    Em 1533, Henrique VIII se casa secretamente com Ana Bolena para tentar ter um filho homem depois de se separar de Catarina de Aragão, o que o levoa a romper com o Vaticano e criar a Igreja da Inglaterra, com os mesmos rituais católicos, em 1534. É uma decisão mais política do que teológica.

Henrique VIII nasce em Greenwich em 28 de junho de 1991. É filho de Henrique Tudor, que derrota o rei usurpador Ricardo III na Batalha de Bosworth, em 22 de agosto de 1485, e vence a Guerra das Duas Rosas (1455-1487), a guerra entre as dinastias de Lancaster e York, herdeiras de Eduardo III, e se torna Henrique VII, o primeiro rei da dinastia Tudor.

A grande preocupação de Henrique VIII é ter um filho homem para evitar uma guerra de príncipes pela sucessão. Mas Catarina de Aragão, filha dos reis católicos da Espanha, Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela, lhe dá uma filha mulher, Maria Tudor, futura Maria I.

Ele se divorcia de Catarina de Aragão, motivo do rompimento com a Igreja Católica, para se casar com Ana Bolena, que lhe dá outra filha mulher, Elizabeth I, a mulher mais poderosa da história da Inglaterra. Tem seis mulheres. A terceira, Jane Seymour, lhe dá o filho homem, Eduardo VI.

Ana Bolena é acusada de traição e decapitada na Torre de Londres em 19 de maio de 1536. Quando Henrique VIII morre, em 28 de janeiro de 1547, o único filho legítimo homem, Eduardo VI, ascende ao trono com nove anos. Com a saúde frágil, morre aos 15 nos, em 6 de julho de 1553. É sucedido por Lady Jane Gray, filha de uma irmã de Henrique VIII, a Rainha dos Nove Dias.

Quem herda o trono é Maria I, a primeira mulher a reivindicar com sucesso o trono da Inglaterra. Ele se casa com Felipe II, da Espanha, filho de Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico, mas não tem filhos. Católica, tenta reverter a Reforma Protestante na Inglaterra. 

Maria I morre em 17 de novembro de 1558. É sucedida por Elizabeth I, filha de Ana Bolena,  que retoma a Reforma Protestante e começa a construir o Império Britânico. Conhecida como a Rainha Virgem, morre sem deixar filhos em 1603. 

Elizabeth I é sucedida por Jaime I da Inglaterra e Jaime VI da Escócia, católico, filho de sua inimiga Maria Stuart, que manda construir um túmulo para a mãe na Abadia de Westminster do mesmo nível do de Elizabeth I.

O conflito entre católicos e protestantes leva à Guerra Civil Inglesa do século 17. Carlos I, filho de Jaime I, é decapitado em 30 de janeiro de 1649, início de um breve período republicano na história da Inglaterra. A guerra só termina a Revolução Gloriosa 1688, que produz a Declaração de Direitos de 1689, estabelece a supremacia do Parlamento e torna a Inglaterra numa monarquia constitucional.

FUNDAÇÃO DE SÃO PAULO

    Em 1554, os padres jesuítas Manuel da Nóbre e José de Anchieta e o cacique Tibiriça fundam uma missão e uma escola que dão origem à cidade de São Paulo no dia da conversão de São Paulo. O Pátio do Colégio é o primeiro assentamento no planalto brasileiro.

No fim do século 16, a povoação em apenas 300 habitantes, na maioria pobres do Sul de Portugal. A prosperidade começa no século 17 com a exploração do interior pelos bandeirantes em busca de ouro, prata, diamantes e índios para escravizar.

Em 1711, São Paulo se torna uma cidade. A descoberta de ouro e diamantes na Colônia em Minas Gerais estimula a imigração europeia e muda o eixo econômico do Nordeste para o Sudeste do Brasil.

O imperador Pedro I proclama a independência em 7 de setembro de 1822 às margens do Riacho Ipiranga dando a São Paulo um lugar proeminente na história do Brasil. Em 1840, a cidade tem cerca de 20 mil habitantes concentrados na área do Vale do Anhangabaú. Um mercado municipal é construído em 1867.

A riqueza começa com o ciclo do café, que se torna o principal produto de exportação do Brasil, atraindo imigrantes, principalmente italianos, que são 600 mil dos 900 mil estrangeiros atraídos pelo país entre 1888 e 1900. Também chegam portugueses, espanhóis, alemães, europeus-orientais, sírios, libaneses e japoneses, que transformam São Paulo na potência econômica que é hoje.

O Viaduto do Chá, sobre o Vale do Anhangabaú, é construído em 1892. O prefeito Antônio Prado (1899-1911) alarga ruas, constrói novas praças e conclui a espetacular Estação da Luz, um dos símbolos da cidade. Os barões do café constroem mansões na Avenida Paulista. 

Em 1905, fábricas de tecidos e sapatos ocupam os bairros do Brás, Bom Retiro, Mooca, Água Branca e Ipiranga.

A Semana de Arte Moderna de 1922 é um marco da história do modernismo no Brasil. Consagra São Paulo como o centro cultural que é hoje. 

Em 1960, quando a capital é transferida do Rio de Janeiro para Brasília, São Paulo já é a maior cidade do Brasil e se consolida como um dos maiores centro de desenvolvimento urbano do mundo. Mas o crescimento urbano é caótico. Só em 1972 são aprovadas leis de zoneamento.

Hoje a cidade de São Paulo tem 11,451 milhões de habitantes, o mesmo que 2.534 municípios brasileiros, de acordo com o Censo de 2022. A região metropolitana tem 21,9 milhões de habitantes. 

MADAME MAO CONDENADA

    Em 1981, a viúva de Mao Tsé-tung, Jiang Ching, é condenada à morte por "crimes contrarrevolucionários" cometidos durante a Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76) na China.

A atriz e quarta mulher de Mao, o líder da revolução comunista chinesa, nasce pobre em Zhucheng em 19 de março de 1914, filha natural de um carpinteiro violento e alcoólatra e sua concubina. É batizada Li Shu-meng. Ao longo da vida, adota vários pseudônimos.

Quando criança, começa a fazer teatro comunitário. Ele se casa com um comerciante, se divorcia e aí começa a namorar um membro do Partido Comunista, que é perseguido pelo partido nacionalista Kuomintang (KMT) durante a guerra civil.

Em 1934, a futura Madame Mao vai para Xangai, a maior e mais cosmopolita cidade chinesa, perseguir o sonho de fazer cinema. Presa por ser comunista, fica meses na cadeia. Ao sair, muda o nome para Lan Ping (Maçã Azul).

Jiang consegue um papel de protagonista como Nora na peça A Casa dos Bonecas, do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, mas não impressiona os produtores de cinema. Nessa época, ela se apaixona pelo ator e diretor Tang Na, com quem tem um casamento conturbado. Eles se divorciam em 1937.

De acordo com o historiador australiano Ross Terrill, biógrafo de Madame Mao: o diabo de ossos brancos, nessa época ela levava uma vida burguesa e decadente em Xangai. Fica famosa pelos escândalos, um passado que no futuro tenta apagar.

Numa nova transformação, vira Jiang Ching (Rio Verde), uma recatada militante comunista que seduz o grande líder da revolução. Jiang conhece Mao em Yanan, no Norte da China. Lá os comunistas instalam o quartel-general depois da Longa Marcha, uma fuga do Exército Vermelho do PCC por 9 mil quilômetros percorridos em um ano para escapar dos massacres do KMT.

Quando os japoneses invadem Xangai, em agosto de 1937, a atriz vai para o QG do partido para participar de filmes de propaganda comunista. Mais uma vez, não tem sucesso como atriz.

Ela consegue atrair Mao participando de conferências e palestras do líder. Senta nas primeiras filas e faz comentários entusiasmados. A relação incomoda outros líderes do partido. Ator não é profissão bem vista, Mao é casado e Jiang muito mais moça. Mas ele se separa e o casal se casa em 28 de novembro de 1938.

Com a vitória da revolução, em 1º de outubro de 1949, as mulheres da cúpula do PCC são convidadas para o Comitê Central, mas Jiang é excluída. Ela passa os anos 1950 fazendo várias viagens a Moscou para tratamento médico.

Recuperada, Madame Mao passa a trabalhar nos órgãos governamentais encarregados do controle e da censura das artes, especialmente das artes cênicas, do cinema e do teatro. Um de seus alvos prediletos são as óperas chinesas, que apresentam um mundo de imperadores, concubinas e monstros, sem maior relação com a vida do camponês e a luta revolucionária.

Agressiva e arrogante, Jiang é afastada do cargo. Enquanto isso, o Grande Salto para a Frente, um programa de Mao para acelerar o desenvolvimento industrial da China instalando usinas siderúrgicas em fazendas coletivas e comunidades rurais, fracassa. Entre 15 e 55 milhões de chineses morrem de fome ou em perseguição política entre 1958 e 1962.

Sob pressão de outros dirigentes do PCC, Mao se cerca de um pequeno grupo de radicais, inclusive sua mulher, e lança em 1966 a Grande Revolução Cultural Proletária, uma era do radicalismo político mais extremo, com grande expurgo de altos funcionários e intelectuais, muitos enviados para reeducação em comunidades rurais, em que alunos puniam professores e filhos denunciavam os pais por "desvios burgueses".

Milhões de estudantes deixam as escolas e universidades para se tornar guardas vermelhos, fiéis seguidores e implementadores das políticas expressas no Livro Vermelho de Mao, que brandiam nos ares em histeria coletiva. O trânsito para no sinal verde e anda no sinal vermelho. Obras de arte e de arquitetura são destruídas como resquício de um período imperial e ser varrido da história.

Como mulher mais poderosa da China, Jiang se vinga daqueles que a humilharam. Reinando sobre o setor cultural, cria as "óperas revolucionárias". Os heróis são camponeses que lutam contra grandes proprietários malvados, invasores japoneses e outros inimigos da revolução.

Seu poder vai muito além da cultura. Em 1969, Jiang entra para o Politburo do PCC. Faz parte do núcleo central e da ala mais radical que cercava o Camarada Mao, a Gangue dos Quatro. 

Um mês depois da morte de Mao em 9 de setembro de 1976, a viúva é presa e condenada à morte sob a acusação de ser responsável com a Gangue dos Quatro pelo radicalismo e a violência, quando Mao defenderia apenas a "luta pacífica". Em 1983, a pena é comutada para prisão perpétua. 

Ao sair para fazer tratamento médico, Jiang Ching se suicida em 14 de maio de 1991.