segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

2023 foi ano da guerra e tudo indica que 2024 será também

Depois da invasão da Ucrânia pela Rússia em 2002, que acabou com os dividendos da paz do mundo pós-Guerra Fria, a guerra de Israel contra o grupo terrorista Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) perturbou em 2023 ainda mais um mundo já conturbado, sem esquecer da guerra civil no Sudão e na epidemia de golpes militares na região do Sahel, ao sul do Deserto do Saara, na África. Na América Latina, uma zona de paz internacional, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, ameaça anexar a maior parte do território da vizinha Guiana.

Tanto o ditador da Rússia, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, têm interesse em prolongar as guerras para enfraquecer o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e auxiliar a volta à Casa Branca do ex-presidente Donald Trump, golpista, corrupto e fascista, aliado incondicional de Netanyahu e quase aliado de Putin.

Será um ano de eleições importantes, a começar em 13 de janeiro por Taiwan, a ilha que a China considera uma província rebelde e ameaça invadir se proclamar a independência. Na Rússia, Putin sobreviveu ao maior desafio em 23 anos no poder com a rebelião do mercenário Yevgueni Progojin, que morreu na explosão de um avião a mando do ditador, deve ser reeleito sem problemas em março.

As três maiores democracias do mundo realizam eleições em 2024. Na Indonésia, que vota em 14 de fevereiro, não há muita diferença programática entre os principais candidatos. Com 950 milhões de eleitores, a Índia divide a votação em vários dias. Deve reeleger o primeiro-ministro Narendra Modi, um extremista de direita e ultranacionalista hindu que persegue muçulmanos e cristãos, numa ameaça à maior democracia do mundo.

A eleição mais importante será em 5 de novembro nos EUA, uma reedição da disputa entre Biden e Trump, o que a maioria do eleitorado não quer. Apesar de quatro processos criminais com um total de 91 acusações, Trump é o franco favorito nas eleições primárias do Partido Republicano. 

Aos 81 anos, Biden é considerado velho demais e perdeu prestígio em setores importantes do eleitorado do Partido Democrata pelo apoio incondicional a Israel. A eleição deve ser decidida pela economia, que está crescendo, com desemprego de apenas 3,7%, mas a inflação pós-pandemia reduziu o poder aquisitivo.

Na América Latina, o México deve eleger a primeira mulher para a Presidência em 2 de junho. A favorita é a ex-prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum. Na Argentina, o ultradireitista Javier Milei baixou um "decreto de necessidade e urgência" com mais de 600 medidas que tiram a proteção do Estado e entregam a economia ao setor privado, além de uma reforma política que nada tem a ver com o combate à inflação, que promete debelar em dois anos. Vai enfrentar uma forte resistência, com uma greve geral convocada para 24 de janeiro.

2023 foi um ano de catástrofes climáticas que deixaram evidentes as consequência do aquecimento global causado pelo homem. A 28ª Conferência da ONU sobre mudança do clima aprovou medidas importantes mas insuficientes para conter o aumento da temperatura em até dois graus centígrados.

Talvez a novidade mais importante do ano tenha sido a popularização da inteligência artificial, que suscita debates sobre implicações e se as máquinas um dia vão suplantar os seres humanos e dominar o mundo como alertaram obras de ficção científica.

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