quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Hoje na História do Mundo: 3 de Janeiro

MARTINHO LUTERO EXCOMUNGADO

    Em 1521, o Papa Leão X excomunga o monge alemão que questiona as práticas da Igreja Católica e inicia a Reforma Protestante.

Lutero nasce em Eisleben, na Saxônia, hoje parte da Alemanha, em 10 de novembro de 1483. Na primavera de 1488, ele começa seus estudos na Escola Latina de Mansfield, onde aprende latim e tem os primeiros ensinamentos religiosos. Vai para Magdeburgo, em 1497. Em 1501, entra para a Universidade de Erfurt, onde se forma bacharel em artes liberais no ano seguinte. Três anos depois, conclui um mestrado.

Por influência do pai, começa a estudar direito. Menos de seis semanas depois, em 17 de julho de 1505, abandona o curso e entra para o Mosteiro da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, em Erfurt, que obriga a fazer voto de pobreza.

Lutero começa a fazer doutorado em teologia em Erfurt e Wittenberg. Interrompe os estudos ao ser nomeado pelo Papa Júlio II observador da ordem dos agostinianos alemães em Roma. A experiência romana o marca profundamente. Ele vê uma falta de espiritualidade no coração da Igreja Católica. De volta a Wittenberg, conclui o doutorado em teologia em 1512 e se torna professor.

Quando vê o frei dominicano Johann Tetzel aconselhar fiéis a comprar uma carta de indulgência para espiar seus pecados, Lutero faz uma série de proposições para provocar um debate acadêmico sobre a venda de indulgências e envia cópia a Albert, Arcebispo de Mogúncia.

Em 21 de outubro de 1517, prega um texto com suas 95 teses na porta da catedral do Castelo de Wittenberg. Ele critica o poder do papa e protesta contra o comércio de indulgências. 

Na Tese 86, pergunta: "Por que o Papa, cuja riqueza hoje é maior do que a do milionário Crasso [o homem mais rico da Roma Antiga], não constrói a Basílica de São Pedro com seu próprio dinheiro e, sim, com o de crentes pobres?"

Um de seus adversários no debate é o Cardel Cajetan, que acusa Lutero de negar que a Igreja tenha o poder de distribuir o infinito "tesouro de méritos". O primeiro exame das alegações pela Cúria Romana conclui que as teses de Lutero são "escandalosas e ofensivas a ouvidos pios", mas não heréticas.

No segundo exame, em 15 de junho de 1520, uma bula do Papa Leão X afirma que 41 frases de Lutero são "heréticas, escandalosas e ofensivas a ouvidos pios". O monge rebelde responde com um texto intitulado Contra a Bula Execrável do Anticristo. Em 10 de dezembro de 1520, vai até uma fogueira acesa por seus alunos e joga a bula papal no fogo.

MUSSOLINI DITADOR

    Em 1925, o líder fascista Benito Mussolini se autoproclama ditador da Itália. 


 Filho de um ferreiro, Benito Amilcare Andrea Mussolini nasce em 29 de julho 1883 em Predápio e se apresenta como "um homem do povo". Desde criança, é desobediente, rebelde e agressivo. Brigão, é expulso da escola depois de esfaquear um colega.

Inteligente, bom orador e leitor voraz, estuda Kant, Spinoza, Nietzsche, Hegel e Kautsky. Entra para o Partido Socialista e vira editor do jornal Avanti!, cuja circulação dobra. Antimilitarista e anti-imperialista, opõe-se à participação da Itália na Primeira Guerra Mundial (1914-18).

Com base na ideia de Karl Marx de que a guerra levaria à revolução, muda de ideia e passa a fazer propaganda de guerra. Expulso do PS, vira editor do jornal Il Populo di Italia e lança o slogan: "Viva a Itália!", que seria o grito de guerra do fascismo.

Em fevereiro de 1918, defende a ditadura de "um homem suficientemente enérgico e implacável para uma varredura e uma limpeza total". No ano seguinte, funda o Partido Nacional Fascista e chama suas forças, os camisas pretas, de fasci di combattimento.

No fim de 1921, os fascistas dominam grande parte da Itália enquanto as esquerdas entram em colapso. Com a leniência do governo liberal, os fascistas montam uma ampla base de apoio ultranacionalista e anticomunista. Mussolini prepara o assalto ao poder.

Um dia depois da Marcha sobre Roma, em 29 de outubro de 1922, o rei Vítor Emanuel III convida Mussolini para formar o governo. 

Em 10 de junho de 1924, o deputado socialista Giacomo Mateotti é morto depois de fazer discursos e lançar o livro Os Fascistas Expostos: um ano de dominação fascista. No início de 1925, Mussolini adquire poderes absolutos.

Sob o regime fascista, a Itália invade a Etiópia em 1935 e se alia à Alemanha de Adolf Hitler para formar o Eixo, derrotado na Segunda Guerra Mundial. Mussolini é deposto depois da invasão dos aliados à Itália em 1943, preso e libertado pelos nazistas, que criam a República Social Italiana na parte do Norte da Itália que dominam.

Com a derrota final, é morto pela resistência italiana em 28 de abril de 1945.

ALASCA VIRA ESTADO

    Em 1959, o Alasca se torna o 49º estado dos Estados Unidos.

O Alasca é habitado desde 10 mil anos antes de Cristo. Durante a Era Glacial, o Mar de Bering era mais baixo. Uma ponte terrestre ligava a Sibéria à América. Por lá o homem chega ao continente americano.

A Rússia implanta a primeira colônia europeia em 1784 na Baía dos Três Santos. Depois da Guerra da Crimeia (1853-56), a Rússia mostra interesse em vender o Alasca aos EUA. O negócio é defendido pelo secretário de Estado, William Seward, que enfrenta forte oposição por se tratar de um deserto gelado.

Seward oferece US$ 7,2 milhões e os EUA assumem o controle do território em 18 de outubro de 1867. O negócio é chamado de "loucura de Seward". 

A descoberta de ouro no Território de Yukon, no Canadá, em 16 de agosto de 1896 deflagra uma corrida do ouro que inclui o Alasca. Cerca de 100 mil garimpeiros vão para a região. A "loucura de Seward" se paga com alto lucro.

FIDEL EXCOMUNGADO

    Em 1962, o Papa João XXIII excomunga o primeiro-ministro Fidel Castro por impor o regime comunista a Cuba.

Fidel Castro Ruz nasce em Birán, em Cuba, em 13 de agosto de 1926. Filho de um fazendeiro rico, adere a ideias anti-imperialistas quando estuda direito na Universidade de Havana.

Depois de participar de rebeliões contra governos de direita na Colômbia e na República Dominicana, lidera a primeira rebelião em Cuba com o assalto ao Quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, em 26 de julho de 1953. É preso e condenado a 15 anos de prisão. No julgamento, diz: "A história me absolverá."

Anistiado em 1955, foge para o México. Volta em 2 de dezembro de 1956 a bordo do iata Granma com um grupo de 83 homens que inclui seu irmão Raúl Castro, Camilo Cienfuegos e o médico argentino Ernesto Che Guevara. Eles iniciam uma guerrilha na Sierra Maestra que toma o poder em Havana em 1º de janeiro de 1959.

Na Segunda Declaração de Havana, em dezembro de 1961, Fidel proclama o caráter marxista-leninista da Revolução Cubana e convoca a América Latina a se rebelar.

GEN. NORIEGA SE RENDE

    Em 1990, depois de 10 dias de uma guerra psicológica que inclui música de grandes alto-falantes em volume máximo tocando rock'n'roll heavy metal diante da Embaixada do Vaticano, onde está refugiado, o general Manuel Noriega se rende as forças dos Estados Unidos que invadem o Panamá em 20 de dezembro de 1989 na Operação Justa Causa.

Noriega nasce na Cidade do Panamá em 11 de fevereiro de 1934. Estuda na Academia Militar de Chorrillos e na Escolas das Américas, a escola de ditadores latino-americanos instalada na Zona do Canal do Panamá, um enclave norte-americano no país.

Quando o coronel Omar Torrijos derruba o presidente Arnulfo Arias, em 1968, nomeia Noriega para chefe do serviço secreto.

 Como chefe da inteligência do Panamá, Noriega vira agente da CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA) em 1971 e distribui armas para grupos paramilitares apoiados pelos EUA na América Latina. Com a morte de Torrijos, em 1981, ele consolida o poder e se torna comandante militar e ditador em 1983.

Os EUA se voltam contra ele após a morte brutal do líder guerrilheiro Hugo Spadafora, que lutaram ao lado da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) na Revolução Nicaraguense. Acusado de extorsão e de cooperar com as máfias colombianas do tráfico de drogas, passa a ser alvo dos EUA.

COMANDANTE IRIANIANO ELIMINADO

    Em 2020, um míssil disparado pelos Estados Unidos perto do aeroporto de Bagdá, no Iraque, mata o general Kassem Sulaimani, comandante da Força Quds, braço da Guarda Revolucionária Iraniana para ações no exterior, o general mais importante do Irã, principal operador da política externa da República Islâmica no Oriente Médio, responsável por mais de 60 milícias.

Suleimani nasce em 11 de março de 1957 na Província de Carmânia, no Irã. Começa sua carreira militar na Guerra Irã-Iraque (1980-88), quando morreram um milhão de muçulmanos, onde chega a comandar a 41ª Divisão de Exército. Depois, passa a comandar ações do Irã no exterior, inclusive nas revoltas de curdos e xiitas contra o ditador iraquiano Saddam Hussein.

Durante a guerra civil da Síria, a partir de 2012, ele ajuda diretamente a ditadura de Bachar Assad a resistir aos grupos rebeldes sunitas. Coordena a luta de milícia xiitas contra a organização terrorista Estado Islâmico.

O bombardeio que o mata, autorizado pelo presidente Donald Trump (2017-21), é uma resposta a um ataque de uma milícia xiita iraquiana à Embaixada dos EUA em Bagdá. 

Poucos dias atrás, a Guarda Revolucionária Iraniana declara que o ataque terrorista de 7 de outubro a Israel é uma resposta à morte de Suleimani porque a inteligência de Israel teria orientado os EUA. O grupo terrorista Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) nega. Afirma que é uma ação palestina contra a ocupação israelense.

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