segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Hoje na História do Mundo: 22 de Janeiro

 MORTE DA RAINHA VITÓRIA

    Em 1901, depois de 63 anos de reinado e de 81 de vida, morre a rainha Vitória, da Inglaterra, imperatriz da Índia, marco do fim de uma era de grande expansão do Império Britânico, onde o Sol nunca se punha.

Vitória nasce em 24 de maio de 1819 e ascende ao trono com 18 anos, em 20 de junho de 1837, com a morte de seu tio Guilherme IV. 

Amiga de seu primeiro primeiro-ministro, Lorde Melbourne, Vitória tenta evitar que seja sucedido pelo conservador Sir Robert Peel em 1839. Dois anos depois, os conservadores vencem a eleição. Ela é obrigada a aceitar Peel. Nunca mais intervém diretamente na política.

Em fevereiro de 1840, ela se casa com o primo Albert, um príncipe alemão. Ele se torna um conselheiro importante e secretário particular da rainha. O casal organiza a primeira exposição internacional, a Grande Exposição, em 1851, para apresentar ao mundo o poder da indústria britânica.

Albert leva Vitória a se afastar dos liberais e se aproximar dos conservadores. A rainha apoia claramente Benjamin Disraeli, líder do Partido Conservador. Quando Disraeli se torna primeiro-ministro, dá a Vitória o título de imperatriz da Índia, em 1876.

DIREITO AO ABORTO

    Em 1973, a Suprema Corte dos Estados Unidos toma uma de suas decisões mais discutidas, criando o direito constitucional ao aborto ao declarar que uma lei do estado do Texas que criminalizava a interrupção da gravidez era inconstitucional por violar o direito da mulher à privacidade com base na Emenda nº 14.

Depois que o então presidente Donald Trump nomeia três juízes conservadores para a Suprema Corte, em 24 de junho de 2022, por 5 a 4, o supremo tribunal dos EUA revogou o direito constitucional ao aborto ao decidir que, como a Constituição não toca no assunto, a questão é de competência dos estados.

Naquele caso, por 6 a 3, a Suprema Corte considera constitucional uma lei do estado do Alabama que proíbe o aborto após 15 semanas de gravidez. o presidente do tribunal, ministro John Roberts, tenta evitar a mudança na jurisprudência firmada em 1973, mas é atropelado pelos outros juízes conservadores.

Desde então, vários estados decidiram em plebiscitos manter o direito ao aborto. A questão favorece os candidados democratas em eleições recentes, inclusive em 2022, quando os democratas mantiveram a maioria no Senado, mas perderam na Câmara.

SAKHAVOV PRESO 

    Em 1980, o físico Andrei Sakharov, o pai da bomba de hidrogênio da União Soviética, é preso por criticar a invasão do Afeganistão, se torna o mais importante dissidente do regime comunista, perde todas as honrarias e é enviado para o exílio interno na cidade de Gorki.

Sakharov nasce em Moscou em 1921 e estuda física na Universidade de Moscou. Em 1948, é recrutado pelo programa nuclear soviético.

Depois de detonar sua primeira bomba atômica, em 29 de agosto de 1949, a URSS entra na corrida nuclear com os Estados Unidos para desenvolver a bomba H. Os EUA conseguem primeiro, em 31 de outubro de 1952. Três anos depois, em 22 de novembro de 1955, a URSS explode sua bomba H.

Diante da potência da nova bomba, milhares de vezes maior do que a das bombas atômicas de urânio e plutônio, Sakharov se arrependeu. Num artigo sobre os males da radioatividade, em 1957, pediu o fim dos testes nucleares.

A URSS tolera as críticas até 1969, quando o jornal The New York Times publica um artigo de Sakharov atacando a corrida armamentista e o regime comunista soviético, e defende "uma sociedade democrática e pluralista livre da intolerância e do dogmatismo, uma sociedade humanitária que cuide da Terra e de seu futuro."

Afastado do programa nuclear soviético, ele se torna um ativista em defesa dos direitos humanos. Em 1975, ganha o Prêmio Nobel da Paz. Quando denuncia a invasão do Afeganistão, vai para o exílio interno em Gorki.

Com a liberalização do regime promovida por Mikhail Gorbachev a partir de 1985, Sakharov é reabilitado em dezembro de 1986 e é eleito para o Congresso dos Deputados do Povo. Morre de ataque cardíaco em 1989, aos 68 anos.

MAIOR MINORIA

    Em 2003, o Birô do Censo nos Estados Unidos revela que os hispânicos (latino-americanos) se tornam a maior minoria racial do país ultrapassando os negros.

Hoje os hispânicos são 19,1% da população dos EUA e os negros 13,6%. Os brancos não latinos e não hispânicos são 58,9%. Os brancos, considerando todos, são 75,5%.

PRESIDENTE INDÍGENA

    Em 2006, Evo Morales, da tribo aimará, toma posse como o primeiro presidente indígena da história da Bolívia e o segundo da América Latina, depois do mexicano Benito Juárez (1858-72). Durante seus três governos, o produto interno bruto boliviano cresce 344% e a pobreza extrema cai de 38% para 15%.

Morales nasce em Orinoca em 26 de outubro de 1959. Entra na política como sindicalista dos agricultores produtores da folha de coca, sagrada para os índios da região dos Andes, e se opõe firmemente às tentativas dos Estados Unidos de erradicar as plantações de coca, matéria-prima para fabricação de cocaína.

Depois de ficar em segundo lugar na eleição de 2002, Evo se elege no primeiro turno em 18 de dezembro de 2005, com 54% dos votos, nacionaliza o petróleo e o gás, ocupando militarmente instalações da Petrobrás no país e consegue aprova uma nova Constituição que declara que a Bolívia é um Estado plurinacional e reconhece os direitos dos povos indígenas, inclusive a seu próprio sistema de justiça.

Reeleito em 6 de dezembro de 2009 no primeiro turno com 64% dos votos, Evo declara que o limite constitucional de dois mandatos só vale após a aprovação da nova Constituição e concorre a uma segunda reeleição em 12 de outubro de 2014. Vence com 61%.

Como a Constituição só permite uma reeleição, Evo convoca um referendo constitucional para mudar a regra e perde, em 21 de fevereiro de 2016 por 51% a 49%, mas ignora o resultado. Recorre ao Tribunal Constitucional Pluriancional.

Em 28 de novembro de 2017, o supremo tribunal boliviano autoriza nova reeleição com base em decisão Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), o Tribunal de São José da Costa Rica que considera o direito de ser candidato um direito humano fundamental. 

Evo sai na frente no primeiro turno da eleição de 20 de outubro de 2019, mas denúncias de fraude confirmadas em relatório da missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) deflaglaram uma onda de protestos populares com mortes. Em 10 de novembro, o presidente cede e admite convocar nova eleição. Horas depois, renuncia sob pressão das Forças Armadas, da Polícia Nacional e da Central Operária Boliviana (COB) para evitar mais mortes.

Numa manobra golpista, o presidente, o vice-presidente e os presidentes da Câmara e do Senado, todos do Movimento ao Socialismo (MAS), o partido de Morales, renunciam coletivamente, deixando o Estado boliviano acéfalo para tentar voltar ao poder. Evo foge para o México. A segunda vice-presidente do Senado, Jeanine Ágnez, assume a Presidência. Hoje, está presa sob a acusação de liderar um golpe de Estado.

O MAS volta ao poder com a vitória de Luis Arce, ministro da Economia de Morales, em 18 de outubro de 2020. Evo se comporta como oposição a seu próprio partido e trama a volta ao poder em 2025, mas é barrado pelo Tribunal Constitucional de 30 de dezembro de 2023, que revoga a decisão de 2017 a favor de Morales.

Em 16 de agosto de 2021, a CIDH decide que "a proibição da reeleição indefinida é compatível com a Convenção Americana de Direitos Humanos", revogando a medida que beneficiara Morales. 

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