Em sua primeira entrevista coletiva como presidente eleito da Argentina, o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, colocou o combate à inflação como maior prioridade. Ele disse que primeiro precisa ver como estão as contas públicas.
Em política externa, ameaçou aplicar a cláusula democrática do Mercosul à Venezuela por causa das prisões de líderes da oposição e da falta de liberdade de expressão.
"A principal urgência econômica é ter um plano de combate à inflação", declarou Macri. O índice de crescimento de preços ronda os 25%-30% e é escamoteada pelo governo Cristina Kirchner. O presidente eleito prometeu ainda liberar o câmbio de dólares, controlado pelo governo desde 2011 por causa da escassez de divisas, com uma cotação única.
Como as reservas cambiais da Argentina caíram a US$ 27 bilhões, o país vai precisar de dinheiro de fora para suprir a demanda pela moeda americana. A desvalorização do peso será inevitável. A grande aposta hoje na Argentina é qual será o valor do dólar.
"A primeira viagem será ao Brasil, é nosso principal sócio no futuro", anunciou.
Macri não terá um ministro da Economia, mas uma equipe econômica incluindo os ministros da Fazenda, da Agricultura, Pecuária e Pesca, Produção, Trabalho e Transportes.
O presidente eleito se comprometeu o manter os julgamentos dos torturadores e assassinos da última ditadura militar argentina (1976-83) e as políticas de combate à violência de gênero contra mulheres e homossexuais.
Ele vai pedir ao Congresso a revogação do memorando de entendimento com o Irã para uma investigação conjunta sobre o atentado terrorista contra a AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina), que deixou 85 mortos e 300 feridos em julho de 1994.
Em 19 de janeiro de 2015, o promotor encarregado do caso, Alberto Nisman, foi encontrado morto horas antes de depois na Câmara Federal sobre suas razões para denunciar a presidente Cristina Kirchner por fazer um acordo lesivo aos interesses do país.
Depois de anos de pressão do kirchnerismo sobre o Judiciário, Macri afirmou que "a Justiça deve ter toda a liberdade para ir a fundo" contra "aqueles que violarem" a lei, prometendo combater a corrupção e a impunidade. À imprensa, outro alvo preferido do casal Kirchner, prometeu "diálogo e transparência".
Outra proposta é declarar situação de emergência na segurança pública e tomar medidas para impedir que as gangues do tráfico de drogas controlem territórios nos bairros pobres.
Mauricio Macri toma posse em 10 de dezembro, logo depois das eleições parlamentares da Venezuela, onde o regime chavista fará tudo para tentar evitar ou até negar a vitória da oposição. Na reunião de cúpula do Mercosul de 21 de dezembro, em Assunção, no Paraguai, ele promete pedir a suspensão do governo Nicolas Maduro do bloco por "perseguir" líderes da oposição e por "falta de liberdade de expressão".
O governo Dilma Rousseff, que se nega a criticar Maduro, será obrigado a deixar clara sua posição sobre as violações dos direitos humanos na Venezuela.
Em política comercial, manifestou a intenção de sacudir o protecionismo do bloco e negociar acordos com a UE e a Aliança do Pacífico.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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