segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Partido da ditadura reconhece vitória da oposição em Mianmar

A Liga Nacional pela Democracia (LND), liderada por Aung San Suu Kyi, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 1991, venceu as primeiras eleições democráticas realizadas em Mianmar, a antiga Birmânia, depois de 25 anos, admitiu hoje o presidente Partido da União Solidariedade e Desenvolvimento (PUSD), Htay Oo, citado pela agência Reuters.

Os resultados oficiais ainda não foram divulgados. Ainda não está claro se a LND terá a supermaioria de dois terços necessária para governar sem fazer aliança com outros partidos. A Constituição imposta pela ditadura militar que governa a antiga Birmânia desde 1962 e mudou o nome do país para Mianmar reserva 25% das cadeiras na Assembleia Nacional para indicados pelas Forças Armadas.

Com base em pesquisas de boca de urna e resultados parciais, um porta-voz da LND estimou que o partido possa eleger mais de 70% dos deputados. O novo Parlamento será responsável pela próxima eleição presidencial.

Em 1990, quando a LND conquistou 392 das 492 cadeiras, a junta militar ignorou o resultado, colocou Suu Kyi em prisão domiciliar e governou como Conselho de Estado para a Paz e o Desenvolvimento até 2011, quando começou a abertura democrática. Desta vez, os militares prometeram acatar a decisão das urnas.

Para barrar o acesso de Suu Kyi, filha de Aung San, herói da independência nacional, obtida do Império Britânico em 1947, os militares introduziram uma cláusula na Constituição feita sob medida para impedir que pessoas casadas com estrangeiros ou filhos de estrangeiros sejam presidentes. O falecido marido da líder oposicionista era britânicos e ela tem filhos britânicos

De qualquer maneira, Mianmar sai das eleições com um ambiente político mais pluralista, mais complexo e etnicamente carregado num momento de crescimento rápido e mudanças que vão definir o futuro do país. Se a LND confirmar a vitória e eleger o presidente, Suu Kyi vai governar, mesmo que seja indiretamente.

Seus principais desafios serão combater a corrupção endêmica, criar um ambiente econômico capaz de gerar milhões de empregos e resolver os conflitos étnicos de minorias que denunciavam discriminação sob a ditadura militar.

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