Ao comentar o discurso do presidente François Hollande no Congresso da França, a líder da neofascista Frente Nacional, Marine Le Pen saudou como vitória as "inflexões" do presidente, a "evolução das relações com a Rússia", que financia a ultradireita francesa, "a reconstituição dos efetivos policiais" e o "congelamento da redução dos efetivos militares". Mas advertiu que elas são "enfraquecidas por outras lacunas enormes" nas "fronteiras europeias" e no "combate ao islamismo".
No discurso de Marine Le Pen e da Frente Nacional, "o imigrante de hoje é o terrorista de amanhã".
O presidente francês deixou claro que a guerra é contra um grupo extremista que distorce a religião muçulmana e não contra o islamismo, seguindo aliás a mesma orientação do presidente George W. Bush depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos. Mas o aumento da islamofobia será inevitável.
A Grande Recessão fortaleceu os partidos de extrema direita em todos os países europeus e a crise dos refugiados das guerras, da miséria e da fome na África e no Oriente Médio agravou ainda mais a situação. Um dos terroristas suicidas do Estádio da França tinha um passaporte falso de refugiado sírio.
Antieuropeia, a FN quer acabar com o Acordo de Schengen, que permite a livre circulação sem controle de fronteiras entre os países membros da União Europeia, e tenta barrar a entrada de refugiados e imigrantes, especialmente muçulmanos.
"Como a Terra é redonda", diz o pensador italiano Umberto Eco, "os extremos se encontram". O discurso xenofóbico da extrema direita explora o medo do outro e do estrangeiros associando muçulmanos e refugiados ao terror.
Até agora, os terroristas identificados são belgas e franceses, descendentes de imigrantes que não se integraram plenamente à sociedade europeia e se sentem marginalizados. São inimigos internos. Essa fratura social decorrente mais de desigualdade social do que de um suposto choque de civilizações alimenta os discursos de ódio dos terroristas e da ultradireita.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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