Pelo menos três pessoas morreram hoje num ataque de extremistas muçulmanos ao Hotel Radisson Blu em Bamako, a capital do Mali, na África Ocidental. Cerca de 170 pessoas foram tomadas como reféns. Uma parte foi libertada numa operação militar e policial em andamento, mas 124 hóspedes e 13 funcionários ainda estariam sob o controle dos terroristas.
Os rebeldes invadiram o hotel por volta das sete da manhã pela hora local (5h em Brasília) usando um carro com placas diplomáticas. Às 9h30 (7h30 em Brasília), o prédio foi cercado pelas forças de segurança. O grupo jihadista Al-Mourabitoun (As Sentinelas), ligado à rede terrorista Al Caeda, reivindicou a responsabilidade pelo ataque em mensagem no Twitter.
Al-Mourabitoun é uma milícia extremista muçulmana constituída principal por árabes e tuaregues das regiões de Gao, Kidal e Timbuktu, no Norte do Mali. Foi formado pela fusão do Movimento pela Unidade e Jihad no Norte da África e a Brigada dos Homens Mascarados, liderada pelo argeliano Mokhtar Belmokhtar.
A França interveio militarmente no Mali em janeiro de 2013, depois de um golpe militar, em 21 de março de 2012, de oficiais revoltados com a falta de apoio governamental à guerra civil no Norte do país. A partir de abril de 2012, uma aliança de grupos rebeldes tomou as principais cidades do norte do Mali. Quando eles marcharam rumo ao Sul, Paris interveio.
Assim, o ataque terrorista pode ser mais uma resposta violenta a uma ação militar francesa no exterior. Uma força de elite de 50 homens partiu da França para apoiar as autoridades malinesas.
Sétimo maior país da África em território, o Mali fica na África Ocidental ao sul da Argélia e não tem saída para o mar. Cerca de metade dos 12,3 milhões de habitantes vive na miséria.
No passado, o atual território do Mali fez parte de três grandes impérios da África Ocidental: o Império de Gana, que floresceu entre os séculos 8 e 11; o Império do Mali, que atingiu o auge no século em meados do século 14, quanto Timbuktu tinha uma das principais bibliotecas do mundo; e o Império Songai.
O Mali passou ao controle do Império da França no século 19 como parte do Sudão Francês. Conquistou a independência em 1960, depois da formar brevemente uma federação com o Senegal.
Com a guerra civil que derrubou o ditador Muamar Kadafi na Líbia em 2011, um grande número de armas entrou em circulação no Norte da África alimentando os grupos guerrilheiros locais. Do Marrocos à Somália, há uma intensa atividade jihadista na região do Sahel, ao sul do Deserto do Saara. É um celeiro de terroristas e mais uma preocupação para a Europa.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
Terroristas tomam hotel no Mali e fazem 170 reféns
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