Com mais 32 mil mortes, as ataques terroristas mataram mais do que nunca em 2014, 80% a mais do que em 2013, revela o Índex Global do Terrorismo, divulgado ontem. Apesar de estar concentrado em cinco países, o terror se espalha por mais países, batendo recordes de número de ataques e de mortes.
O índex examina as tendências do terrorismo em 162 países nos últimos 15 anos, observando localização geográfica, métodos de ataque, grupos envolvidos e o contexto político e econômico.
O relatório destaca os pontos mais importantes:
• Houve 13.370 ataques em 93 países no ano passado.
• As mortes aumentaram 80%, chegando ao recorde de 32.658 em 2014, em comparação com 18.111 em 2013.
• O total de mortes aumentou nove vezes desde o ano 2000.
• O Estado Islâmico (6.075) e a milícia nigeriana Boko Haram (6.665), que agora se apresenta como Estado Islâmico da África Ocidental, foram responsáveis por 39% das mortes.
• Cerca de 78% das mortes e 57% dos ataques se concentram em cinco países: Afeganistão, Iraque, Nigéria, Paquistão e Síria.
• O Iraque é o país mais atacado pelo terror, com 9.929 mortes em 2014, recorde para um país.
• A Nigéria sofreu o maior aumento no número de mortes no ano passado, de 300%, num total de 7.512.
• Os prejuízos causados pelo terrorismo atingiram um recorde estimado em US$ 52,9 bilhões no ano passado.
• Desde o ano 2000, foram registrados 61 mil ataques terroristas e mais de 140 mil pessoas foram mortas.
• O crime comum de homicídio matou 13 vezes mais do que o terrorismo.
Os dois fatores mais associados ao terrorismo são conflito e violência política. Cerca de 92% das ações terroristas registradas entre 1989 e 2014 aconteceram em países onde a violência do governo era generalizada e 88% em países envolvidos em conflitos violentos.
"Como há um número de fatores sociopolíticos claramente identificáveis que alimentam o terrorismo, é importante implementar políticas que ataquem essas causas associadas", comentou Steve Killelea, fundador e presidente executivo do Instituto para Economia e Paz. "Isto inclui reduzir a violência praticada pelo Estado, dar atenção às reclamações de diferentes grupos e ter maior respeito pelos direitos humanos e pela liberdade religiosa."
A maioria das mortes não acontece nos países desenvolvidos do Ocidente. Tirando os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, apenas 0,5% dos ataques foram contra o Ocidente. Com o 11 de setembro, 2,6%.
Os chamados lobos solitários, terroristas que agem sozinhos para não serem percebidos, são responsáveis por 70% das mortes no Ocidente. A maior causa desses ataques é o extremismo político e não o fundamentalismo muçulmano.
Com a ascensão do Estado Islâmico, o terrorismo coloca novos desafios. Cerca de 25 a 30 mil voluntários de cem países foram atraídos pela jihad (guerra santa) do EI no Iraque e na Síria, sendo 7 mil só no primeiro semestre de 2015. O fluxo de voluntários do martírio não está diminuindo.
O terrorismo também é uma causa importante das migrações. Dez dos onze países mais afetados pelo terrorismo apresentam altos índices de refugiados e de desalojados internamente.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
Terrorismo matou 80% mais em 2014
Marcadores:
Afeganistão,
Boko Haram,
Estado Islâmico do Iraque e do Levante,
Index Global do Terrorismo,
Iraque,
Mortos,
Nigéria,
Paquistão,
Síria,
Terrorismo
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário