Em entrevista na Casa Branca ao lado do presidente da França, François Hollande, o presidente Barack Obama declarou há pouco que a Turquia tem o direito de defender seu espaço aéreo, enquanto o Departamento da Defesa dos Estados Unidos afirmava que o acordo feito com a Rússia para evitar contatos entre as forças aéreas dos dois países na Síria não se aplica ao avião russo abatido hoje pela Turquia.
O Pentágono descreveu o abate do Sukhoi-24 russo como "um ato soberano de autodefesa da Turquia". Na versão turca, dois caças-bombardeiros F-16s,s de fabricação americana, teriam advertido os russos dez vezes em cinco minutos antes de atacar o avião.
Em Moscou, o Ministério da Defesa alegou que em nenhum momento o espaço aéreo turco foi invadido. O ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, cancelou uma viagem que faria amanhã à Turquia.
Obama tenta desescalar a situação para evitar nova confrontação com a Rússia. Neste momento, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos Estados Unidos, realiza uma reunião de emergência em Bruxelas, na Bélgica.
A Turquia teria derrubado o avião russo porque ele estaria bombardeando rebeldes sírios apoiados pelo governo turco perto da cidade de Lataquia, o principal porto da Síria, numa região onde não há rebeldes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante.
A Rússia intervém na guerra civil da Síria desde 30 de setembro a pretexto de combater o Estado Islâmico, mas a maioria dos ataques visa outros grupos rebeldes que Moscou acusa de terrorismo, reproduzindo o discurso de seu aliado, o ditador Bachar Assad.
Uma questão central que impede a cooperação militar entre a Rússia e a coalizão de 65 países liderada pelos EUA é o futuro de Assad. Em Washington, os presidentes Obama e Hollande reafirmaram hoje que o ditador precisa ser afastado dentro de um acordo de paz e reconciliação nacional. Esta é a posição da Europa, dos EUA e de seus aliados no Oriente Médio, inclusive a Turquia.
Por um lado, a Rússia e o Irã insistem em que o regime de Assad é o governo legítimo da Síria. De outro, os EUA e aliados argumentam que o ditador iniciou a guerra civil ao mandar atirar para matar nos manifestantes que pediam a liberalização do regime durante a Primavera Árabe, a partir de 15 de março de 2011.
O abate do avião russo complica ainda mais a estratégia do presidente Hollande de articular uma aliança de grandes potências contra o Estado Islâmico.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 24 de novembro de 2015
EUA declaram que acordo com Rússia não cobre avião abatido
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