Um dia depois do assassinato de um líder municipal do partido de oposição Ação Democrática (AD) que estava a seu lado num comício, Lilian Tintori acusou o regime chavista da Venezuela de tentar matá-la, noticiou hoje o jornal espanhol El País.
"Querem me matar", afirmou Lilian, mulher de Leopoldo López, condenado a 14 anos de prisão sob a falsa acusação de incitar à violência durante uma onda de protestos em fevereiro de 2014. "O sangue espirrou em mim."
Lilian Tintori participava de um ato da campanha para as eleições parlamentares de 6 de dezembro, quando o regime deve perder a maioria na Assembleia Nacional pela primeira vez desde a ascensão de Hugo Chávez.
"Ainda estávamos no palanque. Rummi [Olivo, um cantor popular] ia começar a cantar e, naquele momento, se escutou muito de perto uma rajada de metralhadora de dez tiros. Nós nos atiramos no chão e eu fiquei me tocando porque sentia que eram contra mim. Querem me matar", insistiu Lilian.
No ataque, morreu o secretário-geral do diretório municipal da AD em Altagracia de Orituco, Luis Manuel Díaz, e outra pessoa saiu ferida. O secretário-geral nacional do partido, Henrt Ramos Allup, declarou que os tiros partiram de um carro de militantes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
Em discurso, o presidente Nicolás Maduro definiu o assassinato de um político no palanque como crime comum: "O Ministério do Interior já tem elementos que mostram um acerto de contas entre quadrilhas rivais."
A conselho de Ramos Allup, Tintori passou a noite no estado de Guárico.
Para o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o ex-ministro do Exterior uruguaio Luis Almagro, o assassinato foi "uma ferida mortal na democracia" e não é um caso isolado: "Acontece de forma conjunta com ataques a outros dirigentes de oposição em uma estratégia para amedrontá-los. É hora de pôr fim ao medo. Cada morte na Venezuela hoje dói em toda a América."
Maduro ficou furioso. Chamou Almagro, ex-chanceler do governo esquerdista de José Mujica, de "lixo", acusando-se de agir "contra a Venezuela, contra o povo e contra a revolução bolivarista".
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado americano, John Kirby, considerou o assassinato a maior violência de uma campanha eleitoral marcada por ataques e intimidações - e pediu proteção aos candidatos. Em Madri, o ministro do Exterior da Espanha, José Luis García, pediu uma investigação independente e garantias de que as eleições serão livres e limpas.
O Parlamento Europeu aprovou o envio de comissão para supervisionar as eleições. A missão de "acompanhamento" da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) condenou a morte e cobrou uma "investigação profunda".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
"Querem me matar", diz mulher de oposicionista preso na Venezuela
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