sábado, 14 de novembro de 2015

Filósofo francês cobra reação agressiva dos EUA

Diante da onde terror com mais de cem mortes em Paris, o filósofo francês Bernard-Henry Levy, um dos maiores defensores da intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Líbia, exigiu uma postura mais agressiva dos Estados Unidos na guerra contra o Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

"Acabou o tempo de liderar da retaguarda", criticou Levy, em entrevista a Christiane Amanpour na TV americana CNN, citando uma expressão usada pelo presidente Barack Obama durante a operação para evitar o massacre de civis na Líbia pelo ditador Muamar Kadafi. "Chegou a horar de colocar botas no terreno."

Na sua opinião, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante é fruto da omissão da sociedade internacional diante da guerra civil na Síria, que matou mais de 250 mil pessoas nos últimos quatro anos e meio. Como em 11 de setembro em Nova York, ontem os terroristas levaram as guerras do Oriente Médio para Paris.

Em realidade, a França liderou a intervenção na Líbia, temendo uma fuga em massa de migrantes pelo Mar Mediterrâneo que hoje vem da Síria. O fracasso do pós-guerra na Líbia desencorajou uma intervenção na guerra civil síria.

Sem a solução do conflito na Síria, não será possível acabar com o Estado Islâmico, admitiu hoje o secretário de Estado americano, John Kerry, na reabertura das negociações de paz. Mas os EUA se recusam a enviar forças terrestres. Servem com aliados árabes e ocidentais de força aérea para o Exército do Iraque, milícias aliados, guerrilheiros curdos e os rebeldes moderados que apoiam na Síria.

O princípio básico da OTAN, a aliança militar criada pelos EUA em 1949 para conter a União Soviética durante a Guerra Fria, é que um ataque contra um é um ataque contra todos. Ao declarar guerra ao Estado Islâmico, o presidente François Hollande pode pedir a ajuda dos aliados.

Com certeza, há uma forte articulação dos serviços secretos dos EUA e da Europa, mas nenhum país ocidental nem a Rússia, que desde 30 de setembro bombardeia os inimigos do ditador Bachar Assad na Síria, planeja enviar forças terrestres para combater o Estado Islâmico em seu território.

Mas o EI está sob intenso bombardeio aéreo das duas maiores potências militares do planeta, os EUA e a Rússia. Não obtém vitórias militares importantes desde a queda de Palmira, em maio.

Com cobertura russa, as forças de Assad romperam o cerco à principal base aérea do Norte da Síria e avançam rumo a Alepo. No Iraque, guerrilheiros curdos apoiados pela coalizão aérea liderada pelos EUA retomaram Sinjar, cortando a principal linha de suprimento entre Rakka, a capital do califado do EI, e Mossul, a maior cidade iraquiana sob controle da milícia.

Quanto mais acuado nos campos de batalha do Oriente Médio, mais o EI vai tentar realizar atentados espetaculares nas capitais do mundo. Daqui a duas semanas, Paris vai sediar a 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, com a presença de vários chefes de Estado e de governo. Será uma praça de guerra.

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