O presidente da França, François Hollande, recebeu hoje em Paris o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron. Amanhã, vai a Washington encontrar o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Na quarta-feira, recebe a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel. Na quinta-feira, encontra o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, e vai a Moscou conversar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Esta maratona diplomática visa a articular uma aliança militar para derrotar o Estado Islâmico do Iraque e do Levante.
Das grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, falta só a China. Hollande se encontra com o presidente Xi Jinping, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, em Paris, em 30 de novembro.
A China tem seus próprios problemas com extremistas muçulmanos na província de Kachgar, no Noroeste do país, e teve cidadãos mortos pelo Estado Islâmico e no recente ataque ao Hotel Radisson Blu, no Mali, por um grupo ligado à rede terrorista Al Caeda.
Antes da reunião no Palácio do Eliseu, Cameron e Hollande foram até a casa de shows Bataclan, onde foram mortas 89 das 130 vítimas fatais da onda de terror da sexta-feira, 13 de novembro, em Paris. O primeiro-ministro prometeu ajuda ao aliado, mas precisa convencer a Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico.
Há grandes dificuldades para formar uma coalizão porque os objetivos são diferentes. Os EUA, a Turquia e as monarquias petroleiras do Golfo lideradas pela Arábia Saudita não estão dispostos a aceitar a permanência do ditator Bachar Assad na Síria, enquanto a Rússia e o Irã querem mantê-lo no poder.
"A questão é se eles estão dispostos a fazer os ajustes necessários para participar da aliança, que já tem 65 países", declarou Obama, sem mostrar qualquer inclinação de ceder.
A Rússia interveio na Síria para defender seus interesses, que incluem sua única base naval no Mar Mediterrâneo. Além do Estado Islâmico, ataca outros grupos rebeldes. Antes do atentado que derrubou um avião de passageiros russos no Deserto do Sinai matando 224 pessoas, atacava muito mais os outros grupos, especialmente os apoiados pelo Ocidente para criar um dilema: Assad ou o Estado Islâmico.
Putin também gostaria de barganhar a participação na guerra contra o terrorismo em troca do fim das sanções impostas pelo Ocidente em protesto contra a anexação da Crimeia e a intervenção militar russa no Leste da Ucrânia. Nem EUA nem Europa devem ceder na questão ucraniana.
Assim, a cooperação militar tem um limite. À medida que a Rússia e o Irã fortalecem o regime de Assad, os EUA, a Europa, a Turquia e as monarquias petroleiras tendem a apoiar ainda mais os rebeldes, criando um impasse no campo de batalha. Isso tende a prolongar a guerra civil na Síria. Sem governos que funcionem no Iraque e na Síria, será mais difícil derrotar o EI.
Nesta segunda-feira, o porta-aviões Charles de Gaulle chegou perto do litoral da Síria, no Leste do Mar Mediterrâneo, triplicando o poder de ataque da França.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
França articula aliança de grandes potências contra Estado Islâmico
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