Três das cinco centrais sindicais da Argentina lideram hoje uma greve geral contra a política econômica do governo Cristina Kirchner. Com ônibus, trens, metrô e aeroportos praticamente parados, e piquetes dificultando o acesso à capital, muitas lojas de Buenos Aires não abriram. Quinze voos entre Brasil e Argentina foram cancelados.
A Confederação Geral do Trabalho (CGT) declarou que "milhões de trabalhadores aderiram à paralisação". O governo tentou minimizar o protesto, descrevendo-o como uma "greve dos transportes". Para o Clarín, jornal de maior circulação na Argentina, o movimento é forte.
Os sindicalistas acusam a presidente de "trair os ideias trabalhistas do peronismo". Com a manipulação das estatísticas, inclusive dos índices de inflação, nos últimos anos, as centrais sindicais se afastaram do governo.
Enquanto institutos privados acreditam que a inflação de 2013 tenha superado os 28%, o governo anunciou uma inflação oficial de 10,9%, prejudicando os sindicatos nas negociações salariais. Seus líderes perderam postos no kirchnerismo, que substituiu os sindicatos pelo movimento jovem peronista La Cámpora, dirigido pelos filhos de Cristina, como sua principal base de apoio.
Diante de uma expectativa de inflação de 40% a 50% em 2014, os trabalhadores estão exigindo reajustes salariais de 30% a 50% para recompor o poder de compra, enquanto aumenta o número de linchamentos em reação à criminalidade crescente.
É o fracasso total do populismo kirchnerista - e a Argentina ainda terá de aguentar Cristina Kirchner por mais um ano e oito meses.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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