A cada dia, 2,5 mil sírios procuram abrigo no Líbano. Em média, é um por minuto. O número de refugiados sírios oficialmente registrados no Líbano passou hoje de um milhão, um "marco arrasador" na visão das Nações Unidas.
Ao todo, 2,6 milhões de pessoas saíram da Síria desde o início da guerra civil, em 15 de março de 2011. Outros 6,5 milhões fugiram de casa, mas ainda estão no país.
Como o Líbano tinha em 2012 uma população de 4,4 milhões, os refugiados sírios já são quase um quarto do total. É a maior concentração de refugiados do mundo. A Turquia e a Jordânia têm hoje cerca de 600 mil refugiados sírios cada.
"O influxo de um milhão de refugiados seria um desafio enorme para qualquer país", comentou o ex-primeiro-ministro português António Guterres, alto comissário da ONU para refugiados, citado pelo jornal português Público. "Para o Líbano, um pequeno país cheio de problemas, é devastador."
Além da enorme quantidade de pessoas, a guerra civil no Líbano aprofunda a divisão política interna do Líbano, onde os xiitas e a milícia fundamentalista Hesbolá apoiam o ditador sírio, Bachar Assad, e os sunitas estão do lado dos rebeldes, ameaçando ampliar o conflito.
Em carta à ONU, o regime ditatorial sírio acusou grupos rebeldes de estarem preparando um ataque com armas químicas contra uma área controlada pela oposição para botar a culpa no governo. O embaixador sírio na ONU, Bachar Jaafari, afirma na carta que as forças governamentais interceptaram comunicações dos rebeldes indicando que haveria um ataque e fizeram imagens de um homem distribuindo máscaras de proteção em Jobar.
Diante do cinismo, da desfaçatez e da crueldade da ditadura de Bachar Assad no tratamento de seu próprio povo, é de se desconfiar. Sob ameaça de um bombardeio dos Estados Unidos depois de um ataque com armas químicas a um subúrbio de Damasco em 21 de setembro de 2013, a Síria prometeu entregar suas armas químicas e desmantelar todas as fábricas. Ninguém acredita que faça isso totalmente.
Quando o governo da Turquia discutiu a possibilidade de realizar uma incursão militar na Síria para punir inúmeros casos de violação de suas fronteiras, foi desaconselhado pelos EUA. Os americanos advertiram que, como o governo sírio está fragilizado e não poderia responder à altura com armas convencionais, a resposta poderia vir em mísseis carregados de gases letais.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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