Com um festival da acusações falsas durante uma sessão de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o embaixador da Rússia, Vitali Churkin, falou hoje como se justificasse uma invasão iminente. Além de negar legitimidade ao governo revolucionário da Ucrânia, o governo russo acusa radicais nazistas e antissemitas de perseguir os russos.
"A Ucrânia está em guerra com seu próprio povo", vociferou o embaixador russo. Moscou tem 40 mil soldados estacionados do outro lado da fronteira prontos para invadir a ex-república soviética. Como no auge da Guerra Fria, Churkin acusou o governo ucraniano de fazer exatamente o que os milicianos russos estão fazendo.
Na sua trulência verbal, o representante da Rússia não deixou nenhum espaço para uma negociação diplomática.
Neste momento, a embaixadora da ex-república soviética da Lituânia, que hoje percente à União Europeia (UE) e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), defende a soberania nacional contra a agressão da Rússia. Ela condenou os grupos separatistas e pediu a retirada das tropas russas concentradas na fronteira ucraniana.
Em seguida, a embaixadora dos Estados Unidos, Samantha Power, lembrou que a Rússia prometeu não ocupar mais território da Ucrânia, mas está repetindo o que fez na Crimeia. "Vocês não precisam acreditar em mim", argumentou a embaixadora. "Há inúmeros registros em vídeo da ação dos paramilitares."
Os EUA reafirmaram seu apoio à Ucrânia: "O futuro da Ucrânia deve ser decidido pelos ucranianos. Os EUA darão uma ajuda de US$ 1 bilhão. O vice-presidente Joe Biden vai a Kiev nesta semana. Os EUA apoiam a realização de eleições livres e democráticas em 25 de maio", acrescentou a embaixadora
Depois, o Reino Unido manifestou sua preocupação, citando mais uma vez os vídeos disponíveis de homens fortemente armados, de uniforme militar, sem insígnia nem identificação. Citou ainda que o referendo que anexou a Crimeia à Rússia foi considerado ilegal e ilegítimo diante do direito internacional.
O embaixador britânico, Mark Lyall Grant, também repudiou a concentração de tropas russas junto da fronteira da Ucrânia e negou legitimidade aos movimentos separatistas do Leste da Ucrânia, alegando que foram maquinados na Rússia.
"Os ucranianos devem decidir seu próprio destino. O governo a ser eleito em 25 de maio poderá discutir a redistribuição de poder entre as regiões, mas é uma decisão que cabe ao povo ucraniano", reiterou o embaixador britânico.
A França também destacou que o grau de profissionalismo e o equipamento que os milicianos russos demonstram não se compram em lojas comuns. Seu embaixador condenou a Rússia por aumentar o preço do gás e reter produtos nas fronteiras, "tentando sufocar um país que chama de irmão".
Neste contexto, a França apoio o direito da Ucrânia de defender seu território. Defende um diálogo construtivo. "O futuro da Ucrânia precisa ser decidido pelos ucranianos. Nossa mensagem é clara: precisamos de eleições livres e limpas sob supervisão internacional. A Rússia precisa colaborar para desescalar a tensão. Como membro do Conselho de Segurança, tem o compromisso de manter a paz e ajudar a Ucrânia a reencontrar a estabilidade. Espero que seja capaz de chegar a um acordo no dia 18 no encontro com os EUA, a UE e a Ucrânia, em Genebra."
Como um dos representantes da África no Conselho de Segurança, Ruanda considerou a situação "alarmante".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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