Com a redução dos orçamentos de defesa no Ocidente, sobretudo nos Estados Unidos, os gastos militares caíram pelo segundo ano consecutivo, desta vez em 1,9%, para US$ 1,75 trilhão, revelou hoje o Sipri (Instituto de Pesquisas da Paz Internacional de Estocolmo). Mas estão subindo no resto do mundo. O Brasil caiu do 10º para o 12º lugar, com US$ 31,5 bilhões.
Depois de sair do Iraque no fim de 2011 e de preparar a retirada do Afeganistão, os EUA cortaram o orçamento do Pentágono em 7,8%, mas ainda lideram as despesas militares por grande margem, com US$ 640 bilhões, 37% do total. Logo atrás, vem China, Rússia e Arábia Saudita, parte de um grupo de 23 países que dobraram os gastos com defesa nos últimos 10 anos.
Na Ásia e na Oceania, o gasto total subiu 3,6% para US$ 407 bilhões. Com alta de 7,4% para US$ 188 bilhões e de 170% nos últimos 10 anos, a China foi responsável por quase todo o aumento regional. Isso assusta os países vizinhos, que tendem a se reforçar, sobretudo o Japão, inimigo histórico, onde o primeiro-ministro Shinzo Abe tenta revogar o artigo 9 da Constituição imposta pelos EUA em 1947, depois da Segunda Guerra Mundial, que impede o país de realizar operações militares no exterior.
A Rússia, que no momento intervém militarmente na Ucrânia, teve despesas militares de US$ 88 bilhões, com aumento de 108% em 10 anos e de 4,8% no ano passado. Pela primeira vez desde 2003, gastou uma porcentagem maior do PIB em defesa (4,1%) do que os EUA (3,8%).
O Plano Estatal de Armamentos prevê um investimento de US$ 708 bilhões de 2011 a 2020 para substituir 70% do arsenal russo por equipamentos novos e modernos como parte do delírio de grandeza do protoditador Vladimir Putin de restaurar parte do poder imperial soviético.
No Oriente Médio, onde se trava a guerra civil na Síria, o conflito armado mais grave hoje no mundo, os orçamentos aumentaram 4% em 2013, chegando a US$ 150 bilhões. Como o Catar, os Emirados Árabes Unidos, o Irã e a Síria não divulgaram suas cifras, a estimativa pode estar incorreta. O maior aumento na região foi de 27% no Iraque, que reconstroi suas Forças Armadas, destruídas pela invasão americana de 2003.
Assustada com o programa nuclear do Irã e especialmente com a reaproximação da república islâmica com os EUA, a Arábia Saudita gastou US$ 67 bilhões, 14% a mais, superando o Japão, o Reino Unido e a França em 2013 para ficar em quarto lugar.
Por causa das ameaças regionais, a Turquia e a Coreia do Sul também se reforçaram, enquanto Brasil, França, Reino Unido, Itália, Austrália e Canadá, além dos EUA, gastaram menos em armas.
Na América Latina, o subcontinente mais violento do mundo em criminalidade, houve um aumento de 2,2% em 2013 e de 61% nos últimos 10 anos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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