sexta-feira, 25 de abril de 2014

S&P rebaixa crédito da Rússia para um grau acima de lixo

Com a grande fuga de capital no primeiro trimestre por causa das sanções contra a intervenção militar na Ucrânia, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou hoje a nota de crédito da dívida pública da Rússia de BBB para BBB-, um nível acima de lixo, com tendência de queda.

Depois da notícia, a Bolsa de Valores de Moscou caiu 1,5%. O rublo perdeu mais 0,6% do valor, sendo cotado a 35,977 por dólar.

"Na nossa visão, a tensa situação geopolítica entre a Rússia e a Ucrânia a pode levar a significativas saídas de capital doméstico e internacional da economia russa, e assim minar as perspectivas de crescimento, que já eram fracas", justificou em nota a S&P.

Quando os títulos da dívida de um país são rebaixados para a categoria de lixo ou "papéis podres", são considerados de alto risco, especulativos, e não podem ser comprados por fundos de pensão ou previdência privada.

Um novo rebaixamento, para lixo, é improvável por causa do baixo endividamento da Rússia, observou Tim Ash, economista do Standard Bank. "Mas, se a situação na Ucrânia se deteriorar ainda mais, e houver uma fuga de capitais constante e maior pressão sobre a bolsa e o rublo, seria possível."

No primeiro trimestre, a fuga de capitais causou um déficit em conta corrente duas vezes maior do que o saldo comercial russo.

Durante visita ao Japão ontem, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ameaça impor novas sanções se a Rússia desrespeitar ainda mais a soberania ucrianiana. O secretário de Estado americano, John Kerry, acusou a Rússia de não cumprir o acordo feito em Genebra, na Suíça, em 17 de abril de 2014, para "desescalar" a crise.

O presidente russo, Vladimir Putin, e o ministro do Exterior, Serguei Lavrov, acusaram a Ucrânia de "usar o Exército para atacar o seu próprio povo", sugerindo que a Rússia está pronta para intervir e defendê-lo. Putin falou em "crimes graves". Lavrov alegou que "um ataque contra um russo é um ataque contra a Federação Russa. Ambos buscam pretextos para justificar uma invasão.

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