quarta-feira, 9 de abril de 2014

Japoneses protestam contra militarização do país

Cerca de 3 mil pessoas protestaram hoje em Tóquio contra os planos do primeiro-ministro Shinzo Abe para reformar a Constituição imposta pelos Estados Unidos em 1947, depois da Segunda Guerra Mundial, e revogar o artigo 9, que torna as Forças Armadas do país meramente defensivas, proibindo-as de realizar operações militares fora de seu território e, na prática, de armas nucleares, mísseis de longo alcance e aviões bombardeiros.

O Art. 9 diz: "Aspirando sinceramente a uma paz internacional baseada na justiça e na ordem, o povo japonês renuncia para sempre ao direito soberano da nação de ameaçar ou usar a força como meio para resolver disputas internacionais. Para atingir este objetivo, não serão mantidas nunca forças de terra, mar ou ar. O direito de beligerância do Estado não será reconhecido."

As pesquisas de opinião apontam a oposição da maioria dos japoneses à eliminação das restrições às Forças Armadas. Elas se chamam oficialmente Forças de Defesa do Japão e só podem atuar no exterior em missões de paz das Nações Unidas, o que só foi autorizado a partir de junho de 1992.

Na última, entre mais de 2 mil adultos, 63% foram contra os planos do governo, que cita "ameaças regionais" à segurança do Japão em referência ao crescimento do poderio militar da China e à ameaça nuclear da Coreia do Norte.

A disputa territorial com o regime comunista chinês em torno das ilhas Senkaku (Diaoyu para os chineses) ameaça rotas de tráfego marítimo essenciais à economia do Japão, que importa 82% da energia que consome, sendo mais de 90% vindos do Oriente Médio e do Sudeste Asiático.

Os sucessivos testes de mísseis e as explosões atômicas do regime stalinista norte-coreano levaram o Japão a instalar um sistema de defesa antimísseis baseado em terra nas quatro grandes ilhas que formam o país, no arquipélago de Okinawa e em navios contratorpedeiros da Marinha que patrulham o Mar do Japão e o Mar da China Oriental.

Mesmo limitadas constitucionalmente há mais de seis décadas, as Forças Armadas do Japão estão entre as maiores do mundo, depois dos Estados Unidos e da China, as duas únicas economias menores do que o Japão.

Desde a derrota consolidada pelas bombas atômicas em Hiroxima e Nagasake, o Japão vive sob a proteção dos EUA, sob o guarda-chuva nuclear. Quando o secretário de Estado americano, Henry Kissinger, foi à China sem avisar Tóquio, em 1971, o Japão se sentiu traído em sua aliança com os EUA.

Até hoje, o Japão nega os crimes cometidos contra os países da região na Segunda Guerra Mundial. Ao contrário da Alemanha, nunca assumiu a responsabilidade. Seus livros de história contam uma versão pausterizada das intervenções militares na Ásia.

Isso cria um mal-estar permanente com a China, a Coreia do Sul, a Malásia e a Indonésia, ocupadas pelo Exército Imperial, especialmente quando o primeiro-ministro japonês visita o santuário xintoísta de Yasukuni, na capital do país, onde são homenageados os heróis do Japão, inclusive 14 criminosos de guerra condenados pelo Tribunal de Tóquio.

Hoje, depois que a China ultrapassou o Japão e se tornou a segunda maior economia mundial, a questão é se os EUA comprariam uma guerra com a China para defender o Japão. Outros países asiáticos com disputas territoriais com a China esquecem o passado e se aproximam de Tóquio como defesa Na dúvida, diante do declínio relativo dos EUA, Abe acredita que está na hora de cuidar da própria defesa sem depender dos outros.

Um comentário:

Anônimo disse...

Isso é serio, muito sério. A principio a remilitarização do japão não é em nada similar ao que ocorreu com a alemanha na decada de 30. Por mais que os estados unidos tentem manter uma relação diplomática cordial com a china e a russia, os eventos recentes na Ucrania, os embargos economicos à russia e os laços economicos que a mesma está tecendo com a china, indicam que o japão continua um peao chave no acesso a esfera de influência da Asia, e aos paises do sudeste asiatico.

A questão é: a longo prazo, como se sucederão essas crises. A fragil economia da união europeia ainda depende muito do gas que a russia vende. Por mais que os países europeus tenham potencial tecnológico e logistico para suplantar essa dependência a longo prazo eles ainda dependem desse gas, principalmente no inverno, os Ucranianos estão sentindo na pele essa relacao e a crise só dificulta as coisas para os Europeus como um todo que mais uma vez tem que lidar com ela sozinhos já que o prometido gas de xisto dos americanos está a uns bons anos de distancia da logistica necessária para abastecer a região. Fora o risco de o gasoduto do mar caspio ficar pronto e fazer o preço do produto cair ainda mais, diminuindo a concorrencia para os americanos.

E por falar no caspio, a russia aparentemente tem feito sua influencia cada vez mais presente, tanto no leste europeu como no oriente médio. Presença essa tanto militar quanto em forma de acords econômicos. Os Estados unidos ainda possuem algumas cartas na região, diga-se Israel, Iraque, Iemen e Afeganistão. Mas até quando?


Embora as ultimas guerras na região tenham sido lucrativas para traficantes de escravos e de armas, lobbistas da industria de petroleo e armas, a CIA e um punhado de politicos e empreendedores que souberam procurar suas sobras em uma certa "Caveira e Ossos", ela foi e ainda tem sido um golpe na Economia Amercana, a guerra tem sido cara, ideológicamente inócua e só serviu para arrumar mais dor, morte e prejuíso aos contribuintes do que resultado no teatrinho conhecido "guerra ao terror".

A russia e a china por outro lado tem movido suas cartas com avidez, principalmente em países em desenvoovimento em Africa, asia e Leste Europeu. Aparentemente depois de anos brincando de Comunismo esses velhos impérios aprenderam e estão ganhando os Americanos em seu próprio jogo.

Que Deus tenha pidedade.

Vicams@ig.com.br