O ministro do Interior de Moçambique, José Mandra, acusou hoje o grupo rebelde Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) por um ataque realizado ontem contra um trem da empresa brasileira Vale que transportava carvão na ferrovia Sena, na província de Sofala, no Centro do país, um reduto da oposição.
A Renamo negou responsabilidade pelo ataque. O grupo rebelde nasceu em 1975 na vizinha Rodésia (hoje Zimbábue) com o apoio do governo segregacionista da minoria branca que dominava aquele país, em reação à tomada do poder pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), de orientação comunista, no fim da guerra pela independência do país, ocorrida no mesmo ano.
Desde então, a Frelimo governa o país. A Renamo virou um partido político depois do acordo de paz de 1992, mas nunca chegou ao poder. Apesar da presença da oposição no parlamento, para todos os efeitos a Frelimo mantém o monopólio do poder em Moçambique.
Isso levou a Renamo a retomar as ações armadas no ano passado. Em 22 de outubro de 2013, um dia depois de repudiar a paz de 1992, os rebeldes atacaram uma delegacia de polícia.
Para a maioria dos analistas estratégicos, a Renamo não tem capacidade militar nem patrocinadores externos que a habilitem a retomar a luta armada e chegar ao poder pela força. Mas pode fazer uma guerra de guerrilhas, uma guerra de atrito para prejudicar a atividade econômica nas províncias de Sofala e Tete, no Centro de Moçambique, sua principal base política, grande zona produtora de carvão e de energia hidrelétrica.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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