Depois de criticar a medida tomada pelo Reino Unido, a Rússia anunciou hoje a suspensão de todos os voos com origem ou destino na cidade turística de Charm el-Cheikh, no Egito, de onde saiu o Airbus 321 da companhia aérea russa Metrojet que caiu na Península do Sinai em 1º de novembro, matando todas as 224 pessoas a bordo.
Para justificar a decisão, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou ontem que uma bomba colocada a bordo por terrorista era a causa mais provável da tragédia do voo 9268, que ia para São Petersburgo, a segunda maior cidade russa.
A principal suspeita no momento é que alguém com acesso à área interna do aeroporto tenha colocado uma bomba no compartimento de bagagens do avião. O explosivo não estaria nas malas dos passageiros.
Até agora, a Rússia e o Egito rejeitam a hipótese de terrorismo, apesar das repetidas reivindicações de autoria feitas na Internet pelo grupo que se apresenta como a Província do Sinai do Estado Islâmico, o braço egípcio do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, alvo de bombardeios aéreos russos na guerra civil da Síria.
Ontem, o Ministério do Exterior russo protestou contra a versão de terrorismo difundida por potênciais ocidentais, alegando que os serviços secretos dos Estados Unidos e do Reino Unido deveriam ter compartilhado as informações nesse sentido. Prometia esperar o resultado do inquérito.
Mas a espionagem eletrônica feita por satélites americanos teria ouvido telefonemas de membros da Província do Sinai do Estado Islâmico depois da queda do avião confirmando a autoria do atentado.
Hoje, numa mudança total de posição, o Kremlin cancelou imediatamente todos os voos e deixou claro que a suspensão será mantida até a conclusão das investigações e a melhoria da segurança no aeroporto de Charm el-Cheikh.
Os russos e britânicos são os maiores frequentadores estrangeiros da estação turística situada na margem do Mar Vermelho. Milhares de pessoas ficaram presas na cidade. O Reino Unido vai enviar aviões, mas os passageiros não poderão levar a bagagem despachada, que seguirá em outros voos por medida de segurança.
É mais um duro golpe no setor de turismo, até 2010 responsável por 12% da economia egípcia. Naquele ano, antes da revolução que derrubou o ditador Hosni Mubarak em 11 de fevereiro de 2011, cerca de 15 milhões de turistas visitaram o Egito. Esse número caiu para 9 milhões por ano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário