O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que luta contra a Turquia para criar uma pátria para o povo curdo, anunciou hoje o fim do cessar-fogo unilateral declarado no mês passado, noticiou a agência Reuters.
Pelo menos 18 pessoas morreram hoje em choques entre o Exército e os rebeldes no Sudeste da Turquia, onde os curdos são maioria, elevando o total de mortos nesta semana a 40.
Depois do atentado que matou 86 pessoas durante uma passeata da oposição democrática mais à esquerda em Ancara em 10 de outubro, o PKK havia declarado uma trégua unilateral.
Ontem, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, prometeu "liquidar" o grupo guerrilheiro. A partir de junho, quando um partido curdo moderado ajudou a tirar a maioria absoluta no parlamento do governista Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), Erdogan passou a atacar o PKK para enfraquecer politicamente o movimento democrático curdo, ignorando as negociações de paz e andamento.
Desde julho, a Turquia intervém diretamente na guerra civil da Síria bombardeando posições da organização extremista muçulmana Estado Islâmico do Iraque e do Levante e dos curdos sírios aliados ao PKK, uma organização marxista-leninista.
Com a recuperação da maioria na Assembleia Nacional nas eleições de 1º de novembro de 2015, Erdogan está mais forte. Sem a supermaioria necessária para alterar a Constituição, planeja convocar um referendo para mudar o regime de governo para presidencialista.
Ao apostar na guerra e no nacionalismo, o Sultão, como é chamado por seu sonho de refundar o Império Otomano, mostrou que continua no comando da política na Turquia. No poder desde 2002, Erdogan deve muito de seu sucesso nas urnas ao crescimento econômico do país. Agora, só tem a oferecer sangue, suor e lágrimas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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