Um tribunal de apelação da França confirmou hoje a condenação do líder camponês José Bové a quatro meses de prisão pela destruição de uma plantação transgênica em Menville, em junho de 2004. Ele acaba de se lançar candidato à Presidência da França nas eleições de abril e maio próximos, com uma plataforma antiliberal, anticapitalista e antiglobalização.
Bové também participou de um ataque contra uma produção de organismos geneticamente modificados no Rio Grande do Sul, quando participava do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, em 2002. É um defensor do protecionismo agrícola europeu em nome da preservação do estilo de vida camponês.
Se o protecionismo fosse apenas para propriedades familiares e agricultura orgânica (sem agrotóxicos), ainda seria aceitável, em nome da defesa do meio ambiente e do estilo de vida do camponês europeu. Mas os grandes beneficiários dos subsídios agrícolas que consomem quase a metade do orçamento da União Européia terminam sendo grandes empresas agroindustriais.
Esta é uma distorção do comércio internacional que se tornou inaceitável para o Brasil. A agricultura ainda é o grande obstáculo para o avanço das negociações de liberalização comercial da Rodada Doha da Organização Mundo do Comércio. As negociações foram retomadas no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, no final de janeiro. Mas como disse aqui, nenhum dos grandes atores (Estados Unidos, UE, Japão, China, Índia, Brasil, o Grupo dos Vinte) está disposto a fazer as concessões necessárias para se chegar a um acordo,
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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