A Justiça da Itália denunciou 26 agentes secretos da Agência Central de Inteligência (CIA), e serviço de espionagem dos Estados Unidos, pelo seqüestro do ex-imã egípcio Ossama Mustafa Hassan Nasser, também conhecido como Abu Omar, em 17 de fevereiro de 2003, nas ruas de Milão.
Ao todo, são 35 acusados, entre eles seis italianos, inclusive o general Nicolo Pollari, antigo chefe dos serviços secretos militares italianos, e seu segundo, Marco Mancini. O processo será instaurado em 8 de junho.
É a primeira vez que um número tão grande de agentes americano é denunciado pela Justiça de um país amigo. O caso faz parte do escândalo dos mais de mil vôos clandestinos da CIA em território europeu para levar suspeitos de terrorismo seqüestrados na Europa para países que praticam a tortura.
O primeiro-ministro Romano Prodi já anunciou que seguirá a política de seu antecessor, Silvio Beslusconi: não vai pedir a extradição para não criar um atrito com Washington. Não existe a menor chance dos EUA extraditarem um agente seu acusado de cometer excessos na guerra contra o terrorismo.
Suspeito de terrorismo, o ex-imã foi seqüestrado por um comando da CIA em Milão e levado para a base americana de Aviano, na Itália, e em seguida levado para o Egito, onde foi preso e torturado: "Eles me obrigaram a andar de pés amarrados, eu caía e eles riam. Levei choques elétricos, fui espancado. Me mostraram fotos de tunisianos, marroquinos, egípcios e argelinos que vivem na Itália. Foi interrogado durante seis meses, até 14 de setembro de 2003.
Libertado no dia 11 de fevereiro pelas autoridades egípcias, Omar declarou que pretende processar o ex-primeiro-ministro Berlusconi. Quer uma indenização de 10 milhões de euros "por sua implicação no seqüestro como chefe de governo na época e por ter permitido à CIA que me capturasse".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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