Em novembro de 2001, depois da queda do regime dos Talebã no Afeganistão, a rede terrorista liderada por Ossama ben Laden estava derrotada, acuada e em fuga; 80% de seus militantes foram presos ou mortos. Uma ofensiva global antiterrorista desarticulou suas células do Marrocos à Malásia. Durante três anos, sua liderança lutou para sobreviver na fronteira incerta entre o Afeganistão e o Paquistão.
A desastrada invasão do Iraque ressuscitou o grupo terrorista responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001. O caos provocado pelos EUA no Iraque permitiu recrutar uma nova geração de jihadistas, ocupar grandes áreas – Al Caeda proclamou uma república islâmica na província de Anbar – e criar centros de treinamento de terroristas. Na análise da revista Foreign Policy, Al Caeda é o terceiro maior ganhador com a invasão do Iraque.
As técnicas desenvolvidas no Iraque, sobretudo o terrorismo suicida, começam a ser usadas no Afeganistão, onde se espera uma ofensiva dos Talebã na primavera no Hemisfério Norte, e devem ser levadas para outras ‘jihads’, na Caxemira, na Chechênia, na Somália.
Antes, não havia terrorismo suicida no Iraque e no Afeganistão. Com a revolta dos muçulmanos pela invasão do Iraque, houve atentados em Madri e Londres por causa de governos aliados dos EUA.
Al Caeda está ativa no Iraque, no Afeganistão, na Europa e se infiltra rapidamente no Norte da África, ampliando, como prega seu subcomandante, o médico egípcio Ayman al-Zawahiri, as frentes de batalha na sua “guerra santa” contra o Ocidente.
Os jihadistas estão se tornando mais letais. Acabam de introduzir no Iraque a arma química suja, com uma descarga de cloro associada a uma explosão convencional, no primeiro uso de armas químicas nesta guerra, embora elas tenham servido de pretexto para a invasão americana.
A ditadura de Saddam Hussein esmagou o fundamentalismo no Iraque. Não tinha qualquer aliança com Al Caeda, como foi alegado pelo governo Bush para justificar a guerra. Hoje, a insurgência sunita, constituída principalmente pelos antigos partidários de Saddam Hussein deserdados com a desbaathificação do Iraque, luta ao lado dos jihadistas da Caeda contra os americanos e a nova ordem que consideram dominada pelos xiitas.
Se os EUA se retirarem do Iraque como a União Soviética fez no Afeganistão, provavelmente haverá uma longa guerra civil capaz de envolver outros países do Oriente Médio, ao colocar sunitas contra xiitas. No vácuo de um Estado em colapso, haveria ainda mais espaço para os terroristas instalarem suas bases. Como no Afeganistão, uma nova geração de jihadistas está sendo temperada a ferro e fogo no Iraque. Logo, estará de volta a seus países de origem, espalhando a centelha revolucionária.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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