quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Primeiro-ministro Prodi pede demissão na Itália

O primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, pediu hoje demissão ao presidente Giorgio Napolitano depois de sofrer uma derrota humilhante em política externa, no Senado, por apenas dois votos. Prodi, que já havia chefiado brevemente o governo italiano antes, voltou ao poder há nove meses como líder da uma frágil coalizão de nove partidos, entre eles dois comunistas.

Alguns supostos aliados se rebelaram contra a manutenção das tropas italianas no Afeganistão, onde participam da missão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos Estados Unidos, e a expansão da base militar americana em Vicenza, na Itália. É mais um golpe para a política externa americana, no dia em que seu maior aliado, o primeiro-ministro Tony Blair, anuncia a retirada parcial das forças britânicas do Iraque.

Com apenas dois votos de vantagem no Senado, esperava-se que a coalizão de Prodi tivesse problemas mas não que caísse de forma tão espetacular e por uma questão de política externa. As previsões eram que o governo de centro-esquerda tivesse dificuldades com suas bases sindicais na reforma das leis trabalhistas. Mas a guerra iniciada pelo presidente George Walker Bush ao invadir o Iraque subverteu diversos governos nacionais aliados.

Outro problema é que cinco agentes secretos americanos foram denunciados pela Justiça da Itália nos processos sobre o seqüestro e transporte de suspeitos de terrorismo em vôos clandestinos da CIA para países onde foram torturados. Prodi deixou claro que não pediria a extradição dos agentes da CIA, que seria rejeitada pelo governo Bush e criaria um atrito com os EUA.

Sem apoio dentro de sua própria coalizão para sua política externa pró-EUA, o primeiro-ministro preferiu renunciar.

As pesquisas indicam que, se houvesse novas eleições hoje, o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi ganharia por pequena margem. Outra questão é se conseguiria formar um governo.

Prodi sempre pode estar blefando para reagrupar sua coalizão, voltar atrás e arrastar seu governo até a próxima crise. Se forem convocadas eleições antecipadas, elas não serão realizadas em menos de três meses.

É provável que a Itália viva um novo período de confusão e instabilidade política, característica do país no pós-guerra. Desde 1945, a Itália teve 61 governos. O risco é a volta do ciclo de governos muito curtos, marcados por instabilidade e paralisia política.

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