terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Ditadores árabes abandonam reformas políticas

Com o fracasso da invasão do Iraque, morre também o ímpeto reformista e a política de “mudança de regime” preconizada pela Doutrina Bush para o Oriente Médio depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos. Na opinião da revista Foreign Policy, os ditadores árabes ficam em sexto lugar entre os dois maiores ganhadores da guerra no Iraque.

Os americanos chegaram a pressionar seus maiores aliados na região, a Arábia Saudita e o Egito, a democratizarem seus sistemas políticos como forma de reduzir a sedução do terrorismo dos jihadistas sobre os jovens árabes. Sauditas e egípcios formam o núcleo da rede terrorista Al Caeda e do grupo que atacou Nova Iorque e o Pentágono.

A família real da Arábia Saudita selou uma aliança com os EUA nos anos 30, trocando petróleo por segurança. É um dos principais alvos da rede Al Caeda, liderada pelo saudita Ossama ben Laden, que considera a Dinastia Saud corrupta por vender petróleo barato aos americanos e por chamar infiéis para defender o país, terra das cidades sagradas de Meca e Medina. Ben Laden desafia a posição da família real saudita como guardiã dos lugares sagrados.

O Egito pertencia ao bloco soviético desde a revolução que derrubou a monarquia, em 1952, sob a liderança de Gamal Abdel Nasser. Mudou de lado com a decisão de Anuar Sadat, sucessor de Nasser, de se aproximar dos EUA em 1977 e de fazer a paz com Israel para recuperar a Península do Sinai, ocupada na guerra de 1967.

Durante a Guerra Fria, a política do Ocidente para o Oriente Médio era apoiar ditadores. Democracia poderia significar a eleição de governos hostis ao Ocidente, como diz Samuel Huntington, defensor da tese do conflitos de civilizações, mas nesse ponto ele tem razão.

Com o fracasso da democratização a ferro e fogo, a política americana para o Oriente Médio volta aos tempos da Guerra Fria. Mas as massas árabes estão inflamadas e o risco de uma guerra civil entre sunitas e xiitas no Iraque preocupa os autocratas do Cairo e de Riad.

A invasão americana promoveu uma desestabilização geral do Oriente Médio, deixando seus aliados em situação mais frágil. Onde houver democratização, as grandes opções políticas são duas: o nacionalismo árabe e o internacionalismo muçulmano dos fundamentalistas - ambas anti-ocidentais.

Mais fracos, os ditadores ficam mais dependentes de Washington e são aliados em opções não-militares para conter o Irã.

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