A Coréia do Norte aceitou em princípio fechar sua principal central nuclear em troca de uma ajuda energética e alimentar maciça. Não foram revelados muitos detalhes.
Pelo acordo, a Coréia do Norte deve fechar em 60 dias a usina nuclear de Ionguibiom, provável fonte do plutônio usado no teste nuclear de outubro passado, e autorizar a volta ao país de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão das Nações Unidas. Eles foram expulsos em 2003, quando os Estados Unidos acusaram o regime stalinista norte-coreano de violar um acordo firmado em 1994, durante o governo Bill Clinton.
Um ano e meio antes, o presidente George W. Bush tinha colocado a Coréia do Norte no que chamou de Eixo do Mal, ao lado do Irã e do Iraque. Ao atacar o Iraque, os EUA colocaram a Coréia do Norte e o Irã em estado de alerta para uma invasão americano.
Como disse o ex-ministro da Defesa da Índia Jaswant Singh, a grande lição da Guerra do Golfo de 1991 é que o país que quiser enfrentar os EUA precisa ter armas nucleares.
A demonização implícita no conceito de eixo do mal empurrou os dois países declarados inimigos por Bush para posições mais radicais, incentivando-os a desenvolver armas nucleares, como aliás observou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, domingo passado, na Conferência de Munique, num discurso que lembrou o tempo da Guerra Fria.
Em troca do fechamento da usina de Ionguibiom, a Coréia do Norte vai receber uma ajuda em alimentos e energia equivalente a 50 mil toneladas de óleo combustível pesado, num total estimado em US$ 300 milhões. As negociações incluíram as Coréias, a China, os EUA, o Japão e a Rússia.
Para o negociador americano, Christopher Hill, o anteprojeto de acordo como "excelente". Mas o ex-embaixador americano na ONU, o linha-dura John Bolton, reclamou na TV CNN que a Coréia do Norte está sendo recompensada com maciças quantidades de óleo combustível em troca da paralisação apenas parcial de seu programa nuclear: "Isto manda o recado errado para os proliferadores no mundo inteiro".
A secretária de Estado, Condoleezza Rice, defendeu o acordo, dizendo que manda um sinal claro ao Irã de que a diplomacia funciona. Para os partidários do acordo, ele ainda não acaba com o problema, já que a Coréia do Norte não foi obrigada a se desarmar. Ficaram outras questões para serem negociadas no futuro, dentro dos mesmos parâmetros.
A chantagem nuclear da Coréia do Norte continua. Os negociadores têm a esperança de pouco a pouco irem desmantelando o programa nuclear norte-coreano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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