Até agora, o maior vencedor da guerra no Iraque é a República Islâmica do Irã, muito ao contrário do que pretendiam os Estados Unidos. Além de eliminar Saddam, um inimigo histórico com quem o Irã travou uma guerra de oito anos, a ascensão política dos xiitas no Iraque fortalece o Irã.
Em teoria, o novo Iraque laico e democrático seria um modelo para o Oriente Médio e uma ameaça à teocracia iraniana. Ao provocar apenas caos e anarquia, a invasão do Iraque aumentou o medo e o receio de mudanças nos demais povos do Oriente Médio. O fim do baathismo eliminou um inimigo do Irã, primeiro país a reconhecer o novo governo e a estimular o povo iraquiano a participar das eleições convocadas pelos EUA.
Com o vácuo político criado pelo colapso do regime de Saddam, os iranianos rapidamente estabeleceram relações econômicas, religiosas e culturais com a região Sul do Iraque, onde a maioria é xiita. A guerra, nota a revista, transformou a maior parte do Iraque numa zona de influência do Irã e de seu aparato político, cultural e religioso.
Além disso, o Irã está desenvolvendo um programa nuclear que em breve poderá fabricar armas atômicas, o que será muito difícil de impedir, segundo documento reservado da União Européia (UE). Até 2002, a política dos EUA em relação ao Irã era de fomentar a mudança de regime.
Ao invadir o Iraque, os EUA deram uma trégua e uma força ao regime dos aiatolás. Com os xiitas do Iraque, formam hoje um Crescente Xiita com tentáculos até o Hesbolá (Partido de Deus) no Líbano e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) na Palestina.
Hoje uma das maiores preocupações americanas é conter a influência regional do Irã. Os países árabes de maioria sunita apóiam os americanos. Mas este é, para a revista Foreign Policy, o preço que o Irã paga pela vitória.
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