Em reunião na cidade sagrada de Meca promovida pelo sultão da Arábia Saudita, os dois principais partidos palestinos - a Fatah (Luta) do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) do primeiro-ministro Ismail Haniyeh - anunciaram o fim dos conflitos que deixaram 100 mortos nas últimas semanas e a formação de um governo de união nacional. O Hamas disse que respeita os acordos firmados entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Mas não reconhece o direito de existência de Israel.
O movimento palestino está em crise desde a vitória do Hamas nas eleições parlamentares de 25 de janeiro de 2006, que provocou um boicote internacional dos Estados Unidos, da União Européia e de Israel, que consideram o Hamas um grupo terrorista, exigem que abandone a luta armada e que reconheça Israel.
As negociações partiram do chamado Documento dos Prisioneiros, discutido por militantes do Hamas e do Fatah detidos em prisões israelenses. Ele propõe a criação de um Estado palestino com território na Cisjordânia, Gaza e no setor oriental de Jerusalém, áreas ocupadas por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Assim, o Hamas se aproxima da fórmula criação do Estado palestino em troca do reconhecimento de Israel nas fronteiras anteriores à guerra de 1967.
Pelo acordo, o Hamas terá a chefia do governo e sete ministérios: Educação, Bens Islâmicos, Trabalho, Municípios, Juventude, Justiça e Comunicação. Nomeará ainda três ministros independentes, do Interior, do Planejamento e do Estado.
A Fatah fica com os Ministério da Saúde, de Assuntos Sociais, das Obras Públicas, de Transportes, da Agricultura e de Assuntos de Prisioneiros. Indicará o ministro de Exteriores e um ministro de Estado que não pertençam aos dois grandes partidos.
Os pequenos partidos com representação no Conselho Legislativo Palestino, como a Frente Popular para a Libertação da Palestina, a Frente Democrática para a Libertação da Palestina, a Terceira Via e a Palestina Independente, ganham um ministério cada. O ministro das Finanças será Sallam Fayad, da Terceira Via.
Não é o acordo ideal porque o Hamas ainda se nega a reconhecer Israel, que usa isso para se recusar a negociar com o movimento islamita palestino. Agora, o rei Abdullah, da Arábia Saudita, precisa convencer seus aliados americanos de que foi o acordo possível. Caberia então aos EUA pressionarem seu principal aliado no Oriente Médio, Israel a começar as negociações.
Como o primeiro-ministro de Israel, Ehud Omert, anunciou ontem que a secretária de Estado, Condoleezza Rice, vai se encontrar em Jerusalém dia 19 de fevereiro com o presidente palestino, é um sinal de que os EUA querem relançar o processo de paz entre israelenses e palestinos.
A ocupação de territórios árabes por Israel desde 1967 é uma das principais causas do ressentimento do mundo árabe em relação aos EUA e ao Ocidente. Um acordo de paz melhoria a imagem dos EUA no Oriente Médio, ajudando na estabilização do Iraque.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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