terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Dante usava drogas como inspiração

O poeta Dante Alighieri (1265-1321), autor da A Divina Comédia, a obra-prima da literatura italiana, usava drogas para se inspirar em suas criações, revela a pesquisadora britânica Barbara Reynolds, uma das maiores especialistas em Dante. Em artigo sobre o último livro de Barbara, Dante: o Poeta, o Pensador Político e o Homem, o jornal Corriere della Sera revelou que o grande poeta florentino usou drogas como maconha e mescalina.

A especialista de 94 anos, famosa por ter feito a melhor tradução de A Divina Comédia para o inglês, provocou uma revolução nos estudos sobre Dante e no establishment cultural italiano com sua revelação indiscreta.

Isto explicaria por que no primeiro canto do Paraíso, a terceira parte da Divina Comédia, depois do Inferno e do Paraíso, ao subir ao céu Dante se compara com Glauco, que havia se transformado numa divindade marinha depois de se alimentar com uma erva.

Barbara Reynolds sugere que as visões do paraíso se devem em grande parte às experiências psicodélicas de Dante. Ela põe em dúvida a existência de Beatrice, a musa inspiradora e amor impossível do poeta. Apesar de alguns estudiosos indicarem que ela era uma filha de Folco Portinari, a autora acredita que a musa talvez fosse apenas fruto da imaginação fértil do poeta.

As drogas são apenas um detalhe do livro, de 500 páginas, mas virou capa do Times Literary Supplement, que abriu a manchete: "Dante drogado".

Na Itália, a intelectualidade reagiu. "É uma hipótese de pouca credibilidade", afirmou o professor Guglielmo Gorni, presidente da Sociedade Dantesca Italiana. "Há uma fastidiosa e difusa tendência de projetar sobre Dante todos os nossos vícios, até os mais inconfessáveis".

Mas o professor de literatura Giulio Leoni, autor de três novelas policiais sobre Dante, declarou que "não só é possível como provável" que o poeta maior da literatura italiana usasse drogas: "O dantismo oficial deixou na sombra muitos aspectos da vida de Dante. Ele foi reprimido pela crítica acadêmica, quase toda católica, que o quis embalsamar como o grande poeta da Cristandade".

Leoni lembra que Dante conhecia bem a farmacopéia e sabia utilizar plantas medicinais: "Em minhas novelas, mais de uma vez imaginei Dante preparando remédios para curar seus males. Quem pode excluir que ele usasse plantas para outros fins?"

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