domingo, 17 de julho de 2016

Turquia busca lições no golpe fracassado

O golpe contra o presidente Recep Tayyip Erdogan e o governo do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) na Turquia começou às 21h30 de ontem pela hora local (17h30) em Brasília, quando as duas pontes que ligam a Europa à Ásia sobre o Estreito de Bósforo e os aeroportos de Ancara e Istambul foram tomados pelos golpistas. 

Ao mesmo tempo, aviões de guerra faziam voos rasantes sobre o palácio presidencial e a Assembleia Nacional. Tanques saíram às ruas em Ancara e Istambul. Helicópteros dos rebeldes atacaram as sedes da polícia e do serviço de inteligência, leais a Erdogan, enquanto outros ocupavam meios de comunicação como a CNN na Turquia e o jornal Hurryiet.

O presidente estava na cidade de Marmaris, uma praia no Mar Egeu. Com os aeroportos das duas maiores cidades turcas em poder dos rebeldes, não tinha como voltar aos centros de poder. De lá mesmo, deu uma entrevista à CNN turca via FaceTime e apelou à população para sair às ruas e resistir ao golpe. Erdogan disse depois que o hotel onde estava foi bombardeado depois que ele saiu.

A conspiração começou a fracassar quando o comandante do 1º Exército, general legalista Ümit Dündar, assumiu o controle do Aeroporto Ataturk, em Istambul.

Quando Erdogan chegou a Istambul, a polícia atacava os militares que haviam ocupado meios de comunicação. Os três principais partidos de oposição e a mídia apoiaram o governo eleito democraticamente, apesar dos abusos e do crescimento autoritarismo do presidente, que autorizou invasão de meios de comunicação e a prisão de jornalistas, intelectuais e oposicionistas simplesmente por criticarem o governo.

Por ironia, foi o grupo de mídia Dogan, atacado no ano passado por partidários do governo, que deu voz à convocação de Erdogan à resistência popular.

A frustrada tentativa de golpe terminou com 265 mortes, na descrição do governo "161 mártires e 104 golpistas", e um expurgo nas Forças Armadas e na Justiça, com a prisão de 2.839 militares, inclusive altos oficiais como o comandante do 2º Exército, e o afastamento de cerca de 2,7 mil juízes.

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