Pelo menos 84 pessoas foram mortas e centenas feridas por um caminhão de 19 toneladas jogado contra uma multidão hoje à noite no Sul da França, noticiou o jornal francês Le Figaro.
Dezoito feridos estão em estado gravíssimo. Milhares de pessoas participavam das festividades do Dia da Bastilha, 14 de julho, marco do início da Revolução Francesa de 1789, no Passeio dos Ingleses, na cidade de Nice.
A maior suspeita é de ataque terrorista. O motorista foi morto pela polícia. A TV BFM fala em mais de 80 mortos, citando como fonte o Ministério Público. O promotor Jean-Michel Prêtre avisou que o balanço é provisório.
Logo depois do espetáculo de fogos de artifício para celebrar a data nacional da França, o caminhão avançou contra a multidão, atropelando pessoas por uma distância de cerca de dois quilômetros. Quando o caminhão parou, o terrorista ainda atacou a multidão a tiros. A polícia encontrou pistolas, bombas e granadas dentro do veículo, mas disse que algumas eram falsas e não representavam perigo.
O jornalista Damien Allemand, editor da versão digital do jornal local Nice-Matin, estava no local: "Quando o show terminou, todos se levantaram ao mesmo tempo. Em direção às escadas, espremidos como sardinhas. Eu ziguezagueiei entre as pessoas atrás do meu scooter, que estava a poucos passos de distância. Ao longe, um ruído. Gritos. Meu primeiro pensamento: alguma pessoa maligna trouxe seus próprios fogos e não os controlou...
"Mas, não", acrescentou o jornalista. "Uma fração de segundo mais tarde, um enorme caminhão branco avançava numa velocidade louca contra as pessoas com golpes de direção para para ceifar o maior número de vidas. Esse caminhão da morte passou a metros de mim e não me dei conta. Vi corpos voarem como peças de boliche, os ruídos, os uivos que não esquecerei jamais. Fiquei paralisado. Não me mexi nem disse nada. Segui com os olhos aquele cortejo fúnebre. Ao redor de mim, o pânico. As pessoas corriam, gritavam, choravam. Aí me dei conta. E corri junto com elas."
Em entrevista à televisão, o vice-governador do departamento dos Alpes Marítimos, Sébastian Humbert, declarou que "o balanço é muito pesado", com "dezenas de mortos", provavelmente "uma trintena", na estimativa inicial. Ele acrescentou que "o motorista foi abatido" porque foi "um ataque criminoso".
O presidente François Hollande estava no Festival de Teatro de Avignon, no Sul do país. Voltou às pressas para Paris, onde participa daqui a pouco de uma reunião de emergência do gabinete de crise no Ministério do Interior. Amanhã, às 9h, o presidente vai reunir o Conselho de Segurança e Defesa no Palácio do Eliseu.
Horas antes, ao discursar na cerimônia oficial em Paris desde 14 de julho, o presidente havia anunciado a suspensão a partir de 26 de julho do estado de emergência decretado depois dos atentados que mataram 132 pessoas na capital francesa em 13 de novembro de 2015. Em janeiro do ano passado, a capital francesa também foi aterrorizada pelo ataque ao jornal humorístico Charlie Hebdo e outras ações nos dias seguintes, que deixaram um total de 17 mortos.
Hollande revelou que assessores militares da França estarão ao lado das forças do Iraque na ofensiva para retomar a segunda maior cidade do país, Mossul, em poder da milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante desde 10 de junho de 2014. O Estado Islâmico foi responsável pelos atentados de Paris e é o maior suspeito agora em Nice.
O departamento dos Alpes Marítimos é um dos principais focos do jihadismo na França, observaram vários meios de comunicação regionais. Grande parte do contingente de extremistas muçulmanos franceses que lutam voluntariamente nas guerras civis do Iraque e do Iraque saiu de Nice.
Durante a Euro 2016, a copa europeia de seleções de futebol, encerrada no domingo passado, o ex-prefeito de Nice, Christian Estrosi, atual governador da região da Provença-Alpes-Costa Azul (Paca), instalou detetores de bombas e metais na entrada do chamada zona dos fãs, onde as pessoas assistiram aos jogos em telões. Nice foi a única cidade-sede a fazer isso.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 14 de julho de 2016
Caminhão investe contra multidão que festejava Revolução Francesa
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