Com uma multidão nas ruas de Ancara e Istambul para resistir ao golpe, o primeiro-ministro da Turquia, Binali Yildirim, declarou que a situação está praticamente sob controle depois de uma rebelião militar e mandou a Força Aérea abater aviões militares rebeldes que sobrevoam as maiores cidades do país.
Pelo menos 46 pessoas morreram na tentativa de golpe na Turquia, a maioria na capital, Ancara.
Os golpistas tiveram a vantagem inicial da surpresa. Rapidamente tanques ocuparam as ruas das principais cidades, as pontes ligando a Europa à Ásia, o aeroporto e meios de comunicação. Mas há um contragolpe em marcha com o apoio dos partidos secularistas que fazem oposição ao presidente Recep Tayyip Erdogan.
Para a empresa de análise estratégica Stratfor, o golpe fracassa porque ao que tudo indica é liderado por uma pequena facção de militares ligados ao movimento gulenista, um grupo político islamista liderado por Fethullah Gülen, um clérigo muçulmano, escritor e pensador turco exilado nos Estados Unidos.
De aliado do presidente Erdogan, Gülen virou inimigo quando seu poder começou a incomodar. Seus seguidores foram expurgados da mídia e do governo em 2014, mas mantêm influência nas Forças Armadas.
Assim, o golpe não seria liderado pela ala secularista do Exército que se considera guardiã dos princípios da República Turca criada em 1923 por Mustafá Kemal Ataturk. Por isso, não tem o apoio da oposição civil.
Ao contrário, os principais partidos de oposição se unem ao governo e aos setores legalistas das Forças Armadas para o contragolpe, que parece estar vencendo a batalha. Ainda há combate nas ruas de Istambul. O presidente Erdogan reapareceu no aeroporto da cidade, que estava sob o controle dos golpistas, mas não reassumiu o governo em Ancara, sinal de problemas na capital.
Erdogan atribuiu o golpe a um pequeno grupo de militares e prometeu processá-los e puni-los: "Eles vão pagar por esta traição da maneira mais dura."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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