Depois de atacar mulheres, minoriais e o direito constitucional à liberdade religiosa, o bilionário bufônico Donald Trump, candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos em 8 de novembro de 2016, investe contra um pilar fundamental da política externa americana: a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
A aliança militar ocidental, criada em Washington em 1949 para se opor à União Soviética, tem um princípio fundamental: um ataque contra um é um ataque contra todos. Além de flertar com o protoditador da Rússia, Vladimir Putin, o magnata imobiliário nova-iorquino questiona o compromisso de defender automaticamente os aliados se não estiverem em dia com sua contribuição financeira para a OTAN.
"Se eles cumprirem suas obrigações, a resposta é sim", declarou o candidato em entrevista ao jornal The New York Times. Isso vai contra a política externa do partido e do país nos últimos 67 anos, mas é coerente com afirmações anteriores de Trump ameaçando retirar as forças dos EUA da Europa e da Ásia se os aliados não ajudarem a financiar suas operações.
Imediatamente, o presidente da ex-república soviética da Estônia, Toomas Hendrik Ilves, destacou que o país dá sua contribuição financeira e participou da invasão ao Afeganistão.
Para Trump, os EUA não devem pressionar aliados com tendências autoritárias como o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, a respeitar os direitos civis: "Não penso que tenhamos o direito de dar lições", alegou. "Veja o que está acontecendo em nosso país. Como podemos dar lições enquanto as pessoas estão atirando em policiais a sangue frio?"
Durante a entrevista de 45 minutos, Trump reafirmou a promessa de um nacionalismo agressivo para pressionar os aliados a assumir custos que os EUA sustentam há décadas e romper acordos políticos e econômicos que lhe pareçam lesivos aos interesses americanos.
Fiel ao slogan "Primeiro os EUA", o candidato republicano disse estar pronto para denunciar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), se não conseguir renegociá-lo com o Canadá e o México em condições muito mais favoráveis.
Desta forma, Trump aponta para um recuo ainda maior da liderança internacional dos EUA, descrito como a "nação indispensável" para a paz mundial e a segurança internacional pela ex-secretária de Estado no governo Bill Clinton, Madeleine Albright.
"Isso foi 40 anos atrás", reagiu o candidato republicano, rejeitando comparações com ex-presidentes republicanos como Richard Nixon e Ronald Reagan. "Gastamos uma fortuna com os militares para perder US$ 800 bilhões", acrescentou, numa referência ao déficit anual do comércio exterior dos EUA.
O ex-secretário de Estado e ex-secretário do Tesouro James Baker, que apoia Trump, criticou a entrevista, argumentando que o isolacionismo político e o protecionismo econômico não são a maneira de garantir a prosperidade e a influência internacional dos EUA.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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