quarta-feira, 13 de julho de 2016

Theresa May assume e nomeia ministros do governo britânico

Quase 26 anos depois da queda de Margaret Thatcher, o Reino Unido tem sua segunda primeira-ministra. Theresa May, ministra do Interior há seis anos, foi convidada hoje pela rainha Elizabeth II para formar o novo governo britânico. 

O ex-ministro do Exterior Philip Hammond vai para as Finanças e o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, líder da campanha para sair da União Europeia, será o ministro do Exterior, noticia o jornal britânico The Independent.

A nomeação de Johnson já é motivo de piada na Internet. Durante a campanha para a eleição da líder conservadora, May levantou dúvidas sobre as habilidades negociadoras do ex-prefeito e agora o indica para a equipe que vai discutir a saída da UE.

Outro eurocético, David Davis, será o encarregado das negociações com a UE e Liam Fox, também antieuropeu, será o ministro do Comércio Internacional. Ambos foram aprovados pelo neofascista Nigel Farage, líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) e grande vencedor do plebiscito de 23 de junho.

Antes de entrar na residência oficial da 10 Downing Street, no centro de Londres, a nova chefe de governo prometeu governar para todos os britânicos e não apenas para os privilegiados. É difícil de acreditar. O Partido Conservador sempre foi o partido do privilégio e do poder. Com o declínio econômico inevitável devido à saída da UE, de onde vai sair o dinheiro para investimentos sociais.

Na tradição de Margaret Thatcher, os conservadores trabalham há mais de 30 anos para reduzir a máquina do Estado. Isso implica cortes nos gastos sociais.

Durante a campanha para o plebiscito, os defensores da Brexit (saída britânica) acenaram com a possibilidade de investir no Serviço Nacional de Saúde (SNS) os 350 milhões de libras enviados semanalmente para a UE. Na prática, com o dinheiro recebido da UE, o valor real da contribuição britânica cai para 150 milhões por semana.

Logo depois da vitória, os partidários da saída da UE deixaram claro que era uma falsa promessa. Aparentemente, eles não esperavam ganhar e não tinham feito o planejamento necessário para a transição.

A grande questão agora é como serão as relações econômicas entre o Reino Unido e a UE. Em entrevista à televisão pública britânica BBC, um economista ligado à Brexit disse que só há duas alternativas: ou o país continua fazendo parte do mercado comum europeu e assim precisa seguir todas as regras do bloco, inclusive a livre circulação de pessoas, contrariando a promessa de reassumir o controle sobre a imigração; ou adota uma política de livre comércio, abrindo totalmente seu mercado interno.

Nos dois casos, o eleitorado britânico foi enganado. Sair da Europa e continuar seguindo as regras do bloco significa se submeter a decisões das quais não vai participar e a aceitar a política europeia de imigração rejeitada no plebiscito. Já uma política de comércio totalmente livre vai agravar a situação de regiões e trabalhadores não competitivos na economia globalizada.

A análise dos resultados do plebiscito indica que a saída da UE ganhou nas regiões menos cosmopolitas, onde a economia está deprimida e há menos imigrantes.

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