Com um discurso sensível e tocante, a primeira-dama Michelle Obama foi destaque da primeira noite da convenção nacional do Partido Democrata que vai oficializar a candidatura da ex-secretária de Estado Hillary Clinton à Presidência dos Estados Unidos em 8 de novembro de 2016.
O senador socialista Bernie Sanders prometeu manter viva sua "revolução política", mas pediu o voto de seus eleitores para Hillary e o vice moderado Tim Kaine em troca da inclusão na plataforma democrata de algumas de suas propostas, como o salário mínimo de US$ 15 por hora.
A senadora Elizabeth Warren atacou o candidato republicano em tom moderado e discreto, sem a veemência de discursos anteriores para desmascarar Donald Trump. Descreveu o adversário como um bilionário sem escrúpulos que "nunca cedeu absolutamente nada a ninguém".
Calma e serena, Michelle contou sua história pessoal de criar duas filhas na Casa Branca para falar da importância histórica do governo Barack Obama e de Hillary se tornar a primeira mulher a presidir os EUA. Insistiu que ela é a única alternativa confiável para controlar os códigos secretos das armas nucleares do país. Atacou Trump sem citar seu nome.
"É difícil acreditar que faz oito anos que estive aqui para falar para vocês por que eu achava que meu marido deveria ser presidente dos EUA", disse Michelle, sob aplausos. "Relembrem como eu falei de seu caráter e suas convicções, sua decência e sua cortesia, a cortesia que vimos durante todo seu tempo na Casa Branca, uma pessoa sempre suave. Se alguém é rude e ameaça, quando eles apelam para baixarias, nós saímos por cima."
Em seguida, a primeira-dama elogiou a dedicação da ex-secretária de Estado à vida pública: "Vejam! Em muitos momentos, Hillary poderia ter decidido que este trabalho é muito árduo, que o preço a pagar pelo serviço público é muito elevado, criticada como é pela maneira como se apresenta, se veste e até quando ri. O que o mais admiro em Hillary é que ela nunca se entrega sob pressão. Ela nunca procura a saída mais fácil. Nunca desistiu de nada na sua vida.
"Quero uma pessoa com força comprovada para perseverar", prosseguiu Michelle, "alguém que conheça este trabalho e o leve a sério, alguém que entenda que as questões que um presidente encara não são em branco e preto e não podem ser reduzidas a 140 caracteres, que conheça que me trouxe a este palco nesta noite, a história de gerações de pessoas que sentiram o chicote da escravidão, a vergonha da servidão, o estigma da segregação, mas que continuaram lutando, tendo esperança e fazendo o que tinham de fazer. Todos os dias de manhã eu acordava numa casa construída por escravos e se hoje minhas filhas acreditam que uma mulher pode chegar à Presidência dos EUA devo isso a Hillary."
No seu discurso, Sanders foi generoso com Hillary, descrevendo-a como "uma primeira-dama diferente das outras primeiras-damas, que se dedicou à luta pela cobertura universal de saúde". Foi uma tentativa de resgatar uma imagem mais progressista de Hillary.
Depois de uma campanha centrada no combate à desigualdade social em que prometeu uma revolução pelo voto, o desafio de Sanders agora é fazer seus seguidores votaram na chapa Clinton-Kaine.
Como observou o jornal mais vendido nos EUA, The Wall Street Journal, o Partido Democrata reunido na Filadélfia nesta semana é muito diferente daquele que em 1992 indicou Bill Clinton e Al Gore para presidente e vice. Ambos eram sulistas considerados conservadores da ala moderada do partido.
Os democratas vinham de três derrotas em eleições presidenciais, duas para Ronald Reagan, em 1980e 1984, e uma para George Herbert Walker Bush, o pai, em 1988. Clinton bateu Bush por causa de um terceiro candidato independente, o magnata Ross Perot, que roubou votos à direita de George Bush.
Nesta terça-feira, cabe ao ex-presidente Bill Clinton fazer o discurso mais esperado da convenção para defender a candidatura da mulher à Casa Branca. Na quarta-feira, será a vez do presidente Barack Obama e do vice-presidente Joe Biden. Hillary faz o discurso de aceitação oficial da candidatura na quinta-feira.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário