sexta-feira, 15 de julho de 2016

Terrorista de Nice não era fanático religioso

A polícia da França identificou o motorista que atropelou e matou 84 pessoas e feriu outras 202 ontem à noite durante a festa da data nacional da França como Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos nascido na Tunísia. Ele tinha uma condenação por briga no trânsito, não era conhecido dos serviços secretos nem dava sinais de fanatismo religioso.

"O autor do atentado era desconhecido dos serviços de inteligência", observou o procurador de Paris, François Molins, acrescentando que Bouhlel atirou várias vezes contra três policiais.

"Só havia sido condenado uma vez, em 24 de março de 2016, por um tribunal de Nice, por atos de violência numa altercação depois de um acidente de trânsito" em que sacou um revólver, revelou o ministro da Justiça, Jean-Jacques Urvoas.

Sua advogada no caso, Corentin Delobel, declarou hoje que "nada me levaria a pensar que ele cometeria atos tão desumanos". Bouhlel foi condenado a seis meses de prisão com direito a suspensão da pena. Não foi para a cadeia.

Ontem, Bouhlel estava armado com uma pistola de 7,65 milímetros que usou para enfrentar a polícia e dois homens que tentaram pará-lo. Um motociclista tentou pular na cabine do caminhão. Não conseguiu, caiu e foi atropelado. Outro saltou até a porta do veículo, mas foi repelido a tiros.

Dentro do caminhão, a polícia encontrou uma pistola e dois fuzis de plástico e uma granada que estaria desativada.

Como Bouhlel não era visto como um muçulmano, as autoridades francesas se perguntam se era um jihadista ou apenas um desequilibrado mentalmente. Em dezembro de 2014, um motorista atropelou 13 pessoas aos gritos de "Alá é grande!"

O método da ação terrorista se enquadra nas incitações ao terrorismo feitas pela milícia jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que apela a seus simpatizantes para esmagar os "cruzados" de qualquer maneira, inclusive com seu próprio veículo.

Vários atentados deste tipo foram cometidos por palestinos contra israelenses. A rede terrorista Al Caeda usou um método semelhante, transformando aviões em mísseis guiados em 11 de setembro de 2001 e fazendo o mesmo com veículos terrestres. Mas as autoridades franceses mantêm a cautela.

Em dezembro de 2014, um motorista jogou seu veículo e atropelou 13 pessoas na cidade de Dijon aos gritos de "Alá é grande!" Ele tinha 157 passagens por hospitais psiquiátricos. A promotoria inicialmente tratou o caso como terrorismo, mas depois considerou crime comum.

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