A presidente da comissão executiva nacional do Partido Democrata, deputada federal Debbie Wasserman Schultz, renunciou ao cargo diante do vazamento de mensagens reveladoras de favorecimento da cúpula partidária à ex-secretária de Estado Hillary Clinton na disputa com o senador Bernie Sanders pela candidatura à Presidência dos Estados Unidos, informou o jornal The New York Times.
O vazamento do sítio WikiLeaks, que pirateia mensagens de governos, partidos e empresas para revelar sua hipocrisia, aconteceu às véspera do início, amanhã, na Filadélfia, da convenção nacional para consagrar Hillary candidata. Abala a frágil trégua interna do partido com os eleitores de Sanders, mais à esquerda, que não ficaram satisfeitos com a escolha do senador moderado Tim Kaine para vice-presidente.
O coordenador da Rede de Delegados de Bernie, Norman Solomon, protestou contra o vice-presidente "inaceitável": "A secretária Clinton deve saber que a escolha de Kaine só pode inflamar em vez de acalmar a grande maioria dos eleitores de Bernie."
Sanders, socialista assumido, fez campanha denunciando o centro financeiro de Wall Street, a desigualdade social e os acordos de livre comércio. Sempre acusou Hillary de ser uma candidata do sistema que recebe ajuda dos grandes bancos e da cúpula do partido em sua campanha.
"A liderança do partido deve ser sempre imparcial durante o processo de indicação do candidato, algo que não aconteceu em 2016", lamentou Sanders em nota.
Ao anunciar a renúncia, Debbie Schultz deixou claro que vai continuar lutando por Hillary: "Eu sei que eleger Hillary Clinton a próxima presidente é crucial para o futuro dos EUA. Vou servir como militante na campanha na Flórida e ao redor do país para garantir a vitória. No momento, a melhor maneira de atingir este objetivo é deixar a presidência do partido no fim desta convenção."
Em nota, Hillary agradeceu à ex-presidente do partido: "Sou grata a Debbie por trazer o Partido Democrata até a histórica convenção deste ano na Filadélfia, e eu sei que o evento desta semana vai ser um sucesso graças a ela e a sua liderança."
O escândalo atinge a campanha à reeleição da própria Debbie, que disputa a candidatura pelo 23º distrito da Flórida com o professor de direito Tom Canova, aliado de Sanders, numa eleição primária em agosto.
Alguns dirigentes democratas acusaram a Rússia pelo vazamento, sob a alegação de que o presidente Vladimir Putin tem interesse na eleição do candidato republicano, Donald Trump.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
domingo, 24 de julho de 2016
Presidente democrata cai após vazamento de e-mails anti-Sanders
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