A uma semana do início da sessão anual do Congresso Nacional do Povo que vai eleger mais um secretário-geral do Partido Comunista para a Presidência da China, mais de cem intelectuais liberais fizeram um apelo ao governo para que ratifique e aplique Convenção Internacional sobre Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas, de 1994. É um acordo para proteger direitos fundamentais do homem como o direito de ir e vir, a liberdade de expressão e a igualdade entre homens e mulheres.
Entre os signatários, estão conhecidos advogados defensores dos direitos humanos como Pu Zhiqiang, escritores e jornalistas. O tom da carta aberta é conciliador, mas o regime comunista chinês costuma tomar críticas como um desafio e uma ameaça.
O governo chinês aderiu à convenção da ONU em 1998, quando o país estava interessado em entrar para a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Quinze anos depois, os intelectuais chineses citam declarações do futuro presidente Xi Jinping em defesa do Estado de Direito e promessas dos atuais dirigentes em fim de mandato de ratificar a convenção: "O presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao disseram várias vezes, na China e no exterior, que a China adotaria os procedimentos jurídicos para ratificar o pacto assim que possível, uma vez que as condições estejam reunidas".
Seu argumento central é que "os direitos humanos não são um produto de importação".
A carta aberta deveria ser publicada em 28 de março "num importante jornal chinês", revelou David Bandurski, do Projeto Mídia na China, do centro de estudos de mídia e jornalismo da Universidade de Hong Kong. Como "as autoridades descobriram tudo na segunda-feira à noite, os autores não tiveram alternativa, a não ser publicá-la", reportou o jornal francês Le Monde.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sexta-feira, 1 de março de 2013
Intelectuais chineses pedem respeito aos direitos humanos
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