O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ganhou hoje do presidente Shimon Peres mais duas semanas para formar um novo governo em Israel. Sua tarefa foi complicada por uma aliança inusitada entre dois partidos que tiveram bons resultados nas eleições parlamentares de 22 de janeiro de 2013 e querem manter os partidos religiosos longe do governo.
Grande surpresa das últimas eleições, o partido Yesh Atid (Existe Futuro), liderado pelo ex-apresentador de televisão Yair Lapid, elegeu 19 dos 120 deputados da Knesset, o parlamento israelense, e fez uma aliança supreendente com a Casa Judaica, direitista, que conquistou 12 cadeiras sob a liderança de Naftali Bennett.
Ambos seriam parceiros em potencial para a coligação linha-dura Likud-Beiteinu, de Netanyahu, que conta hoje com 31 deputados. Diante da resistência dos dois, o chefe de governo pode manter sua aliança com os partidos religiosos ultraortodoxos.
As novas estrelas da política de Israel querem acabar com os privilégios dos judeus ultraortodoxos. Por exemplo, como se dedicam a estudos religiosos, eles têm direito a isenção do serviço militar, obrigatório para todos os outros israelenses, e também não precisam prestar serviço civil.
O maior partido ultraortodoxo, Shas, que representa os judeus sefarditas, participa de quase todos os governos, de direita ou de esquerda, desde 1984. Sem seu apoio, Netanyahu ficaria mais fraco.
"Uma parcela inteira da população está sendo excluída", declarou David Shimron, um advogado do Likud nas negociações, citado pelo jornal The New York Times. "Não aceitamos boicotes e não vemos como será possível formar um governo nestas circunstâncias".
Até agora, a coligação Likud-Beiteinu só conseguiu o apoio do pequeno partido Hatnua (Movimento), liderado pela ex-ministra do Exterior Tzipi Livni, que exige a retomada das negociações de paz com os palestinos. Deve ser nomeada ministra da Justiça e negociadora oficial no processo de paz. Mas seu partido só tem seis votos na Knesset.
Logo depois das eleições, Netanyahu e Lapid tiveram uma breve aproximação que acabou quando o ex-apresentador de TV manifestou a intenção de substituir o atual chefe de governo daqui a um ano e meio.
Sem Lapid e a Casa Judaica, o primeiro-ministro precisaria do apoio dos 15 deputados do Partido Trabalhista, dos 11 do Shas e dos sete do partido religioso Judaísmo Unido da Torá, que representa os judeus ultraortodoxos askenazis, de origem europeia, para formar uma maioria de 70, comenta o jornal The Times of Israel.
Se Netanyahu não conseguir formar um novo governo até 16 de março, o presidente de Israel pode indicar outro político ou convocar novas eleições.
Uma pesquisa indica que Lapid seria o maior beneficiário da realização de novas eleições. Seu partido cresceria para 25 deputados e a coligação Likud-Beiteinu cairia para 31, deixando o ex-apresentador de TV mais perto do poder.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sábado, 2 de março de 2013
Presidente de Israel dá mais tempo para formar governo
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