Diante da ameaça de uma corrida aos bancos, os ministros das Finanças da União Europeia concordaram hoje em reduzir os impostos a serem cobrados dos depositantes de dinheiro no Chipre, um dos menores países do continente, em troca de uma ajuda internacional. A ideia é poupar a classe média para garantir a aprovação da proposta do parlamento cipriota. Os bancos do país ficarão fechados por dois dias.
Com base no acordo com a UE e o FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciado no domingo para salvar o sistema financeiro do país com uma ajuda de emergência de 10 bilhões de euros, as contas de até 100 mil euros pagarão 6,75% de imposto (ou confisco, dependendo do ponto de vista) e as acima disso 9,9%.
A medida inédita foi tomada inicialmente porque o Chipre, com produto interno bruto de 14 bilhões de euros por ano, tem depósitos bancários de 68 bilhões de euros. Seria uma das praças financeiras favoritas da máfia russa.
O problema é que viola o princípio de que os depósitos bancários em conta corrente devem ser protegidos. Se um acordo draconiano é imposto ao Chipre, que garantia tem os correntistas da Itália ou Espanha de que a Alemanha e outros países do Norte não vão impor a mesma exigência para lhes dar ajuda financeira?
Uma corrida aos bancos dos países da Zona do Euro em crise para sacar imediatamente todo o dinheiro seria mais um golpe na união monetária europeia. O maior risco para uma moeda é a perda de credibilidade.
As bolsas de valores caíram hoje no mundo inteiro por causa da pequena ilha ao sul da Turquia.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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