Mais de 60 pessoas morreram e outras 150 foram feridas por uma onda de atentados terroristas em Bagdá para marcar o décimo aniversário da invasão do Iraque pelos Estados Unidos para derrubar a ditadura de Saddam Hussein.
Pelo menos 10 carros-bomba foram detonados em ataques coordenados contra áreas de predominância xiita, inclusive em feiras de rua, pontos de ônibus e da chamada Zona Verde, onde ficam a sede do governo e as embaixadas estrangeiras, noticia a agência Reuters.
Além disso, um terrorista suicida se autodestruiu diante de uma delegacia de uma cidade xiita ao sul da capital e três bombas caseiras explodiram na cidade de Kirkuk, disputada entre árabes sunitas e curdos.
Nenhum grupo reivindicou a autoria dos atentados. Suas características apontam para o Estado Islâmico do Iraque, o braço da rede terrorista Al Caeda no Iraque, que não existia antes da queda de Saddam Hussein e tenta desestabilizar o governo do primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki.
A invasão do Iraque matou entre 160 mil e 200 mil pessoas, arrasou o país e já custou US$ 2 trilhões aos EUA entre custos direitos a indiretos. É um aniversário que os iraquianos preferem ignorar, observou o jornal The New York Times.
Pouco mais de duas semanas depois da invasão, em 9 de abril de 2003, Saddam caiu. Em 1º de maio, o então presidente americano George W. Bush declarou a "missão cumprida" a bordo de um porta-aviões, hoje considerada uma das mais ridículas e desastradas declarações de vitória.
Em vez da democracia prometida por Bush, houve o colapso do Estado, a destruição da infraestrutura e a divisão étnica do país, que parece incapaz de juntar seus cacos, comenta a televisão estatal britânica BBC.
A violência política chegou ao pico em 2006 e 2007. Quando o país estava à beira do abismo de uma guerra civil sectária entre sunitas e xiitas, Bush ordenou um reforço das tropas dos EUA. Conseguiu reduzir a violência, preparando o terreno para a retirada prometida pelo atual presidente, Barack Obama, durante a campanha eleitoral de 2008.
Mas, desde que os EUA retiraram as suas forças de operações de combate, em dezembro de 2011, há um recrudescimento da violência entre sunitas e xiitas, um declínio na situação econômica do Iraque e centenas de milhares de pessoas entraram no país para fugir da guerra civil na Síria.
Quando a democracia finalmente chegou ao mundo árabe com as revoltas na Tunísia, no Egito e na Líbia, uma possível intervenção militar estrangeira foi repudiada pelas populações locais por medo de que seus países virassem um novo Iraque, fragmentado e dividido como o Afeganistão e o Líbano estão até hoje. Depois de dois anos de guerra civil, a Síria segue pelo mesmo caminho de morte e destruição.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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